Capítulo 15

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Angie

Na semana seguinte, muita coisa mudou. Dizer que estou dando uma trégua à Evan é muito pouco. Ela não virou minha BFF, mas sem dúvidas ficamos mesmo amigas.

Eu já não a ignoro quando a gente se cruza, muito pelo contrário. Nos cumprimentamos e trocamos palavras além
das básicas. Trocamos nossos números de telefone, então estamos trocando mensagens, e uma ou duas vezes nos sentamos no alpendre para ver o pôr-so-sol.

Geralmente, falamos de música, filmes, programas de TV e notícias do mundo. Nós não temos muitos gostos em comum. Evan tem um gosto muito seleto, desde suas preferências musicais até sua obsessão por esportes, mas em relação a gastronomia partilhamos o vício por fast-food.

Com frequência, a gente envia mensagens para avisar uma a outra quando está passando algo interessante na radio ou na TV, e isso geralmente garante conversa até o dia seguinte.

Ela é uma pessoa legal, divertida, e a conversa entre nós tem
fluido com uma naturalidade assustadora.

Ficou confirmado que o cara que invadiu minha casa é um doente mental. Sua família entrou em contato querendo reparar os danos, assim como o Hospital Psiquiátrico que está enfrentando um processo pela negligência, mas eu neguei a indemnização, o que, quando contei à minha mãe, ganhei o rótulo de “estúpida”.

Com um suspiro, volto a descer meus olhos para o PC em meu colo e a corrigir o texto na tela. São cinco da tarde, e estou sentada em meu alpendre, com os fones de ouvido tocando “Angie”. Sim, Evan me fez dar uma segunda chance a música, assim como dei a ela, e quando eu dei por mim já não saía da minha cabeça.

Nem ela nem a música estão saindo, na verdade, mas não quero pensar muito a respeito.

Meu olho está melhorzinho e já não dói, apenas resta uma mancha levemente
roxa em formato de meia-lua abaixo do olho, que Maribeth me ensinou a disfarçar com maquilhagem.

O barulho de um motor se sobrepõe a música quando ela está terminando, e levanto os olhos para ver um carro estranho parando na casa de Evan, uma BMW azul. Intrigada, olho para o cara que desce, um jovem negro com uma juba cacheada, que rapidamente dá a volta e abre a outra porta.

Quando vejo Evan descer, meu coração para. Ela está vestida com uma calça azul que parece de treino e blusa preta, e minha atenção vai toda para seu pé esquerdo que está enfaixado e ela imediatamente está se apoiando no ombro do cara, uma expressão de dor em seu rosto enquanto manca com a ajuda dele.

Solto meu PC de lado e disparo até o terminal da minha cerca, fazendo com que eles me vejam, quando grito:

— O que aconteceu?

— Eu lesionei meu pé durante o treino. — Evan responde, e eu dou a volta imediatamente, até encontrá-los.

— É grave? — pergunto alarmada.

— Não.

Eu a encaro duvidosamente, e tenho a certeza que está mentindo quando examino devidamente o pé vermelho e inchado saindo da faixa.

— Parece grave, você foi ao hospital?

— Não precisa. Eu meto gelo e já passa.

Reviro os olhos para sua resposta, ao perceber que ela está me devolvendo exatamente o que eu disse outro dia sobre meu olho, e ela ri.

— Ah, Angie, esse é Fletcher, meu melhor aluno de Judo.

Reparo no garoto que ela está apresentando, esse que solta um sorriso tímido. Ele parece ter a minha idade, mas é quase tão alto quanto Evan. Seus olhos são de um castanho-chocolate, mesma cor da pele, e quando os lábios rosados sorriem mostram duas covinhas. Ele é lindo, mas isso não me provoca emoção nenhuma.

Hands Of love [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora