14 || Queda Livre

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Os nossos lábios separam-se e, ainda com as caras muito próximas, sinto a respiração quente dele, contra a minha pele. Os nossos olhos concentram-se um no outro e o Liam sorri. Sorrio também - a tristeza que sentia evaporou-se.

Ele começa a dar pequenas gargalhadas, que a inicio não percebi muito bem a que se deviam, mas logo percebi que se estava a rir do próprio ato.

Começo a rir também e antes que me aperceba, estamos a rir às gargalhadas no meio da sala de espera.

Afastamos as nossas caras e pouso a cabeça no ombro dele, o Liam passa o braço por trás da minha cadeira e apoia a mão no meu ombro.

Sorrio com o gesto - não estou muito habituada a ter namorado...

Espera... Para tudo! Eu namoro com o Liam? Ou o que se passou não passa de um mal entendido?

Começo a ficar nervosa... Não lhe quero perguntar, porque se não formos vou pô-lo numa situação desagradável...

Olho para a frente e tento pensar noutra coisa, mas sinceramente, tenho medo de o fazer porque posso pôr-me a pensar na razão de aqui ter vindo.

Estou a contar ao Liam as minhas aventuras com o Josh (sempre com boa disposição), quando oiço o meu nome ser chamado por um enfermeiro que acaba de entrar na sala de espera.

- Sou eu - respondo. Tenho que admitir que estou nervosa... Talvez seja para me dar alguma novidade sobre a minha mãe... E se assim o for, só espero que digam que ela pode vir para casa.

O Liam levanta-se e fica ao meu lado.

Sinto a sua mão entrar dentro da minha e logo a partir daqui, sinto-me mais forte e pronta para o que tenho de ouvir.

- A sua mãe está em fase terminal.

A sua mãe está em fase terminal. Esta frase fica a martelar contra as paredes do meu cérebro, sem que a consiga processar. Tento palavra por palavra, tento a frase inteira, tento agrupar as palavras em grupos de dois, tento separar a frase em duas partes, mas nunca faz sentido. A minha mãe com "fase" e com "terminal" numa só frase, não faz sentido, não soa bem e talvez tenha sido está a razão pela qual não consegui entender a frase.

A sua mãe está em fase terminal. A frase repete-se uma última vez na minha cabeça.

De repente, começo a ver tudo andar à roda, desiquilibro-me e sinto-me cair no chão, apesar de já não ver nada.

Ouço o Liam chamar por uma enfermeira e a partir deste momento perco os sentidos.

Até tenho que admitir que estar morta, por segundos que me pareçam, até é agradável... Não preciso de me preocupar com nada, apenas eu e eu...

Acordo numa cama que não é minha.

Tenho a visão desfocada, quando abro os olhos, mas mesmo assim consigo perceber onde estou - num quarto de hospital.

Ouço alguém bater à porta do quarto onde fui deixada sozinha.

Nem respondo da falta de energia que tenho, mas o indivíduo entra na mesma.

- Ah... Era só para ver se a menina já tinha acordado! - exclama um médico, muito energético (a comparar com a energia que tenho).

Apesar da ausência da minha resposta, o homem continuou:

- Estava aqui à porta um rapaz que disse que se chamava Liam e que era seu amigo...

O meu coração cai, quando oiço a palavra "amigo".

Tão pouca energia que sinto, a somar com a tristeza que senti, fizeram-me desmaiar de novo - sinceramente, não me espantei muito...

Volto a ver tudo preto, sinto-me cair, como que em queda livre.

Perco os sentidos e desligo-me do mundo, mais uma vez.

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⏰ Last updated: Nov 03, 2014 ⏰

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Diana MarsWhere stories live. Discover now