Capítulo 1

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Angie

Por pouco, eu me desvio de um carrinho de compras e feito um furacão eu percorro a sessão de legumes enlatados do supermercado.

Isso automaticamente me faz derrubar algumas latas, e sem jeito eu volto a colocar no lugar, percebendo que as demais pessoas estão olhando para mim.

Com o cesto quase cheio em mãos, eu olho para o meu celular e me desespero. Seis e meia.
Caramba, eu não tenho tempo para cozinhar algo difícil Eu estava para jantar um hambúrguer até Freddie Boyce ligar dizendo que ele está vindo para jantar comigo essa noite.

Eu tiro às pressas o que eu vou precisar e o que eu não tenho certeza, então me dirijo ao caixa mais vazio, onde só vejo uma pessoa.

Paro logo atrás e examino as minhas compras enquanto repasso mentalmente a minha lista.

Por que será que eu sinto que eu estou esquecendo algo?

— Pode passar.

Ouço uma voz desconhecida, e levanto o rosto, oferecendo meus grandes olhos verdes.

No primeiro momento, eu penso que se trata de um homem, mas quando reparo bem percebo que não.

Ela está me encarando com um olhar gentil, tem cabelos loiros de um tom palha, é vários centímetros mais alta que eu, realmente grande, e está vestida com uma camisa xadrez vermelha que me lembra uma saia que eu tenho.

— Você não vai registrar? — pergunto já avançando com meu cesto.

— Vou, mas pode passar na frente, eu apenas não pareço tão apressada quanto você, e eu tenho muitas compras.

Que gentil!

Bem, mas ela realmente tem compras. Noto ao lançar o olhar para o carrinho ao lado dela que está quase despejando.

— Okay, obrigada.

Dirijo um sorriso à ela e começo a colocar minhas compras na esteira, permitindo que a moça do caixa registre e vá empacotando.

— Você deixou isso cair.

Me volto ao ouvir novamente aquela voz, e franzo o cenho ao ver a moça gentil me estendendo uma laranja.

Como?

Volto o olhar para minhas compras e assusto ao ver que o papel aderente rasgou e uma das minhas laranjas realmente desapareceu.

Poxa, na pressa eu nem vi caindo!

— Nossa, obrigada. — eu recebo e reponho junto as outras antes que a moça possa registrar tudo e me dar um preço. — Eu vou pagar com cartão. — digo ao abrir minha carteira.

— Angie... é esse seu nome?

A loira está falando, e eu olho para o cordão de ouro que tenho em meu pescoço, o único lugar óbvio onde ela pode estar lendo meu nome, e estendo o cartão para a caixeira, enquanto respondo:

— É. Sou Angelíque, mas me chamam de Angie.

— Isso me lembra do Rolling stones, eles têm uma música com o título Angie. — a ouço quando estou metendo o código do multicaixa, e faço uma careta.

— Eu não conheço essa música, nem tampouco quem são esses Rolling Stones.

Ela me olha boquiaberta assim que recebo a fatura. Nossa, ela parece mesmo um homem, mas eu não sou do tipo que se importa com isso, então não ligo.

— Você não conhece o Rolling Stones? De que mundo você é?

—Sr, quer dizer, Sra. por favor. — a moça do caixa diz para ela, que sem tirar os olhos castanhos de mim avança e começa a colocar as compras na plataforma.

— Do mesmo que você, eu suponho. — falo pegando meus sacos e viro, me dirigindo apressadamente à saída do supermercado.

Evan

Abro um sorriso à medida que vejo a ruiva angelical se afastando. Eu já estava vendo ela super atrapalhada pelo super-mercado, tão discreta quanto um elefante, mas agora que a vi de perto eu estou espantada.

Ela é linda. Não de uma forma escandalosa como agora parece comum, mas de uma forma reservada e natural. Enfim, eu me limito a passar minhas compras pelo registro, mas continuo a olhar para ela que se dirige à saída, onde é abordada por uma jovem vestida com um elegante uniforme de alguma loja e a atrai até o que eu acho que é uma perfumaria.

Eu já estou pagando as minhas compras, então logo pego minha fatura, meus sacos e vou na mesma direção. A perfumaria é toda aberta, com paredes e balcão de vidro, então sou vista pela vendedora assim que passo.

— Ai, eu não consigo me decidir. — Angie está dizendo, enquanto ela cheira um pequeno frasco de tampa rosa, e a moça automaticamente avança na minha direção.

— Vamos pedir opinião à sua amiga.

Amiga?

Eu faço uma careta, enquanto me pergunto se ela tirou essa conclusão por que viu a gente trocando algumas palavras no caixa, ou é só metida mesmo, mas realmente não me importo.

O anjo ruivo de nome Angie olha para mim e automaticamente vem, com dois frascos na mão.

— Se importa de dar sua opinião?

— Não. — digo rapidamente, e seu sorriso hipnotizante se alarga, enquanto ela me estende o perfume de tampa vermelha.

— Eu uso esse aqui ... — ela espera que eu encoste levemente a ponta do nariz na essência e depois mostra o de tampa rosa — ... e estou pensando em trocar por esse.

Oportunamente, eu pego na sua mão, encostando melhor o perfume nas minhas narinas e exalo antes de afastar.

— Qual deles cheira melhor? — ela está mordendo o rosado lábio inferior, e eu preciso de toda a concentração para não ter um pensamento indecente com esses lábios.

— Não troque. — vendo ela franzir o cenho, eu indico o de tampa rosa — Sério, esse cheira igual um chupa-chupa. — então me viro para a vendedora — Sem ofensa.

Ela ri dando de ombros, então olha para Angie esperando sua decisão. Eu faço mesmo. Eu realmente acho que o vermelho cheira melhor, algo como morangos e chocolate, feminino mas não vulgar, enquanto o rosa cheira à flores enjoativas.

— Eu vou ficar com o mesmo de sempre. — ela diz, para a minha satisfação, e quando ela sorri para mim eu sinto isso em meu estômago.

Cacete, ela é mesmo linda.

— Boa escolha. — eu sopro enquanto a vendedora pega a caixa e volta o excluído para a montra.

Espero enquanto ela faz o pagamento e então nos dirigimos juntas à saída.

À princípio, eu penso que tenho que andar lento para acompanhá-la, mas eu descubro que a pequena sabe marcar passos rápidos, até por que está ainda mais apressada agora.

— Obrigada pela ajuda, e por ceder sua vez no caixa. — me diz numa voz dócil, que junto ao seus olhos verdes me hipnotiza, mas olho para frente antes que eu tropesse.

— Disponha. Por quê tão apressada?

— Eu já deveria estar cozinhando. — sua voz é tão fina que pode soar infantil, eu me pergunto quantos anos ela deve ter à medida que prossegue — Meu pai vem jantar à minha casa. Isso não é muito comum, e ele não é uma pessoa fácil de agradar. Pelo menos, o estômago dele não.

— Entendo. Você está de carro? — eu pergunto enquanto a gente entra no parque onde estão estacionados os carros.

— Não, eu ainda vou pegar um taxi.

Coloco meus pesados sacos de compra numa só mão e tiro minhas chaves do bolso com a outra.

— Para onde você vai?

— Avenida St. Louis. — ela para, vendo que eu faço o mesmo, e olha para o Mercedes vermelho quando eu destranco.

— Eu também vou por esses lados, posso te levar. — falo abrindo o porta-malas e deposito minhas compras antes de bater a porta fechada.

— Deus, eu agradeceria imenso.

Sorrio de seu tom de alívio e abro a porta para ela.

Hands Of love [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora