26| Final

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Eu estava no inferno

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Eu estava no inferno.

Eu sorria para Mirela e espetava sua barriga com um garfo. Ao redor, o fogo crepitava e gritos de dor eram escutados.

- Filha, não faça isso com sua irmã. - Escutei a voz de meu pai e virei para encontrá-lo, mas não via ninguém, apenas fogo.

Soltei um grunhido assim que voltei a realidade. Fios estavam por todos os lados, no meu nariz, peito, braços, e numa tentativa desesperada, minhas mãos agiram por si só e começaram a arrancá-los.

- Ei, não faz isso. - Uma mão fria tocou a minha e olhei para o rosto do sujeito. No início estava tudo embaçado, mas assim que recuperei o foco, encarei o rosto de Keyan. - Oi! É bom ver que você ainda está viva.

- Tá bancando o mocinho agora? - Murmurei, mal humorada.

- Estou me esforçando. - Sorriu. - E é bom me agradecer. Mamãe está furiosa em saber que vim ver você.

- Bom pra ela. - Tentei sentar na cama, mas até meus fios de cabelo doeram.

- Deixa eu te ajudar. - Keyan ajeitou os travesseiros de um jeito que eu ficasse mais confortável. - Aliás, papai foi pegar um refrigerante na máquina do corredor. Ele só sai uma vez por dia, só para tomar um banho mesmo. No início eu não acreditei, mas ele te ama mesmo, madrasta...

- Só Helena, por favor. - O corrijo.

- Helena, ele chorou nos primeiros dias com medo de que você não acordasse. Nunca o vi tão triste! - Meu coração aqueceu em saber.

- Eu também o amo, Keyan. Muito mesmo, mas ele esconde muita coisa de mim, nossa relação está repleta de mentiras e isso me incomoda muito. - Desabafei.

- Mas não desista dele, lhe dê mais uma chance e converse sério com ele, você é importante, acho que ele moveria até montanhas por ti. - Ele gargalhou com um brilho nos olhos. Ficamos em silêncio por um tempo, até a curiosidade me inundar.

- Faz quanto tempo que estou aqui? - Perguntei.

- Uma semana e dois dias.

- O quê? - Me surpreendi.

- Helena? - Uma voz familiar fez meu coração bater forte e o bipe da máquina fez com que todos na sala o ouvisse.

Quando encontrei o olhar penetrante de Keanu, me arrepiei. E quando vi o sorriso radiante, toda a minha raiva se dissipou. Ele não esperou nem um pouco, apenas correu para os meus braços e me abraçou forte. Doeu, mas eu aguentei porque o momento era precioso.

- Eu pensei que você não acordaria mais! Que bom que você acordou. Meu Deus, eu te amo! - Olhei para os lindos olhos marejados dele e me emocionei também.

- Eu também te amo. E não deixaria você escapar tão fácil assim. - Brinquei. Após um tempo abraçados, comecei a interrogação. - Então, o que houve com Bóris? Por quê Mirela contratou Keyan? - Perguntei, com o estômago incomodado, talvez por lembrar daquela mulher.

- Ela o matou. O julgou incompetente por não fazer o que foi pago para fazer. - Keyan explicou.

- Isso te faz incompetente também. - Disse sem pensar. Ele apenas sorriu.

- Você sabia que ela era minha irmã? - Perguntei a Keanu, que agora estava sentado na cadeira branca ao meu lado.

- Não. Quer dizer, eu sabia que seu pai tinha uma outra filha, mas não fazia a mínima ideia de quem era. Acredite, quando a vi fiquei tão surpreso quanto você, só entendi a situação porque Keyan me contou tudo quando te trouxemos para o hospital. - Explicou.

- Você é forte. Estava completamente acabada, me admiro muito de te ver acordada. - Keyan sorriu.

- Você também não está essa Coca-Cola toda. - Sorri, olhando para o seu rosto com cicatrizes novas.

- Estou começando a gostar de você, tem senso de humor, madrasta. - Me provocou.

- Helena. - Disse, rabugenta. - Então, o que será de nós? Teremos paz agora?

- Eu queria te dizer que sim, mas nesse ramo ninguém alcança a paz. Mirela tinha seguidores leais em toda a máfia, e você não estará segura até eles estarem mortos. Mas enquanto eles não vêm, iremos administrar nossa empresa. - Keanu sorriu ao terminar de falar.

- Suponho que tenhamos um novo empregado. - Olhei para a cópia dele. - O que acha Keyan?

- É sério? Claro que quero! Poderei passar mais tempo com papai. - Abriu um sorriso contente.

- Ótimo, então. Já posso sair daqui? - Perguntei, me referindo a cama melancólica do hospital.

- Não até se recuperar. O médico fez alguns exames de sangue, talvez daqui a pouco ele traga os resultados. - Keanu disse, como sempre autoritário.

De repente uma ânsia de vômito subiu minha garganta. Keanu percebeu meu estado e foi rápido o bastante para pegar o lixeiro próximo a cama e me dar. Segurando o balde perto da cabeça, deixei tudo o que tinha sair, ou seja, só água. Então minha cabeça começou a girar atrás de uma explicação.

- Talvez seja resultado das porradas ainda. Desculpa, Helena. - Keyan pediu, mas eu ainda estava imersa nos meus pensamentos. Então, olhei de uma só vez para Keanu e ele entendeu a referência, arregalando os olhos.

- Não me recordo a última vez que tomei o anticoncepcional. - Sussurrei, mas alto o bastante para que eles ouvissem. Keyan enrijeceu e Keanu ficou perplexo apenas me encarando. Toda a nossa atenção foi para a porta quando a mesma abriu e um médico baixo entrou.

- Olá, senhorita Helena. Como está se sentindo? - Ele esperou minha resposta, mas eu ainda estava tentando lembrar a última vez que tinha tomado o anticoncepcional e relacionando com a última vez que transei com Keanu. - Espero que esteja bem. Então, eu trouxe o resultado dos seus exames. Você está bem e poderá sair em três dias, irei passar um remédio para dor. E, a notícia principal, que talvez os senhores não saibam: Você está grávida!

- O quê? - Keanu, eu e até mesmo Keyan gritamos. Comecei a me tremer.

- Sim, vocês serão pais. Meus parabéns! Seu estado continua estável. - O médico sorriu simpático.

- Há quanto tempo estou grávida? - Perguntei, e apesar de Keanu estar segurando minha mão, eu não evitava tremê-la.

- Duas semanas e 1 dia. - Ele sorriu após olhar na ficha. Olhei para Keanu com os olhos arregalados e ele se levantou em um pulo.

- Eu serei pai de novo! - Sorriu eufórico para Keyan.

- Eu terei um irmão! - Seu filho, agora mais velho, gritou abraçando o pai.

Eu não estou preparada para ser mãe!

Eu não estou preparada para ser mãe!

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Fuck Me, DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora