Capítulo 31

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Angie

Eu preciso fazer isso!

Aperto os olhos e punhos, juntando toda a coragem que consigo, uma vez que chego na porta.

É tarde de domingo, e estou sozinha, já que Evan foi assistir um campeonato de luta com seus amigos, e ela não poderia vir de qualquer forma. Ela nem concordou que eu viesse, já que é só o dia seguinte do almoço de mamãe, mas aqui estou, com o meu coração apertado.

Assim que toco a campainha, não demora muito para a empregada abrir. Não conheço seu nome, já que ela meio que é nova, mas ela sabe quem eu sou e sorri enquanto a gente se cumprimenta.

— Minha mãe está? — pergunto depois, com o coração na mão.

— Está sim, menina. Pode entrar.

Entro, seguindo-a pela antessala, franzindo o cenho quando não vejo ninguém, e tudo o que ouço é um silêncio morto.

— Onde está todo mundo? Charlene? Bob?

— Eles saíram com o menino Phil, foram dar um passeio.

— Ah! — exclamo, e então ouvimos passos.

Giro nervosamente em meus calcanhares e vejo meu padrasto no topo das escadas, vestido com um pijama velho e tendo um jornal debaixo do braço. Assim que me vê, seu rosto assume uma expressão de hostilidade e ele me encara com os olhos semicerrados.

— O que faz aqui, Angelíque?

Vejo que a empregada se retira, antes de voltar a erguer o olhar.

— Boa tarde, Craig. Vim falar com a minha mãe.

— É melhor não perturbar Olympia nesse momento. Não vou permitir que o faça! — avisa ele e desce as escadas, me olhando com desdém — O que você pretende? Não basta ter arruinado seu dia de aniversário?

Suspirando, olho para ele.

— Ela é minha mãe. Com todo o respeito, Craig, tu não tens o direito de me proibir de falar com ela, e eu vou subir queira você ou não.

— Como tu és prepotente, menina! — me sobreolha — Acha mesmo que Olympia quer vê-la? Você tem muita cara de pau para apenas vir aqui depois de tudo.

— Chame o que quiser, mas eu preciso falar com a minha mãe e não vou sair daqui até fazê-lo. — respondo com uma coragem tirada não sei de onde, mas perco todas as forças quando levanto o rosto e a vejo.

Mamãe está parada nas escadas, vestida com uma camisola azul de cetim e um robe igual que eu não conheço, seu cabelo solto e o rosto sem maquilhagem muito sério. Meu coração acelera, conforme as lembranças da discussão de ontem giram em torno da minha mente, e vejo Craig se desviar cruzando os braços, enquanto ela me alcança.

— O que você tem a dizer, Angelíque? Veio se desculpar?

— E-Eu vim me explicar. Eu sei que a senhora não quer me ver, mas e-eu não consigo deixar as coisas desse jeito. — digo, atropelando as palavras devido o nervosismo — Mamãe, eu juro que eu não escolhi nada disso, eu nunca escolheria magoar a senhora. A Evan… ela é a pessoa que me salvou outro dia quando minha casa foi invadida e eu quase fui esfaqueada. Ela salvou minha vida…

— E por isso você tem que se converter em lésbica e namorar com ela? Pelo amor de Deus, Angelíque! O que é isso? Que loucura é essa?

Seu grito ecoa por todo o cômodo, assim como na minha cabeça, produzindo ecos, mas juntando coragem respondo:

— Eu não sou lésbica, sou bissexual. E não me converti, eu me descobri.

— Cale a boca! — ela logo está se chacoalhando, exaltada — Nem mais uma palavra! Caso queira se redimir, pare com isso enquanto é tempo e busque o perdão de Deus, o meu perdão. Todo mundo erra, mas se você se arrepender pode ter uma segunda chance.

Hands Of love [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora