Capítulo 6 - Whitechapel

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Um par de olhos curiosos pescrutava as ruas sombrias com uma curiosidade e atenção desmedidas

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Um par de olhos curiosos pescrutava as ruas sombrias com uma curiosidade e atenção desmedidas. Considerava-se uma criatura da noite, era no meio da escuridão que se sentia ele mesmo, a luz da lua cheia era como o toque da lendária mão de Midas. Era no crepúsculo que gostava de atuar.

Ele sabia reconhecer os seus erros, mas não significava que estava arrependido, no fim das contas o crime compensa, pelo menos foi o que sempre ouviu dizer. Não teve os melhores exemplos de paternidade, no fim das contas o seu pai era um assassino contratado que morreu na forca, já a sua mãe era dona e gerente de um bordel em East End.

Cada um o empurrava para os seus negócios quando atingiu os dezasseis anos, o pai queria que ele continuasse a sua carreira e a mãe queria que ele se tornasse chulo, na parte do pai dedicou-se aos raptos e torturas, por parte da mãe aquilo que o atraía aos lupanares não eram os negócios e o dinheiro feito, mas sim as mulheres que lá trabalhavam. Umas bonequinhas com pele de porcelana, umas santas pecadoras que pareciam não fazer mal a uma mosca, mas com uma capacidade incrível de levar um homem a loucura assim como dotadas de um fabuloso talento para esvaziar bolsos.

Sempre cresceu nos bairros precários de Whitechapel e o crime era a sua única realidade, aquela que já tocou com as suas mãos. Enriqueceu de modo que muitos consideram duvidoso, mas olhando para ele ninguém diria que era um criminoso, o seu aspeto não o denunciava de modo algum.

Assim que juntou dinheiro rumou ao centro do distrito, comprou uma casa no Mayfair mas decidiu adquirir um casarão em Kent, e lá construiu o seu status de bom homem e galanteador gentleman, que encobria na perfeição o seu lado obscuro e cruel.

Marcus Smith saiu da carruagem em frente ao portão de uma quinta abandonada à saída de Whitechapel, aquela quinta trazia-lhe recordações, pelo simples facto de lá ter vivido até aos dezanove anos, altura em que a sua mãe morreu. Após esse acontecimento assumiu a responsabilidade do bordel, e uma coisa boa nisso é que não só ficava com parte dos lucros, como também podia usufruir dos serviços das meretrizes sem ter que pagar o que quer que seja pela sessão.

Ele era casado com Rose Caswell, podia não ser santo mas ela também não o era e tal como a maioria dos casamentos nos dias de hoje, o deles era de conveniência. A família Caswell aproveitou do status de Marcus para negociar um casamento entre eles, com vista a restaurar a dignidade da filha que se rompeu ao ser apanhada pelos pais a meio de relações sexuais com o próprio irmão. E aquela não havia sido a primeira vez que haviam suspeitas da prática de incesto entre Rose e Adam Caswell.

Marcus não recusou a proposta pois Rose era uma mulher bonita, e após a consumação do casamento soube o quão dotada ela era e percebia a sorte que o cunhado teve em usufruir de todo aquele pacote, mas após o casamento Rose e Adam nunca mais se viram.

A Rosa E A TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora