Seu corpo é o inferno onde eu quero queimar.
A vida de Helena muda drasticamente quando ela e seus pais sofrem um "acidente" e ela é a única que escapa. Então, ela se vê obrigada a morar com Keanu, o amigo próximo da família que a conhece desde pequ...
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No dia seguinte, resolvi sair para espairecer. Resolvi primeiro dar uma volta no parque, e aqui estou eu, observando as crianças brincarem num fim de tarde, uma em especial, cabelos longos assim como eu quando tinha a sua idade. Eu era sorridente e meu pai queria sempre me agradar, embora eu nunca pedisse mais do que o necessário. Protegida e amada, eles cuidavam de mim como se fosse um cristal a ponto de se despedaçar. Levantei do banco em que estava sentada e dirigi-me a sorveteria mais próxima. Os carros passavam rapidamente pelas ruas movimentadas, atravessei a rua e entrei na sorveteria que Keanu levava-me quando era pequena. Assim que pedi o sabor de sempre, e o mesmo foi posto em minhas mãos, saí do local vendo que já tinha escurecido, agora faróis altos machucavam os olhos das pessoas que passavam na rua. Comecei a andar sem rumo específico, achava que precisava de um tempo só, mas assim que vi casais passarem de mãos dadas e outros se beijando, logo senti falta de Keanu. Ele sempre é carinhoso comigo, exceto ao que refere-se as lições, sua alma jovem é contagiante. Meu coração apertou quando lembrei da sua mão entrelaçada na minha, do modo como ele olhava para mim e sorri como se não tivesse nenhuma preocupação.
Tá, mas por quê estou pensando tanto nele? A verdade é que eu sentia uma conexão inexplicável com ele, quanto mais longe estivesse, mas perto queria estar. Ele é como uma droga. De repente, surgiu uma enorme vontade de abraça-lo e sentir seu corpo no meu nessa noite fria. Desde a primeira vez que dormi na cama dele, Keanu sempre pedia-me para me aninhar a ele no meio da noite. Ele não me tratava como uma jovem que todos julgam ingênua e inconveniente, pelo contrário, sentia-me confiante e amada perto dele. A verdade é que... eu amo ele, meu Deus eu amo Keanu, e não como se ele fosse da minha família ou algo assim, eu realmente o amo... Mas queria que ele visse que exagerou nas lições, sendo que tudo o que queria era abraçar ele e beija-lo, porém, devo ser forte. Perdoa-lo facilmente só o faria cometer o mesmo erro novamente.
Ontem a noite não desci para jantar, e assim que abri a porta para tomar água, vi um prato de comida com um suco ao lado em frente à mesma, e mesmo estando cheia de fome, não toquei na refeição. Hoje só comi uma banana no café da manhã, e como ele é educado, não referiu uma palavra a mim, mas deixou claro por seus gestos que se arrependia de ter exagerado. Inspirei fundo o cheiro de chuva e entrei no carro e, para completar, quando liguei o som, estava tocando uma música romântica e meu coração apertou mais ainda. O cheiro dele impreguinava o carro. Após 10 minutos de saudade torturante, estacionei o carro na garagem. Apressei o passo e parei em frente à porta. O que vou fazer exatamente? Não posso baixar as rédeas assim! Comecei a andar de um lado para o outro no hall de entrada, até que a porta foi aberta.
- Helena? O que está fazendo aí no frio? Entra logo. - Ele puxou-me para dentro e tirou o casaco úmido que estava usando.
Observei-o nervosa. De repente, parecia que eu era apenas uma adolescente normal pela primeira vez a sós com o garoto que gostava, no caso, um homem bem mais velho. Fiquei olhando para ele um bom tempo, barba aparada, cabelos perfeitamente lisos, olhos brilhantes e lábios contraídos por estar confuso.
