Conhecimento

271 24 26
                                    

* A história é dividida entre uma narração e os pensamentos de Dylan. Frases marcadas com 《》 expressam os pensamentos do rapaz.
Frases com ~ expressam o pensamento de Liz.*


28 anos e nenhum emprego. Cercado de contas pra pagar e nenhuma esperança em sair dessa situação.

《Dylan, agora você está realmente ferrado. 》

Último andar da casa e uma vista para a rua. Apenas um jovem aparentemente perdido observa de sua casa cada passo dado por aqueles que frequentavam o bairro vazio.
Uma rua vazia. Uma tarde fria e cinzenta. Um telefone que ao fundo toca.

- Quem é?
- Você poderia ser um pouco mais educado...
- Desculpe me! Por gentileza, por que está me ligando?
- Vejo que herdou muito de seu pai! A boa educação principalmente. Dylan, é o Zack.
- Ah... Oi...
- O que aconteceu com seu antigo emprego?
- Continua no mesmo lugar.
- Você sabe que eu estava me referindo ao motivo de você não estar mais lá. 
- Saí por diferenças artísticas.
- Não sei pra que tanta rispidez. Se estiver interessado, conheço um lugar que precisa de alguém...
- Qual o trabalho?
- Um casarão antigo, os donos morreram num acidente recentemente, sobraram poucos funcionários la e eles precisam de alguém para fazer a vigia da casa.
- Um casarão? Se os donos morreram e ainda tem gente la, por que precisam de um vigia?
- Porque a filha deles não pretende deixar a casa.
- Quanto isso vai me render? 
- Não sei ao certo. Passei por lá e me lembrei do filho quebrado de um velho amigo. Sabe onde fica o casarão Western?
- Foram os Western? Realmente a hora chega pra todos...
- Passe lá pela manhã e procure um tal de Dempsey.
- Obrigado, Zack...

Terça feira. Uma manhã cinzenta e coberta por uma nebula confortável, ao menos para Dylan, aquilo lhe dava esperanças de uma situação melhor. Mesmo sendo coberto por orgulho e sarcasmo, não podia negar que um velho amigo de seu pai o ajudaria. Recogitou a possibilidade de não ir, afinal, desde a mprte trágica dos pais todos que os cercavam com sorrisos falsos e palavras ao vento, agora lhe olhavam com pena. Ele era apenas o menino órfão que foi adotado e ficou órfão de novo.  Ele pensava assim.
Ele se via assim.
A residência dos Western era realmente magnífica, um enorme jardim atrás de um portão chamava a atenção de quem passasse por la. Peônias brancas cercavam o único caminho de concreto presente no jardim. No final daquele caminho era possível avistar uma silhueta que parecia pertencer a um homem.  Uma campainha tocada. O homem que ali estava ia de encontro com o outro que esperava na rua.

- O que deseja?
- Ouvi falar que precisavam de algum tipo de segurança. Aqui estou!
- Ah! Seja bem vindo a residência dos Western. Qual o seu nome? Era um senhor de aproximadamente 70 anos. Falava sorrindo, pareceu tão educado que Dylan ficou sem jeito.
- Dylan. E o senhor?
- Wade Dempsey.

Ele falava sobre ele, falava sobre a casa. Dylan não conseguia prestar atenção em algo que não fosse as peônias que perfumavam e embelezavam o caminho até a entrada principal da casa.

- Gosta de flores? Percebi que não desvia o olhar das flores.
- Desculpe. Essas flores não são muito comuns nessa região, certo?
- São muito comuns na Geórgia. Liz, a filha dos Western estudou em um internato na Geórgia, senhora Sara começou as cultivar pra ela e depois que ela morreu, Liz não descuida dessas flores.

Tudo tão grande. Tão iluminado. 

《Há tempos que não me sinto assim... 》

- Senhor, são quantas pessoas na casa? Qual é o trabalho exatamente?
- Liz, Martha a cozinheira, Shelley a arrumadeira e eu. O trabalho é simples, você tem que vigiar os arredores da casa, pegar algum animal caso apareça e se encarregar em pagar as contas. Você tem um salário de 3.000 mas tem a condição de morar aqui.

BlankOnde histórias criam vida. Descubra agora