.sobre corações partidos e melhores amigos

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Aos seus dezesseis anos, Kevin Moon vivenciou a experiência de ter o seu primeiro amor. E acreditou que seria para sempre.

Kevin gostava de dizer que sua história com Jacob foi um clichê de filme romântico, conheceu o garoto no primeiro dia de aula na escola nova e, ao descobrir que este também havia vindo do Canadá, os dois tornaram-se inseparáveis. Em poucos meses, oficializaram o namoro. Poderia parecer pouco tempo para os outros, mas não para eles. Afinal, Kevin e Jacob não podiam perder tempo. Seu namoro durou do início do ensino médio até o segundo ano de faculdade do Moon. E, como um bom clichê de filme romântico, foram drasticamente separados.

Não houve traição, o amor entre ambos ainda existia, suas famílias toleravam o relacionamento, mas a faculdade e o trabalho de meio-período cansavam o mais novo e, por mais que não admitisse, o Bae sentia-se mais que insuficiente naquele namoro, passava o dia inteiro estudando para tentar entrar em alguma faculdade, mas já havia tentado duas vezes e não tinha conseguido. E, por mais que o namorado fizesse de tudo para bancar ambos em seu apartamento meia-boca nos subúrbios de Seul, Jacob sentia que era um fardo para o outro e nunca lhe daria alguma razão para ter orgulho de si. Talvez ter guardado tudo para si tenha sido a ruína de sua relação.

E, em uma noite quente de verão, em algum dia do mês de agosto, Kevin Moon teve a sua primeira decepção amorosa. E doeu como o inferno.

Havia chegado do trabalho, estava cansado e tudo o que queria é abraçar seu namorado e o encher de beijinhos até adormecerem. Estranhou quando chegou em casa e não viu Jacob lá, mas não se preocupou naquele momento, talvez ele tivesse saído com Changmin ou com Chanhee, então, apenas tomou um banho e colocou alguma comida gordurosa no microondas. Até que notou um envelope em cima da mesa, não demorando muito a associar a letra invejável à do namorado. O de cabelos ruivos, na época, franziu a testa quando conseguiu ler no envelope “to my moon”, algumas vezes, Jacob o chamava assim e, naquele momento, algo no íntimo de Kevin já sentia que tinha algo de errado.

E o baque veio de uma vez assim que leu a primeira linha da carta deixada para si.

Eu fui embora.

Ah, droga, eu não deveria começar uma carta desse jeito, deveria? Aparentemente, nem isso eu sei fazer direito, desculpe. Vou tentar mais uma vez.

Querido Kevin, eu fui embora, não por querer, mas por precisar. Vamos ser honestos, nosso namoro já não é mais um namoro faz muito tempo, mesmo que você pareça não notar, Kevin, vivemos mais como irmãos do que como namorados e eu me tornei um peso para você. Não trabalho ou faço faculdade e passo o dia inteiro dentro dessa casa, estudando para tentar entrar em uma faculdade. E eu nunca consigo. Já tentei uma vez, já tentei duas, de que adianta tentar três?

Você e eu sabemos o que está acontecendo. Nosso relacionamento não tem mais jeito, Moon, não adianta negar. Eu estou quebrado, meu amor e, pior que isso, eu estou me tornando tóxico para você e esse é o meu pior pesadelo. Já me vi diversas vezes imaginando situações em que eu agia de forma abusiva contigo e não posso deixar que isso se torne realidade, não posso permitir que sofra tanto por minha culpa.

Então, por agora, eu preciso ir. Eu preciso encontrar quem eu sou de verdade, preciso descobrir o que eu quero, passo tanto tempo estudando e agora já não sei mais o que eu quero fazer da minha vida, minha única certeza é o desejo que tenho de te ver feliz. Então, por favor, cuide de si mesmo e não se sobrecarregue, não fique igual a mim.

Não direi para onde vou porque não quero que me procure, sei que tentará me contatar, então, também deixei meu celular e as minhas chaves, porque também não quero voltar atrás.

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