Estou a fazer figas, literalmente, para que não me aconteça nada...
Fizemos os nossos pedidos e o Josh começou a conversa:
- Gostas aqui do ambiente?
Torci o nariz, acho que ele percebe o que eu quero dizer...
- Pois... Eu percebo, isto aqui não é para toda a gente - ele sorri.
- Gostava de saber. Quem é a tua mãe?
- Hm... Desculpa, mas eu não gosto de falar sobre isso, especialmente em lugares públicos.
- Desculpa eu... - sinto-me mal, provavelmente a mãe dele abandonou-o quando o seu marido morreu ou assim. Por um lado até tenho alguma sorte em ter a mãe que tenho. Continuo - Eu sei que só me conheces há pouco tempo e que só estiveste comigo, e estás neste momento, por uma questão de boa educação e agradeço muito.
- De todo! Eu adoro a tua companhia. Sei que só nós conhecemos há pouco tempo, mas eu gosto muito de estar contigo. A forma como tu te abres para mim...
Afinal é um violador! Tenho de sair daqui, agora!
- Desculpa-me, eu preciso de ir ali à casa de banho...
- Vai, vai.
Levanto-me da minha cadeira e ando em direção à casa de banho, que fica exatamente do lado oposto da entrada.
Abro a porta e empurro-a. Fecho e tranco a porta. Vejo que esta casa-de-banho tem uma pequena janela, por onde consigo sair.
Subo para a sanita, ponho os pés no tampo e estico-me, de modo a alcançar a janela. Agora, até me sinto feliz por ser ginasta, ou por ter sido, porque tenho imensa elasticidade, o que me vai facilitar muito mais a saída deste cubículo.
As minhas mãos agarram a depressão que foi feita para pôr o vidro. Puxo-me para cima, apenas com a força dos meus braços e passo uma perna para o lado de lá da abertura. Agora tenho um pé dentro e um fora deste restaurante horrível.
- Diana? - ouço o Josh a perguntar, do lado de fora da porta.
- Sim...? - tento com que a minha voz pareça o mais normal possível, para não se perceber que estou numa operação de fuga.
- A comida chegou.
- Ok, vou já sair.
Vou já sair de ao pé de ti! penso.
Este rapaz começa a assustar-me, ele é mesmo fora do normal... Ou ao menos dá essa impressão às pessoas.
O meu pé esquerdo faz companhia ao direito do lado de fora do edifício e atiro-me para o chão.
Agora que penso bem, não sei onde estou e muito menos para onde devo ir. Mas acabo por concluir que tudo é melhor do que estar aqui com este Demétrio, este ucraniano, este violador, este assassino. Acho que nunca tive tanto medo em toda a minha vida.
Começo a andar e, quando dou por mim, estou à porta do restaurante, de costas claro. Não paro de andar, mas, mesmo assim, uma mão alcança a minha: Josh.
Viro-me para ele e ele pergunta:
- Há algum problema? Nem dei por ti a sair da casa de banho, muito menos a passar pela mesa e a sair pela porta da frente...
- Está tudo bem, só quero ir ter com a minha mãe.
- Mas ela não está chateada contigo?
- Sim, deve estar, mas é preferível estar com ela do que estar aqui contigo - quase que desejo retirar as palavras que disse, porque nenhuma das minhas teorias maquiavélicas está provada, mas mesmo assim não as retiro.
- Mas o que é que tu tens? Eu só te ia pagar o almoço! Eu estive contigo quando choraste lembras-te? Eu vim aqui contigo porque pensei que estivesses com fome...
Sinto-me tão estúpida... Eu planeei um elaboradissímo plano de fuga para nada, quer dizer, até estou feliz por saber que não estou na companhia de um assassino, mas estava a sentir tanta adrenalina... Adrenalina essa que passou para a empregada Maia, que está em cima de uma mesa a fazer um dos seus "serviços especiais"... Agora até desejo não ter olhado lá para dentro...
O Josh olha para trás, pois percebeu que eu estava a ver alguma coisa fora do normal.
- Hm... Desculpa isto. Eu... Eu vou lá falar com ela.
O Josh afasta-se e até fico feliz por isso, preciso de apanhar um bocadinho de ar. Deito-me de barriga para cima e observo as nuvens.
Há umas com formas tão estranhas... Nos filmes, as personagens vêem sempre tantas formas, como ovelhas ou corações, quando se trata de um casal apaixonado. Eu não vejo nada, só manchas brancas...
Talvez seja esse o problema, a minha vida é uma mancha branca.
*
JenniferPOV
- Estou? ... Olá, Diana! ... Tudo bem? ... Mas o que é que se passa? ... Mas tu estás bem? ... E ele...? ... A sério?? Fico tão feliz por ti! ... Hm, hm... Isso é mesmo bom! Como é que vais fazer agora?... Fazes bem... Não tens dinheiro para uma casa pois não? ... Pois... Ela vai atrás de ti, tenho a certeza... Hm, hm... Volta para o pé dela. A Rachel deve estar preocupada! Eu acho que devias... Sim! Ok... Beijinhos!
A Diana contou à mãe dela que não quer ser ginasta! Estou tão orgulhosa dela...
Aplico a maquilhagem e saio da casa de banho.
* Sam Claflin: Estou a chegar bb *
Respondo-lhe com um "ok" e desço no elevador. Nova Iorque é realmente uma cidade grande, não conheço ninguém que vive no meu prédio, os empregados do Starbucks não são muito de conversas, por isso não sei nada sobre eles. Os clientes do estabelecimento são iguais. Nesta cidade, as pessoas não comunicam, o que é bastante estranho para mim, porque eu sou daquelas pessoas que não consegue parar de falar. Vai ser um hábito que tenho que perder. Mais um...
Avisto o Sam. Está bonito como sempre, com a t-shirt preta do costume e com umas calças de ganga clara.
Outra coisa que tive que aprender nesta cidade é que andar a pé é a opção mais fácil para curtas deslocações porque arranjar lugar para estacionar é simplesmente impossível em Nova Iorque.
- Olá! - cumprimento.
- Olá! Tudo bem? - ele pergunta.
Junto-me a ele na caminhada. A mão dele encontra-se na minha cintura e eu sorrio com o gesto dele. São estes pequenos gestos que me fazem gostar tanto do Ian.
- Estou ótima.
Conto-lhe as novidades da Diana e ele parece ficar feliz. Ele percebe-me e é por isso que eu o amo tanto.
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Diana Mars
Teen Fiction➰ Com tempo, tudo se cura ➰ ➰ Mais vale perder um minuto na vida, do que perder a vida num minuto ➰ { Portuguese Fanfic }