POV Lauren
-COMO ASSIM? - Ally fala alto demais, o que faz Camz se remexer na cama.
-Fala baixo, Allyson! A Camz tá dormindo!
-Desculpa. Eu… Eu não fazia ideia, Laur.
-Ninguém sabia. - Digo simples e volto a dobrar algumas peças de roupas.
-Que…
-Ally, só deixa pra lá e não comenta com ninguém.
-A Mila sabe? - Murmuro uma negação. - Ela precisa saber, Laur.
-Ela vai saber quando tiver que saber.
-Mas…
-Ally, isso não está aberto a discussões! - Me viro para a baixinha, que me encara preocupada.
-Você vai ficar muito brava se eu disser que ouvi tudo? - Ouço a voz suave de Camz e a vejo sentada na cama.
-Essa é a hora que eu saio. - Ally se levanta. - Vou ver se o Gabs já acordou. - Atravessa a porta, nos deixando sozinhas.
-Há quanto tempo você tá acordada? - Pergunto, soltando a camiseta em minha sobre a poltrona e caminhando até a cama.
-Tempo o suficiente pra achar que você podia estar grávida. - Eu apenas concordo, olhando para o nada, sem saber o que dizer. Não queria que ela soubesse assim. - Muito brava? - Saio do meu transe e olho para ela, que me encara acanhada.
-Não, Camz. Você tá? - Ela me encara confusa. - Brava. Você tá brava comigo por não ter dito?
-Não, Lolo. Você ia me dizer quando estivesse pronta, tenho certeza. - Eu dou um sorriso pequeno e ela estica os braços para mim, me puxando para me acomodar no seu abraço. - -Quer conversar? - Tento pensar no que dizer, mas não preciso. Uma ânsia me ataca e sou obrigada a sair correndo para o banheiro.
Sinto as mãos de Camz segurando meus cabelos e acariciando minhas costas, enquanto eu coloco minhas tripas para fora. Quando eu consigo parar de colocar meus órgãos para fora, me levanto e vou até a pia, para escovar meus dentes novamente.
-Melhor? - Ela me pergunta sorrindo e eu aceno, nos guiando de volta para cama. Rapidamente, ela me puxa para os seus braços. - Quer conversar?
-Você não tá curiosa?
-Muito! - Eu sorrio com sua sinceridade. - Mas não quero te forçar. Eu percebi que você não tá bem pela sua voz com a Ally. - Eu respiro fundo, deixando que o ar preencha meus pulmões por completo e solto lentamente.
-Eu sempre quis ser mãe. - Eu começo e ela, ao notar que vou contar, respira fundo, sem deixar de acariciar meus cabelos. - Eu namorava a Keana na época, eu tinha 23 anos e decidimos começar uma família. Ela nunca quis engravidar, então eu que iria gerar o bebê. Fizemos tudo que precisava: exames, consultas, visitas ao banco de esperma, mais exames… Tudo estava ótimo e eu consegui engravidar. Apesar de querer espalhar para o mundo o que estávamos fazendo, preferimos manter em segredo, preparar tudo: quarto, roupas, decoração, brinquedos… Mas, com cerca de 12 ou 13 semanas, eu comecei a sangrar e… - Um bolo se forma na minha garganta e eu sou obrigada a parar de falar.
-Tudo bem, Lolo. Não precisa falar. - Ela me puxa mais contra ela, mostrando que está tudo bem.
-Eu… Quero, Camz. - Respiro fundo, antes de recomeçar. - Eu sofri um aborto espontâneo, tendo que passar por alguns procedimentos obrigatórios. Fiquei no hospital por dois dias e tive alta. Não precisava ser muito perceptivo para perceber que minha relação com ela tinha estremecido. A gente chorava muito, falava pouco. Como eu estava evitando as meninas, inventei que a gente tinha ido viajar de última hora e pronto: alguns dias sem ter que encontrar elas. - Pauso novamente, tentando me acalmar e dar tempo para ela digerir as informações, já que o pior ainda não tinha passado. - Acontece que, três dias depois ou até menos, não lembro direito, eu comecei com uma febre muito alta e uma dor abdominal muito forte. Já não chorávamos tanto, mas nos falávamos ainda menos. Ela me levou pro hospital, quando viu que minha febre e a dor não cediam. Quando fui analisada pelo médico e ele soube que eu havia sofrido um aborto recentemente, ele me encaminhou pra fazer alguns exames e descobriram que, quando fizeram a curetagem pra retirar o resto da placenta que ficou no meu útero, não tiraram tudo. Ficou um pouco ainda lá que passou despercebido pelo médico que fez a curetagem. Mas, esse pouco que ficou, acabou dando espaço pra uma bactéria, que me fez ter uma infecção no útero. - Solto um riso debochado. - Conclusão: eu tive que escolher entre perder a vida ou perder o útero. - Ela não diz nada, nem eu. Ficamos ali em silêncio e eu apenas deixo que ela assimile o que eu disse.
