Capítulo 28

1.8K 109 15
                                    

Angie

O som agudo de um gatinho a miar arranca-me do sono, e sonolenta olho para a porta do meu quarto, antes de pegar o telemóvel da banca.

São duas da manhã.

Bufando, afasto as cobertas e saio da cama. Abro a porta com má vontade, mas meu coração se derrete quando a criaturinha preta e peluda se enrola no meu pé. Pego-o no colo e dou um beijinho em sua cabeça.

— Oi, pequenino.

Ele mia suavemente, então o levo até a cama, como tenho feito nos últimos dias. Sim, Íris já deu luz, então eu já tenho o meu gatinho. Ele é todo pretinho, um aglomerado de pelos salpicados e olhos azuis. A coisa mais fofa que eu já vi na vida.

Dei-lhe o nome de Lupe, por nenhuma razão particular, quando Evan negou-se redondamente a tê-lo como chará, pois eu queria chamá-lo de Grayson, mas às vezes eu ainda o faço para provocá-la.

Assim que deito com ele, fecho os olhos, mas de repente ouço um barulho no banheiro, e meu coração acelera. Espera aí! Minha mente recapitula a noite passada, afastando a lerdeza do sono. É verdade, eu dormi com a Evan!

Ontem comemos cinco meses de namoro, e digamos que o meu pote de sorvete foi usado para fins pouco convencionais.

Com felicidade, cheiro minha camisola de dormir, e meu coração se aperta em alegria. Eu cheiro como Evan, seu novo perfume amadeirado, seu delicioso cheiro natural e algo como baunilha. Olho para o Lupe, que está bem quietinho, enrolado numa bola ao meu lado, então acaricio-lhe a cabecinha como ele gosta, e eu também.

Espero Evan sair do banheiro, pensativa. Nosso namoro tem sido incrível. Cinco meses parecem cinco dias, por que ela torna cada pequena coisa em grande. Ela é engraçada, carinhosa, protetora, e definitivamente quente. Nós falamos sobre qualquer assunto, sem tabus, e ela é muito inteligente. Ela é real. Completa.

Meus sentimentos estão claros como água. Encontrei o amor da minha vida, embora ele não seja convencional para a maioria das pessoas. Agora que tenho consciência disso, minha família me preocupa, mas eu tento não pensar muito a respeito por
enquanto. Uma coisa de cada vez.

Evan é tão especial e importante para mim que eu quero segurá-la com as duas mãos, apresentar à minha família, ao mundo, e colocar nela uma etiqueta que diz “Propriedade de Angelíque Boyce”, mas as coisas não são tão simples assim. Minha família não vai reagir bem, disso eu tenho certeza. Minha mãe vai surtar, vai me enternar numa psiquiatria ou me prender na igreja para uma sessão espírita de exorcismo pesado.

Arrepio só de pensar, e sinto um medo danado de nunca estar pronta para assumir Evan como ela merece. Às vezes, eu tolamente me pergunto se sou tão boa namorada quanto Arianna era para ela. Quer dizer, eu não me imagino conseguindo fazer Evan usar um vestido. No fim das contas, eu tenho medo de não ser boa o suficiente para ela. De ela merecer alguém melhor.

O barulho na porta a minha trás toma minha atenção e meu estômago vibra ansioso quando sinto Evan entrando na cama.

— Com quem você estava falando aí?

— Lupe. — ela me abraça apertado, e eu suspiro de felicidade — Eu não sei o que você esteve fazendo aí, mas você lavou suas mãos direito, Evan?

— Hey, é claro que eu lavei. — diz ela num tom indignado, antes de enfiar as mãos por baixo do meu camisolão, seus dedos gelados me fazendo soltar gritinhos e me contorcer. Então ela começa a me fazer cócegas, e eu gargalho histericamente.

— Para! Evan, para!

Ela para rindo, então eu sossego e ela me abraça de conchinha, sua mão alcançando a cabecinha do sonolento Lupe.

Hands Of love [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora