Capítulo 24-Vingança

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  Me virei e percebi que Felipe ria compulsivamente, enquanto o corpo de Dimitri se encontrava estirado no chão.

  Quando olhei ao redor vi que os demônios e caídos não estavam mais na sala.

  Todo meu corpo tremia de raiva e não era uma metáfora,eu tremia, literalmente, tanto que mal sabia como estava de pé.

  Natanael fez menção de ir até Felipe e acabar com ele por conta própria, mas foi,aparentemente,paralisado por algum dos truques de Felipe.

-Meu assunto vai ser resolvido com você, Andressa-ele disse e sorriu- nós dois.

  Andei até ele sabendo que estava suja de sangue,sem ter nenhum plano de como derrotá-lo,nem uma espada eu tinha mais.Andei lentamente sem me importar e sem pensar.Talvez eu morresse ali,mas morreria da mesma forma que Dimitri.Lutando.

-Como você acha que vai sair daqui?-ele perguntou-Afinal,nós dois sabemos que facilitei para você, mas isso não vai acontecer novamente.Não quero que me chamem de injusto, por isso nada dos meus amigos,mas também nada dos seus.

  Me virei e vi que estava sozinha com Felipe. Joseph, Natanael e Bianca haviam sumido junto com o corpo de Dimitri.

-Claro-ele continuou-Que você também precisa de uma arma.

  De repente senti o peso de uma espada em minha mão esquerda.

Passei a espada para a mão direita e apontei para ele,na direção de sua garganta.

-Ei,calminha ,garota-ele ria e levantava as mãos em sinal de rendição

  Tentei golpeá-lo,mas foi em vão porque ele sempre se esquivava.

  Aquilo parecia um jogo divertido para ele,que não parava de rir, enquanto eu só ficava mais cansada.

  Senti gotas de suor pela minha testa, escorrendo até as bochechas.

  De repente acertei um golpe perto de sua boca,então seu olhar não era mais divertido.

-Minha vez,garota.

  Então senti uma dor parecida com a que havia sentido quando tentei sair daquele lugar só que pior.

  Todas as partes do meu corpo doíam,inclusive minha cabeça, caí de joelhos novamente,mas dessa vez berrava alto,sem aguentar tanta dor.

-Peça pra parar-ele disse-Peça e eu paro.Paro e te mato rápido.

  Não respondi.Eu até podia estar gritando, mas implorar?Nunca,muito menos para ele.

-Nós sabemos que é uma questão de tempo. Peça e acabe logo com seu sofrimento.Peça.

-Não!-Consegui gemer

-Não devia ter vindo aqui.Não é capaz de me derrotar.

  Juntei todas as minhas forças para tentar me levantar. Tentei me manter de pé, mas caí  novamente.

-Você vai morrer como seu amigo e como todos os outros.Você é só uma garota.

  Quando ele falou isso levantei o rosto para encara-lo.

-Não. Sou.Só.Uma.Garota-comecei a ignorar a dor e consegui me pôr de pé, apesar da tremedeira-Eu.Sou.Uma.Escolhida.-falei pausadamente

  Ele gargalhou e bateu palmas.

  Meu corpo ficou quente como se eu pegasse fogo,uma ventania violenta tomou conta da sala, derrubando copos e garrafas de bebidas.Uma poltrona chegou a ser derrubada e Felipe substituiu  a expressão divertida por uma de preocupação.

  Antes que ele falasse alguma coisa comecei a falar coisas desconexas.Eu sabia seu significado,mas não como as pronunciava.Eu nunca havia falado nada em latim.

Pater Noster quio est in ceali

Santificetur nomen tuum

Adveniat regnun tuum

Fiat volunctas tua sicut in celo e in terra

Pane nostrae quotidianum danobis hodie

E dimite debita nostrae

Sicut noi debitamus pecatoribus nostrae

E ne nos inducas in tentazionen

Sed liberta nos a malo

Amem

  Eu estava recitando o Pai Nosso e enquanto falava cada palavra pude sentir o chão tremendo cada vez mais forte.

Em um certo momento o  chão teve uma rachadura enorme,que me separou de Felipe.

  Logo ele estava ilhado e ao olhar para as grandes rachaduras não consegui ver nada.Parecia que se caíssemos ali não teríamos um final bonito.Quebraríamos em vários pedaços.

  A parte do chão que abrigava Felipe estava cada vez menor e ele parecia desesperado.

-Isso não é o fim-ele parou para me olhar por um segundo e depois caiu em uma das rachaduras

  Não consegui ver onde ele estava.Aquilo era muito fundo.Lúcifer havia,novamente,me prometido que aquilo não tinha acabado,mas por ora eu estava tranquila.

  Pisquei os olhos e quando os abri estava na sala elegante junto de Joseph e os ourros,menos Felipe.

  O corpo de Dimitri continuava no chão e me senti aliviada quando Joseph me abraçou.

-Eu...-tentei começar a explicar,mas Joseph me impediu

-Nós vimos.Estávamos aqui.Uma parte daquilo era só uma alucinação que Lúcifer causou.

-Então eu não o derrotei?

-Essa parte foi verdade.Tudo o que você fez foi real-Natanael falou-Mas não conseguia nos ver e não podiamos te ajudar.

  Sorri satisfeita por ter me livrado de Felipe...ou Lúcifer, não sabia direito como chamá-lo.

  Então olhei para o corpo de Dimitri e a vontade de chorar me invadiu novamente.

-Precisamos ir-Natanael viu como eu estava e se antecipou

-Como saímos daqui?-perguntei aifa abraçada com Joseph

-Você decide.Simples assim-Joseph me largou e sorriu para mim-Afinal,você é uma Escolhida-ele falou ao lembrar do que eu havia dito para Felipe

  Me ajoelhei do lado de Dimitri e todos fizeram o mesmo.Iríamos para casa,mas antes disso iríamos fazer o enterro que Dimitri merecia.

  Todos precisávamos nos despedir dele.

Cinzas de AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora