Hands Of love [Romance Lésbico]

Capítulo 5

Angie

— Oi. Você trabalha aqui? — sua voz vacilante enche a loja. 

Eu me movo rapidamente para trás do balcão, evitando seus olhos, e paro trémula. Meu coração está batendo a mil, mas é só por que isso é inesperado.

— Sim. Em que posso ajudar? — tento soar firme, sem muito sucesso, e isso me irrita.

Essa é a adrenalina normal por estar diante de alguém que você não gosta? Eu espero que sim. Nunca detestei ninguém, então não sei.

— Eu quero um cartão de memória, o meu está dando erro… — ela diz, seus olhos sondando os ítens através do balcão de vidro entre nós.

— De quantos GB? — pergunto friamente.

— Pode ser esse de 36GB. — ela indica, e eu me afasto para obter um.

Eu não olho para ela quando o estendo, mas sinto seu olhar, e isso me deixa muito desconfortável.

— Mais alguma coisa?

— Penso que não. Eu nunca lembro tudo que tenho que comprar quando estou numa loja. — vejo ela sorrir, e volto a desviar os olhos — O que mais vocês vendem aqui que geralmente as pessoas compram com frequência? Talvez uma revista?

Ela está perguntando à mim? Viro a cabeça para ela, e quando me olha com uma sobrancelha levantada eu lhe dou um olhar de desprezo.

— Acho que você deve saber o que vai comprar quando entra numa loja.

Ela sorri baixando o rosto, e em seguida puxa sua carteira do bolso.

— Okay. Quanto fica minha conta? Eu vou pagar com o cartão.

Eu indico o preço estampado na vetrine bem na frente do seu nariz e puxo a máquina. Recebo o cartão e passo, deixando ela confirmar antes de obter nossas faturas.

Uma vez que eu estendo a sua, ela recebe com um sorriso raso.  

— Obrigada. — diz, antes de se virar e tirar sua presença desagradável da minha frente.

— É desse jeito que você trata meus clientes, Angie?

A voz estridente do Sr. Glads me atinge como um raio e eu estremeço da cabeça aos pés, enquanto me viro para enfrentar seu olhar.

Há quanto tempo ele está aqui? Eu me pergunto, e pela sua expressão posso deduzir que é tempo suficiente para me ver destratando Evan. Ele está puto da vida comigo, e isso me faz arregalar os olhos.

— Eu… — gaguejo, e começo imediatamente a explicar — Sr. Glads, eu conheço ela e a gente tem uma pequena desavença, mas…

— Não me importa se você tem desavenças com um cliente, isso é fora da minha loja, aqui você é uma vendedora, não amiga nem inimiga de ninguém. Você não pode ser fria, tampouco destratar quem quer que seja que atravesse essa porta, menina. Eu sempre digo, você tem que sugerir coisas, uma revista, um jornal. É assim que se trabalha. Você não fez isso, e para piorar tratou a moça como se ela fosse um animal, só faltou mandar ela embora.

Absorvo  seus  gritos  de  cabeça  baixa,  olhando  para  meus  pés.  Eu  acho  que ele  está  exagerando,  mas  é  prudente  não  responder.  Então,  quando  percebo  que  ele não vai continuar,  é que  eu  murmuro:

— Eu sei,  me  desculpe,  Sr. Glads,  isso  não volta  a  acontecer.

— Eu espero bem que não,  Angelíque.  Não  me faça  substituir você.