Capítulo 9

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No dia seguinte, acordo decidido enfrentar meus pais

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No dia seguinte, acordo decidido enfrentar meus pais. Checo meu celular para ver se tem alguma mensagem de Ana. Nada. Respiro fundo várias vezes e vou me arrumar.

Dirijo até a casa de meus pais. Eles moram na mesma casa em que cresci, por isso possui tudo que eu precisava para treinar: mesa para tênis de mesa, um pequeno campo improvisado etc. Meu peito aperta ao me lembrar das palavras de meu pai: eu dediquei anos e dinheiro com você. Me concentro para controlar a onda de culpa que me toma.

Paro o carro na frente e minha mãe logo vem correndo toda sorridente e enxugando as mãos no avental para abrir o portão. Sorrio para ela.

- Meu filho, como você está? – exclama ela me abraçando forte.

- Estou bem, mãe e a senhora?

- Estou melhor agora- ela coloca as duas mãos no meu rosto- você está comendo direito? Está tão magro. Vamos entrar tomar um café comigo.

- Vamos – sorrio e entramos abraçados.

Minha mãe é uma das mulheres mais fortes que conheço na vida, sempre feliz e disposta a ajudar todos que precisam. Gostaria que não tivesse que viver com meu pai, ela merece muito mais do que recebe de meu pai.

Nos sentamos na cozinha para tomar café, minha mãe me entrega uma xícara e me sirvo com café.

- Você deveria vir visitar mais vezes sua velha mãe aqui, meu filho. Sinto muito sua falta- seus olhos enchem de lágrimas e meu coração aperta. Pego sua mão.

- Virei mais vezes. Me desculpe, mãe, serei mais presente.

Ela limpa os olhos e assente.

- Você parece diferente, João. Parece mais feliz.

Sorrio. Todas as vezes que lembro de Ana não consigo conter um sorriso.

- Conheci uma mulher incrível, ela me faz muito feliz.

- Ai meu Deus! Quando irei conhece-la? Traga ela para jantar conosco.

Rio com sua empolgação.

- Eu trarei, mãe- olho em volta- o pai está em casa? Preciso falar com vocês dois.

- Ele foi no mercado mas já está voltando. Aconteceu alguma coisa? – pergunta preocupada.

Nesse momento escuto barulho de carro estacionando. Meu pai chegou. Esse é o momento.

- Vamos para a sala, mãe?

Meu pai entra e um clima estranho paira entre nós, afinal, mal conversamos desde o dia do jogo.

- Oi, pai.

- Oi, João.

- Vim conversar com você e a mãe. Vamos nos sentar na sala?

Vamos para sala em silêncio. Sento no sofá do lado de minha mãe, enquanto o patriarca senta em sua poltrona. Pego a mão de minha mãe e começo:

- Na nossa última conversa as coisas não saíram como o planejado e entendo que o senhor foi pego de surpresa pela minha decisão, por isso, dei mais uma chance nesse último mês para o tênis mas eu tomei minha decisão definitiva. Estou abandonando o tênis e vou me dedicar ao que gosto: a fotografia e artes no geral.

Meu pai me fuzila com o olhar. Seu rosto é duro como uma pedra e me preparo para ele me dizer coisas horríveis. Mas ele apenas diz:

- Saia da minha casa.

- O quê? – eu pergunto assustado.

- Osvaldo! - exclama minha mãe.

- Não criei filho para virar um vagabundo. Saia da minha casa e não volte mais

Eu esperava todo tipo de reação, menos essa. Abro minha boca para falar, entretanto, não sai nada. Minha mãe começa a chorar desesperadamente e implorar para meu pai. Eu apenas puxo minha mãe para um abraço forte antes de me levantar.

- Você esquece que não sou sua propriedade, pai. Sempre fiz tudo que você quis e isso só me trouxe infelicidade. Eu vou embora e vou atrás de meu sonho queira o senhor ou não. Eu não vim pedir permissão, vim informa-los- viro para minha mãe- eu vou ficar bem, apenas se cuide. Eu vou te ligar todos os dias.

Beijo sua testa e lhe dou mais um abraço. Vou na direção da porta e ouço meu pai falar baixo e friamente como um cubo de gelo:

- Você nunca se pareceu comigo, sempre foi um molenga.

- Tem razão, não sou igual ao senhor e agradeço todos os dias por isso.

Me viro e vou embora.

Com amor, AnaOnde histórias criam vida. Descubra agora