Chapter 3 - Escape.

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- E era isso que nos faziam…

- Então? Só vais contar isso?

- Yap. Eu não te conheço para te contar a minha vida… Mas tu. Tu podias contar a tua. Menina Desiree.

- Nunca.

Ele sorriu e desapareceu. Eu olhei para o relógio é eram 6am, hora perfeita.

Levantei-me e deixei um recado na mesa da cozinha.

Eu volto já.

 

Abri a porta e saí. Comecei a caminhar e conseguia ouvir sirenes a tocar no fundo da rua.

- SAÍAM TODOS DAQUI!

- Desiree… Tem calma.

- AHHHH!

- Por favor Desiree!

- AHHHHHHH!

- ESTA MIÚDA ESTÁ POSSUIDA! ESTÁ DOIDA! TEM CALMA!

- DEIXA-MEEEE! EU MATO-TE! EU MATO-TEEE!

- Sim… Sim, nós temos uma menina louca no orfanato. Por favor rápido. Ela matou a-…

- EU NÃO SOU MALUCA! – O sangue da mulher escorria-me pela boca.

Ela ajoelhou-se no chão e caiu. – Eu… Não sou… Maluca…

 

Senti uma dor forte de cabeça, eu não queria voltar a passar pelas sirenes. Policias. Enfermeiros. Comecei a ver tudo desfocado e senti os meus joelhos tocar no chão. Desiree não. Agora não podes ir. Pensei para mim. Ouvi a voz outra vez mas não consegui decifrar as palavras. As sirenes estavam cada vez mais próximas e eu lembrei-me. Ontem tive um ataque e não tomei nada. PORRA!

- Ah?! O que…?

- ELA ACORDOU!

- Mas o que? NÃO NÃO. POR FAVOR. NÃO POR FAVOR NÃO!

Os enfermeiros colocaram-se à minha volta agarrando-me os braços e as pernas. Eu virei-me para o lado e trinquei o braço da enfermeira.

- AHHHHHHHHHHHHH! – Ela gritou ao ver o sangue que lhe escorria pelo braço.

- ENFERMEIRA MARI!

Ninguém me largou mas pareceram assustados. Cuspi o pedaço de carne que tinha tirado da mulher para a cara de um dos enfermeiros.

- Harry?! Ajuda-me! Tira-me daqui!

Não chames por mim, ou queres parecer mais louca?

- EU NÃO SOU LOUCA! LARGUEM-ME! HARRY!

- Ela está pior. Vamos ter de a por no quarto da outra…

- NÃO NÃO! O QUARTO DA EVELYN NÃO POR FAVOR!

- É melhor…

Os enfermeiros falavam entre si enquanto eu gritava e me debatia. Eu olhava para os lados e podia ver crianças a chorar, adolescentes chocados, loucos a rir.

- EU NÃO PERTENÇO AQUI! EU NÃO SOU LOUCA! EU NÃO QUERO IR PARA O QUARTO DA EVELYN! PEÇO-VOS!

Os enfermeiros rapidamente me colocaram num colete-de-forças e me enfiaram no quarto da temida “Evelyn”. A história dela é mais trágica do que possam imaginar. Os pais dela vivam numa casa de madeira bem pequena. A mãe trabalhava e o pai tentava arranjar um emprego. O pai passado uns tempos ficou frustrado e deixou de procurar. Começou a beber para aliviar a dor. A mãe e o pai dela separaram-se quando ela tinha 5 anos. A mãe dela trabalhava o dia todo então a Evelyn tinha de correr os riscos sozinha. O pai dela violava-a várias vezes depois da separação. Ela passou por muito até um dia em que uns ladrões decidiram assaltar a casa enquanto a Evelyn estava a ser violada. Os ladrões viram aquilo e quiseram “juntar-se”. Ela acabou por matá-los um por um. Na altura ela tinha 5 anos e meio. Como os matou? Não sei. Ninguém sabe. Só se sabe que depois disso ela matou a mãe fazendo-a engolir pregos e colocando facas por todo o seu corpo. Fui empurrada para o quarto e a Evelyn estava num canto sentada virada para a parede. Eu cheguei a ver muita gente a entrar neste quarto e nunca mais sair. O quarto era exatamente como todos diziam. Todo branco, uma pequena cama no canto, as paredes eram almofadadas menos uma delas. O canto onde ela estava não era almofadado e estava… Sujo? Eu estava com o colete e tentei retirá-lo porque sabia que eu ia ter uma batalha. Eu sabia que se ela me atacasse ninguém me viria ajudar. Aquele lugar era o ringue e uma de nós sairia daqui morta.

Welcome to my reality. || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora