Lady Georgiana Howard era uma mulher destruída.
Durante os dois anos em que estava casada foi constantemente agredida, abusada e humilhada pelo marido, o cruel conde de Wolverhampton, Henry Howard. No fim de cada dia as frustrações do marido...
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Quando acordou, focou o olhar diretamente no teto com pinturas de flores e arabescos coloridos sob o fundo branco, porém pouco depois desvia o olhar e observa Darion, sentado numa poltrona perto da janela com o rosto pousado nas mãos. Tentou erguer a cabeça da almofada sem sucesso, sentia-se sem forças e com um calor sobre-humano, como se tivesse uma chama no seu rosto.
— Darion... — tentou chamá-lo, mas a sua voz saiu como o arranhar das garras de um gato sobre uma superfície lisa.
Mas foi o suficiente para ele erguer a cabeça de supetão e aproximar-se da cama apressado.
— Graças a Deus! Finalmente acordaste. — exclamou o duque segurando na sua mão, depositando lá um beijo demorado.
Tocou no rosto dela e depois na sua testa.
— Estás a arder em febre. — constatou suavemente. — Por onde é que andaste, Georgiana?
Georgiana soltou um suspiro cansado, não tinha força nem para falar quase.
— Henry... Bateu-me... Outra vez.
— Henry bateu-te? — inquiriu Darion e ela assentiu quase impercetivelmente.
De repente o silêncio recaiu sobre a divisão, Darion ergueu-se e caminhou até à janela com as mãos atrás das costas, e embora não visse o seu rosto, sabia que ele estava sério.
— Há quanto tempo?
Não respondeu na hora, e sentindo o seu ar confuso, o duque voltou-se para ela sem sombra de sorriso no seu rosto pálido.
— Há quanto tempo ele anda a bater-te? — repetiu, desta vez sucintamente.
Georgiana fechou os olhos e suspirou, demonstrando o quão delicado aquele assunto era.
— Desde que nos casamos. — proferiu quase num sussurro.
— Há dois anos?! — o choque e a ira eram nítidos no tom de voz do duque.
A lady apenas assentiu com os olhos fechados.
Não sabia o que doía mais, ser agredida ou falar no assunto, mas mesmo que dissesse a alguém o que passava com Henry, dificilmente alguém contornaria a situação. Tinha chegado a essa conclusão há muito tempo.
Tentou sentar-se na cama mas não conseguiu, devido a isso Darion ajudou-a com cuidado e com um toque carinhoso, algo característico dele.
— Porquê que não me disseste nada? — inquiriu com a voz suave.
Georgiana olhou-o enquanto segurava a vontade de chorar, e muito a alegrava saber que tinha alguém que se preocupava com ela e que estava disposto a ajudá-la.
— E do que adiantaria? Ele é o meu marido. — retorquiu quase num sussurro, deixando as lágrimas caírem.
— Eu arranjaria maneira de te ajudar. Faria qualquer coisa... Eu faço qualquer coisa por ti, Georgiana.