-E a sua ex?
-Ela terminou comigo.
-Por você não poder engravidar?
-Ela diz que não, mas foi. - Solto um riso ácido. - Pelo menos eu tive uma boa desculpa já que eu tava abatida e as meninas nem discutiram.
-E você não contou pra ninguém? - Nego.
-Eu não queria ninguém me olhando como a Ally olhou hoje, aquele olhar de pena, sabe?
-Não queria que você passasse por isso sozinha. Só posso imaginar o quanto doeu. - Eu não digo nada e logo sinto suas mãos delicadas puxando meu rosto para que ela possa me olhar. - Não chora, Lolo. - Ela passa os dedos calmamente pelas minhas bochechas e só então eu percebi que, em algum momento, eu comecei a chorar. - Você é a minha Mommy, mas nada me impede de cuidar de você também. - Ela sorri e gruda nossos lábios em um beijo suave, apenas um roçar de lábios.
-Eu te amo, Camz.
-E eu te amo, Lolo. Muito! - Ela fica em silêncio alguns segundos. - Mas agora eu quero saber o que tá fazendo você passar mal assim. Você comeu algo diferente?
-Não que eu saiba. Eu só tomei o iogurte na geladeira e depois umas torradas. - Ela me olha como se eu tivesse dito algo óbvio.
-O iogurte que você abriu há uma semana atrás?
-Não, Camz. Esse eu joguei fora faz tempo.
-E quando você abriu o iogurte que tava na geladeira? - Eu me preparo pra dizer, mas eu me lembro que eu não abri nenhum iogurte recentemente. Ela arqueia a sobrancelha quando nota minha cara de culpada. - Você tem que ir no médico.
-Não é nada demais. Daqui a pouco passa! - Ela ia dizer algo, mas corto ela. - Prometo que, se não melhorar, vou ao médico.
-Mesmo?
-Mesmo!
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-Mila, era pra você estar trabalhando, não?
-Então, a chefinha ficou brava e foi pra casa, então ela me dispensou.
-Brava com o que? - Pergunto.
-Eu tava procurando umas coisas no computador e achei uma pasta lotada de pornografia, aí ela mandou buscarem o computador e disse que tava puta demais e precisava trepar.
-Camz, olha a boca suja! - Ela percebe o que falou e murmura um “desculpa”.
-Mommy? Mila? - Ouço a voz do pequeno atrás de mim e me viro, vendo-o na porta, meio escondido, tendo somente metade de seu rosto. Estico minha mão em sua direção e ele vem até mim, pegando em minha mão timidamente. - Mila num vai bola?
-Não, príncipe. A Mila vai ficar com a gente.
-EBA! - Ele se joga contra Camz, abraçando-a. - Nenê ama Mila muitão.
-Só a Mila? - Pergunto, fingindo ciúmes.
-Calu qui naum, Mommy. Nenê ama a Mommy muitão assim! - Ele diz, esticando os braços o máximo que pode. Eu não resisto sua fofura e o abraço apertado, arrancando uma gargalhada.
-Só eu que não sou amada aqui. Tudo bem. Fazer o que? - Ally diz fazendo um drama. O pequeno olha preocupado em direção às Ally e se joga contra ela.
-Masi Nenê ama tia Ally muitão também.
-Mesmo? - Ela olha desconfiada para ele.
-Memu, tia Ally. Mommy dissi qui contá mintilinha é coisa de Nenê feio. E o Biel é um Nenê lindo! - Ele diz, seriamente, querendo que a baixinha acredite nele.
-Sua Mommy tá certinha. Só bebês feios que contam mentiras e você é lindão!
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LittleSpace
FanfictionLauren, 26 anos, é uma Mommy por natureza, à procura de sua Little Girl. Camila, tem 20 anos, forçada a amadurecer muito cedo, se encanta por Lauren, quase que imediatamente. Uma não conhece a história da outra, mas os instintos naturais são mais fo...