Nós três

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Continuação

Itacuruça
Janeiro, 2020

Tinha sido um dia perfeito de verão ao lado daqueles que sempre torceram por eles, regado a muita música, gargalhadas e muito, muito amor. O sorriso não saiu do rosto dos dois em nenhum momento sequer. Mesmo na hora dos votos, em meio a algumas lágrimas, ele permaneceu lá.

A lua já estava alta quando os primeiros convidados começaram a ir embora. Agatha estava mais exausta que o normal, por motivo ainda desconhecido de todos, com excessão de Yanna, mas insistia em permanecer na festa até o último segundo. Queria aproveitar cada segundo daqueles momentos.

Rodrigo tinha sido a alma do dia, e da festa, como sempre. Sua felicidade e constante animação tinha contagiado todos. Em um dos raros momentos em que parou sentado, viu sua mãe se aproximar. Ana estava quase mais realizada do que os noivos.

"Filho!" Ela chamou, sentando ao lado dele. "Eu já vou, Felipe e Mari vão me dar uma carona."

"Tem certeza que não quer passar a noite aqui?" Ele sugeriu.

"E atrapalhar a noite dos recém casados? De jeito nenhum." Ana riu, e Rodrigo riu com ela. Sempre foram muito apegados.

"Obrigado, mãe." Ele falou, em uma voz mais baixa, pegando a mão da mãe na sua e depositando um beijo terno. "Por tudo."

"Ai, meu filho, vai me fazer chorar pela milésima vez no dia." Ana respondeu com um sorriso sincero, os olhos marejados. "Eu estou muito, muito feliz por você. Sempre soube que era ela, antes de você mesmo saber."

Ambos voltaram os olhos para Agatha, que gargalhava junto com as cunhadas e algumas amigas no outro canto da festa. O sorriso de Rodrigo se iluminou ainda mais ao vê-la rindo. Sua esposa.

"Sempre foi ela."

Ana olhou o sorriso do filho e seu coração se encheu ainda mais de alegria. Estava entregando seu menino para a pessoa certa. Ninguém o faria mais feliz do que Agatha.

"Boa noite, meu amor." Despediu-se, beijando o cabelo do moreno.

"Boa noite, mãe." Rodrigo respondeu, sorrindo para a ela, e voltou a admirar a mulher à quem tinha prometido uma eternidade algumas horas atrás.

Não demorou muito para que todos fossem embora. Já era tarde e a maioria voltaria para o Rio de Janeiro. Após se despedir dos últimos convidados, Rodrigo voltou para onde a festa tinha acontecido.

Avistou Agatha sentada em uma cadeira, a cabeça recostada no encosto. Tinha os olhos fechados, alguns fios de cabelo fora do lugar, e apesar do cansaço que aparentava, ainda era a coisa mais linda que ele já tinha visto na vida.

"Será que posso dançar com minha esposa?" Ele perguntou, lhe arrancando um sorriso ainda de olhos fechados.

Esposa.

Ainda era estranho ser chamada assim. Mas era um estranho bom, que lhe trazia felicidade. Lembrou que logo, além de esposa, também seria chamada de mãe. Mãe de um filho dele. Meu Deus como o mundo dava voltas. A idéia ainda lhe assustava mas, ao mesmo tempo, lhe preenchia de um amor e uma fé na vida que jamais pensou sentir.

Abriu os olhos para encará-lo. Rodrigo era o retrato da felicidade, tinha um sorriso bobo no rosto. Aquele sorriso que ela sabia que era só para ela. Os cabelos, agora um pouco mais compridos, como na época em que tudo tinha começado, estavam bagunçados, a camisa branca tinha alguns botões abertos.

Quase se emocionou ao pensar que ele estava prestes a receber a notícia mais linda de sua vida. Pelo menos ela esperava que fosse. Segurou as lágrimas e aceitou a mão que estava estendida para ela.

Momentos de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora