Cheguei tarde em casa e não vi meu pai. Procurei ele por toda parte, mas acho que ele não queria ser encontrado.Entrei no meu quarto e comecei a estudar. Estava estudando física quando me peguei pensando de novo na minha mãe. Desviei meu olhar para estante de livros.
Lá estava ele, o grande livro meu e da minha mãe. Quando eu tinha 8 anos, eu e minha mãe fizemos um livro com as nossas fotos e memórias.
Segurei o livro em minhas mãos e comecei a chorar. A primeira foto era eu e ela, ambas com o rosto todo melado de macarrão.
Estava na última foto quando eu vi uma carta:
"Querida filha,
Hoje você deu seus primeiro passos. Você se parece tanto comigo, me pego pensando se vai ficar igual a mim.
Eu e seu pai tivemos nossa primeira briga, mas não se preocupe, vai ficar tudo certo.
Você sorri quando eu falo seu nome, sorri quando me vê, sorri quando eu te dou comida. Você sorri para tudo, acho que é um dom especial.
As vezes eu penso como pode caber tanto amor em você. Um ser tão pequeno, tão frágil, mas eu consigo ver a força no seu olhar.
Te desejo todo amor do mundo,
Katherine Ruster.
14321:
Eu senti um aperto e fui para cozinha. Comecei a prepar um chocolate quente.
Minha mãe sempre fazia, era um jeito que ela encontrava para me acalmar.
Olhei para a lua e meus olhos desceram para a pequena casa da árvore.
Eu construí aquela casa da árvore com meu vizinho, mas fazia anos que eu não ia para lá.
Andei até a casa da árvore, alisei a madeira e sorri. Eu e meu vizinho costumávamos ser a laranja e a casca.
Quando eu tinha 13 e ele 15 anos começamos a gostar um do outro, mais que apenas amigos. Entramos em acordo, que dizia que tínhamos que não podíamos sentir algo a mais. Manter as coisas sem ficar estranho foi complicado, por isso que paramos de se falar.
Subi as escadas de madeira com cuidado, pois não tinha o mesmo peso de quando tinha 13. Levantei a tampa de madeira que ficava encima da escada. Meus olhos conseguiram pecorrer todos os cantos, nada havia mudado em 2 anos.
Sentei em uma cadeira e peguei um livro para ler. Ouvi um barulho muito forte, como se alguém quisesse entrar. Fui para o canto e segurei o livro na minha mão, como forma de me defender, não a melhor.
A tampa de madeira levantou, e os olhos espantados de Josh viraram para mim:
- Rebeka? - Ele disse entrando na casa da árvore.
- Josh? - Tentei controlar o sorriso.
Ele correu para me abraçar.
-Quanto tempo!- Josh disse mexendo no seu cabelo loiro e sorrindo, diria que ele está envergonhado.
- Sim! e uau, como você mudou tanto?
- Eu que digo. Você até cresceu, mas seu rostinho de sapeca ainda existe.
Corei.
- Eu soube que a sua...- Ele estava demorando demais, então eu o interrompi.
- Sim, a minha mãe morreu. - Eu suspirei. Era a primeira vez que eu falava em voz alta.
Ele ficou mais envergonhado.
- E como você está?- Ele disse tentando quebrar o clima ruim que tinha ficado.
- Bem...um pouco. Ainda dói essa realidade, mas eu sei que eu vou superar.
-Eu sei. A Rebeka que eu conheço é muito forte.
Ele deu um sorriso maroto e se aproximou.
-Obrigada. Como você está?
- Bem. Sabe, eu nunca pensei que iria te ver de novo, já estava perdendo as esperanças.
- Sei... mas ainda acho que se estivesse com tanta vontade de me ver, iria até minha casa.
- Fiquei com medo. Fiquei com medo que nada fosse como antes, eu não conseguia para de gostar de você. Evitar você foi meu caminho. Eu me arrependi muito depois, porque pelo menos eu podia te ver antes. Pensei em ir na sua casa várias vezes, mas... o quê eu ia dizer depois de meses? "Me desculpa por ser um total babaca, enquanto você precisava de mim?". Você no mínimo ia fechar na minha cara.
- Não ia, mas que bom que você está aqui.
- E nunca mais vou sair. -Ele sorriu.
Fiquei com vergonha.
- Agora senta aqui e me conta sobre o quê você está lendo.-Ele disse apontando para o lado dele.
Sentei e no começo fiquei com vergonha, mas fui perdendo a vergonha e senti como o se estivesse no passado.Depois de um tempo, que eu nem percebi, eram horas:
- Tchau, meu pai precisa de mim. - Eu disse indo embora.
- Tchau . - Ele disse um sorriso bobo, o qual eu me recordava claramente.
Cheguei em casa e vi um monte de garrafa de vodka quebrada no chão. Olhei ao redor e encontrei meu pai aos prantos, jogando cada vez mais as garrafas no chão:
- Pai? - Digo com uma voz suave.
Ele não me responde, e com medo eu repito:
- Pai? - Digo me aproximando.
Suas mãos estavam encostadas no balcão e sua testa para baixo.
- Vá para o seu quarto agora! - Ele ordenou.
- Não. Eu posso te ajudar...- Ele me interrompeu.
- Não, nem você, nem esse monte de vodka vai me fazer parar de sentir essa dor.- ele falou baixo - você não pode me ver assim.
- Posso, eu estava assim por dentro. Nada é impossível.- Digo olhando nos seus olhos.
Ele se jogou em meus braços e se derramou em lágrimas. Esse era o segundo estágio , a querida negação.
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não se esqueça da estrelinha ( se vc gostou, óbvio)
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A cada veia
Teen FictionRebeka Lynt, uma garota de classe alta com pais perfeitos . Era o quê os outros diziam ao seu respeito . Não como "Rebeka Lynt, uma garota inteligente" , ou até mesmo " Rebeka Lynt, uma garota forte". Conhecida pelo seu dinheiro e pelo seus pais...