Darion não podia esquecer de dar um grande presente a Adelaide depois do que ela lhe contara. A informação que ela lhe deu era uma mina de ouro para o fim do seu noivado, e não podia estar mais feliz.
Por um lado estava feliz, mas haviam muitos fatores que o entristeciam, e todos estavam concentrados em Georgiana, e a distância que estava imposta entre ambos era o seu purgatório pessoal. E como se não bastasse, os médicos psiquiátricos disseram-lhe na última carta que o estado de saúde da mãe havia piorado substancialmente, e que agora evitavam tirá-la do quarto por questões de segurança. Colocaram Marion enclausurada pois a mesma tentou atacar outro paciente alegando que ele era um espião enviado para a matar.
Tanta coisa que o atormentava, e neste momento o abraço de Georgiana seria o ideal para o acalentar, mas estavam distanciados e ele não sabia se devia tentar reaproximar-se depois do que ela disse. Não a culpava, mas sentia-se magoado por tê-la amado tão intensamente naquela noite, para na manhã seguinte ela vir acabar com tudo.
A sua reclusão no escritório só mostrava a sua covardia como homem, mas ninguém o podia censurar tendo em conta como se sentia, abandonado por quem mais necessitava no momento. O seu corpo clamava por Georgiana, queria senti-la de novo, mas para ser rejeitado depois? Preferia que as coisas ficassem assim.
Georgiana também estava a passar pelas suas crises de tristeza, observava a porta do escritório de Darion procurando no seu interior algo que lhe dissesse se devia bater ou não, mas depois de minutos de deliberação decidiu que não o faria. Ele não a queria ver e estava no seu direito, no fim das contas destruiu as esperanças dele quanto ao amor que poderiam viver. Mas no seu caso, após a conversa com Adelaide à três dias atrás, sentia uma chama de esperança acender dentro de si, devolvendo-lhe a luz à sua mente e a coragem ao seu corpo, mas essa coragem diminuía de cada vez que o olhar gelado e magoado do duque caía sobre si, relembrando-a da estupidez que cometeu.
Não conseguia entender porque tinha que ser tão insegura e deixar que essa mesma insegurança afetasse os que mais ama, esse era a questão para a qual tentava encontrar resposta. Darion conseguiu invadir a sua mente de uma maneira surpreendente desde que está em Langworthy's House, amava-o já, mas depois disso o amor que sentia por ele cresceu de tal maneira que parecia querer rebentar o seu peito. Amaldiçoava a sua sorte por não a deixar ser feliz, será que por uma vez na vida poderia escolher o que queria? Poder decidiu o rumo da sua vida? Tudo é injusto consigo, e não havia nada que viesse a interceder por si.
Ainda estava de frente para a porta mas fitava o chão, tinha os olhos fechados e respirava fundo a tentar ganhar coragem. Encostou-se à parede em frente à porta e levantou a cabeça ainda com os olhos fechados, numa tentativa de acalmar o seu interior tumultuoso.
O que estás a fazer comigo Darion?
Sentia que já não era responsável por si mesma, pelos seus sentimentos e pensamentos. Muitas vezes são as pequenas loucuras que fazem a vida valer a pena, e se o que aconteceu entre si e Darion foi uma loucura, porque não vivê-la?
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A Rosa E A Tempestade
Ficción históricaLady Georgiana Howard era uma mulher destruída. Durante os dois anos em que estava casada foi constantemente agredida, abusada e humilhada pelo marido, o cruel conde de Wolverhampton, Henry Howard. No fim de cada dia as frustrações do marido...