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A história é dividida entre uma narração e os pensamentos de Dylan. Frases marcadas com 《》 expressam os pensamentos do rapaz.
Frases com ~ expressam o pensamento de Liz.*


- Liz, você tá melhor?
- Sim Dylan, vão me deixar voltar pra casa hoje.
- Vai ficar sobre meus cuidados. E os de Dylan e Wade.
- Se precisar, até da polícia.
- Eu não vou fazer de novo...
- Elizabeth. Eu amo você e preciso ser sincero. Pare de criar teorias da conspiração sobre o que está acontecendo ou o que ja aconteceu. Você só vai fazer mal a si mesma se continuar agindo assim.

E mais uma vez, um telefonema os interrompe.

- Dylan fica com ela. - Sussurrante - É da polícia.

- Charles, sou eu, Patricia.
- Oi... Alguma novidade para mim?
- Shelley estava conversando com um rapaz ha alguns meses. Ele se identificava como Erick. Tentamos o rastrear mas depois de seu assassinato, não ha mais registro algum dele pela internet.
- Então você quer dizer que...
- Eles iriam se encontrar aquela noite, vemos suas conversas, ela estava pensando em ter algo sério com ele. Ele é o maior suspeito do assassinato mas como disse, ele não pode ser rastreado.
- Como não pode ser rastreado? Esse cara só pode ser um maníaco que está solto por aí.
- Todas as contas que ele usava para se comunicar com ela foram deletadas, supostamente, ele usava algum sistema avançado de criptografia. Infelizmente, não conseguiremos rastrea-lo.
- E o que eu digo para Liz?
- A verdade. Quando obtiver mais informações sobre Martha, retorno a ligar.
- Tudo bem. Obrigada Patrícia.

- Charles não sei se reparou mas, a enfermeira acaba de me liberar.
- Estava falando com Patrícia, ao menos o percebi chegar.
- Ela disse algo sobre Shelley? E Martha?
- Dylan, parece que Shelley tinha um namorado virtual que era um psicopata. O resto vocês podem imaginar. E isso é só mais uma prova que você tem que parar com essas teorias sem sentido Elizabeth.
- Eu ja disse que eu vou parar. Coincidências acontecem e essas duas mortes foram apenas coincidências. Ja aceitei.

Quão constrangedor pode ser o silêncio entre pessoas que tem algo a dizer? Seja ele no caminho para a casa. Seja no caminho para a porta. Ter algo a dizer e algo a esconder podem dilacerar uma alma despreparada.

- Eu vou pro meu quarto.
- Não antes de me entregar a chave.
- Oi? Eu não vou te dar a chave do meu quarto.
- Elizabeth eu não estou pedindo. Você não vai ficar naquele quarto trancada e sozinha.
- Eu ja disse que eu vou parar. Por que não acredita em mim?
- Eu acredito em você mas não vou correr o risco. Ou acha que não sei que ligou para cá enquanto estava no hospital para mandarem concertar a fechadura que quebrei quando invadi seu quarto e pior, mandou continuar com a mesma chave. Elizabeth, você só sobe depois que me entregar essa chave.
- Se é o que tanto quer querido titio Charlie, engole.

《Acho que alguém se irritou mesmo. Deu passos tão pesados que seria capaz de derrubar a casa com tamanha raiva.》

- Acho que eu vou falar com ela.
- Dylan você fica. Ela nunca teve um pai presente, alguém que a colocasse limites. Não aguenta ser contrariada e a vida não é assim. Ela ja passou por tanta coisa, não pode simplesmente dar uma de menina mimada agora. Ela tem que ser firme.

《Tudo o que eu queria era um tempo sozinho com ela...》

Conforme o tempo passa e a noite chega, a casa fica silenciosa. Escura.

Belo momento para o singelo mordomo andar pela casa. Ir para o bosque de altas árvores que é vizinho da casa.
A solidão é mais ambígua do que se pensa.

- Olá senhor Dempsey.

Quem estava de costas, se vira.

- Oi? O que quer a ess...

Um machado. Ao centro do crânio. Uma verdadeira cena de terror.

- Adeus senhor Dempsey.

O falecido corpo cai com força. Com restos espalhados pela viva grama que o cercava.

  - Bom dia, Dylan. Ela ainda está la em cima?
- Bom dia, Charles. Está sim, a enfermeira disse que os remédios poderiam dar um pouco de sono. Quer que eu vá chama-la?
- Wade ja deve ter ido. Ele o faz todos os dias.
- Você fez o café da manhã?
- Confesso que acordei um pouco mais cedo para tal ato. Sem Martha e Shelley aqui, alguém tem que fazer algo. Acho que fui muito bruto com a Elizabeth ontem. Queria fazer algo para me desculpar. Ela adora torta de presunto.

Batidas incessantes a porta. Cada vez mais fortes. Um ritmo acelerado.

- Mas que infernos! Não se pode tomar um café da manhã nessa casa.
- Eu atendo, Charles.
- É uma catástrofe! -  mulher gritante adentra a casa.

《Quem é essa doida?》

-  Pois não, quem é a sen..
- Olivia Harper, moro na casa do quarteirão vizinho. Não se preocupe, ja chamei a polícia.

《LIZ?》

- Dylan, o que que... Olá?
- Charles...

《Uma mulher escandalosa e rica fazendo um escândalo as 9 da manhã.》

- Olívia, ha algo de errado?
- Por que a gritaria?
- Aconteceu alg... Olívia?

Liz acabara de acordar com a confusão que acontecia na parte inferior da casa. Estava prestes a descer as escadas, quando...

- Saí para correr como sempre faço de manhã e encontrei o sr Dempsey no bosque.
- Idaí? – Dylan soltou sem ao menos perceber o tom desinteressado.

Passam a encarar Dylan.

《Era pra ser só um pensamento.》

- Me desculpem...
- Idaí que ele está morto. Foi uma das cenas mais chocantes que ja vi. A polícia está a caminho.

Liz quase cai da escada com a notícia. Dylan corre para segura-la.

- Ah não! De novo não...

Dylan tenta acalma-la. Charles entra em estado de choque e Olívia continua a chorar.

Mais batidas na porta e dessa vez, são da polícia. Meias palavras são trocadas e Olívia rapidamente os conduz ao local do assassinato.

Apenas Liz e Dylan sobram na casa.

BlankOnde histórias criam vida. Descubra agora