Angie
Na semana seguinte, muita coisa mudou. Dizer que estou dando uma trégua à Evan é muito pouco. Ela não virou minha BFF, mas sem dúvidas ficamos mesmo amigas.
Eu já não a ignoro quando a gente se cruza, muito pelo contrário. Nos cumprimentamos e trocamos palavras além
das básicas. Trocamos nossos números de telefone, então estamos trocando mensagens, e uma ou duas vezes nos sentamos no alpendre para ver o pôr-so-sol.Geralmente, falamos de música, filmes, programas de TV e notícias do mundo. Nós não temos muitos gostos em comum. Evan tem um gosto muito seleto, desde suas preferências musicais até sua obsessão por esportes, mas em relação a gastronomia partilhamos o vício por fast-food.
Com frequência, a gente envia mensagens para avisar uma a outra quando está passando algo interessante na radio ou na TV, e isso geralmente garante conversa até o dia seguinte.
Ela é uma pessoa legal, divertida, e a conversa entre nós tem
fluido com uma naturalidade assustadora.Ficou confirmado que o cara que invadiu minha casa é um doente mental. Sua família entrou em contato querendo reparar os danos, assim como o Hospital Psiquiátrico que está enfrentando um processo pela negligência, mas eu neguei a indemnização, o que, quando contei à minha mãe, ganhei o rótulo de “estúpida”.
Com um suspiro, volto a descer meus olhos para o PC em meu colo e a corrigir o texto na tela. São cinco da tarde, e estou sentada em meu alpendre, com os fones de ouvido tocando “Angie”. Sim, Evan me fez dar uma segunda chance a música, assim como dei a ela, e quando eu dei por mim já não saía da minha cabeça.
Nem ela nem a música estão saindo, na verdade, mas não quero pensar muito a respeito.
Meu olho está melhorzinho e já não dói, apenas resta uma mancha levemente
roxa em formato de meia-lua abaixo do olho, que Maribeth me ensinou a disfarçar com maquilhagem.O barulho de um motor se sobrepõe a música quando ela está terminando, e levanto os olhos para ver um carro estranho parando na casa de Evan, uma BMW azul. Intrigada, olho para o cara que desce, um jovem negro com uma juba cacheada, que rapidamente dá a volta e abre a outra porta.
Quando vejo Evan descer, meu coração para. Ela está vestida com uma calça azul que parece de treino e blusa preta, e minha atenção vai toda para seu pé esquerdo que está enfaixado e ela imediatamente está se apoiando no ombro do cara, uma expressão de dor em seu rosto enquanto manca com a ajuda dele.
Solto meu PC de lado e disparo até o terminal da minha cerca, fazendo com que eles me vejam, quando grito:
— O que aconteceu?
— Eu lesionei meu pé durante o treino. — Evan responde, e eu dou a volta imediatamente, até encontrá-los.
— É grave? — pergunto alarmada.
— Não.
Eu a encaro duvidosamente, e tenho a certeza que está mentindo quando examino devidamente o pé vermelho e inchado saindo da faixa.
— Parece grave, você foi ao hospital?
— Não precisa. Eu meto gelo e já passa.
Reviro os olhos para sua resposta, ao perceber que ela está me devolvendo exatamente o que eu disse outro dia sobre meu olho, e ela ri.
— Ah, Angie, esse é Fletcher, meu melhor aluno de Judo.
Reparo no garoto que ela está apresentando, esse que solta um sorriso tímido. Ele parece ter a minha idade, mas é quase tão alto quanto Evan. Seus olhos são de um castanho-chocolate, mesma cor da pele, e quando os lábios rosados sorriem mostram duas covinhas. Ele é lindo, mas isso não me provoca emoção nenhuma.
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Hands Of love [Romance Lésbico]
RomanceEvan Grayson estava encantada com sua nova vizinha, e apesar de estar numa relação, cada vez que aqueles olhos verdes olhavam para ela, seu coração batia mais depressa. Angie não era exatamente seu tipo de mulher, mas não podia ignorar a chama cresc...