Capítulo 23

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Angie

Mais uma vez, me encontro na sala de aula, mas não passo de um corpo vazio no meio de milhares. Pareço ter perdido um pouco a noção do tempo nos últimos dias, então não estou muito receptiva aos estímulos externos.

Minha mente está quebrada. Só penso em Evan. No nosso beijo, aqueles poucos segundos em que
eu me abri a todos os sentimentos que tenho inutilmente evitado. Eles parecem mais fortes agora. A cada manhã que nos cruzamos sem trocar uma só palavra, sinto como se parte de mim morresse.

Os sentimentos por ela me consumiram de tal maneira que, meus tempos livres são para chorar e pensar como dar um fim a tudo isso. Eu não voltei a ligá-la, e parece que estou mantendo meu orgulho, mas estou desmoronando por dentro.

Mas… e se eu apenas seguir meu coração? Por que é tão errado? Eu estou amando ela realmente, por quanto tempo mais posso fingir que não?

Por quanto tempo for preciso.

Uma vozinha dentro de mim responde, por que é o mais certo. Eu quero mandar tudo para o espaço e apenas ser feliz, mas muita coisa está em jogo. Minha família. Minha vida. Pelo menos, é o que parece.

Saio da última aula aliviada por poder ir para casa, e começo a caminhar pelo corredor como uma estranha na minha própria vida. Todo esse tumulto de jovens, as conversas e gargalhadas, me fazem sentir doente. Pareço estar perdendo minha motivação, minha paixão de viver. Será que estou entrando em depressão?

Estou considerando seriamente essa hipótese quando Maribeth aparece no meu campo de visão, com roupas coloridas e um sorriso de orelha em orelha.

— Hey, como foi sua defesa?

— Boa, e a sua? — minha voz sai mais fria do que realmente desejo.

— Demais, eu ganhei a nota máxima.

— Meus parabens. — digo sem emoção.

— Valeu. — ela finalmente para de rir — Então, ainda está chateada comigo?

Aperto os livros contra o peito e dou de ombros.

— Não sei, tu ainda achas que eu sou uma aberração?

— Anginha, eu não disse que você era uma aberração, eu só disse que… bem, que você não pode ser. Não precisava ter ido embora daquele jeito, sem me despedir.

— Eu achei melhor.

Ela semicerra os olhos para mim, mas não discote mais.

— Você não parece nada bem. Tem dormido direito? Tem comido?

— Eu acho que sim… — murmuro, desviando os olhos.

— Tudo isso é por causa dela? Você gosta tanto assim dela?

Volto meus olhos para ela, vendo sua careta. Eu quero dizer que sim, que não entendo como algo dessa dimensão pode ser errado, como a sociedade pode condenar pessoas que se amam apenas por que pertencem ao mesmo sexo, o que agora eu percebo que não é uma escolha. Mas reprimo o impulso.

— Podemos não falar disso?

— Ok, é melhor mesmo, vamos esquecer isso. — Maribeth suspira, como se tivesse tirado um grande peso dos ombros — Mas está tudo bem entre nós,
certo?

— Certo. — respondo cabisbaixa, e subitamente ela se empolga.

— Aí, o pessoal vai a um Clubinho mais tarde descontrair. Sabe, a malta toda. Você topa?

Estou negando com a cabeça antes mesmo de ela terminar de falar. Já fui algumas vezes nessa saída, e sempre me arrependi. Universitários indo a um Club noturno na sexta-feira é o típico.

Hands Of love [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora