Capítulo 7

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Conheci Vitor no Ensino Médio

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Conheci Vitor no Ensino Médio. Tínhamos 15 anos e nos tornamos amigos em uma festa que aconteceu na casa de uma menina da nossa sala na época. Eu fui para fazer a social mas no fim, fiquei sentada no canto observando os adolescentes beberem, se agarrarem como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Até que Vitor sentou ao meu lado e começamos a conversar, descobrimos gostos semelhantes, o que nos aproximou muito. Nos tornamos melhores amigos e inseparáveis.

Fomos começar a namorar mesmo quando completamos 20 anos e percebemos que nosso sentimento ia além de apenas amizade. Nossas famílias eram próximas e todos tinham certeza que iríamos nos casar, afinal, nós nunca brigávamos e sempre apoiávamos um ao outro. Aliás, todas a brigas que tivemos em 5 anos foram quando ele foi para os EUA estudar.

Agora lá estava Vitor, com seu cabelo crespo recheado de cachos bem definidos, uma camiseta de banda, calças jeans e uma caixa de pizza na mão (pizza? Que petulância pegar minha pizza). Não parecia muito diferente do que era na aparência mas ao olhar para seus olhos escuros, eu não reconheci o Vitor de 9 meses atrás, ele está menos sonhador e mais determinado.

Saio do meu devaneio e explodo:

- O que diabos você está fazendo aqui? – falo ameaçadora – e por que está com a minha pizza?

- É bom te ver também, Aninha- ele sorri e tenho vontade de lhe dar um tapa.

Sinto as mãos de João nos meus ombros.

- Está tudo bem?

Arranco a pizza da mão de Vitor e digo para João:

- Você pode levar a pizza para a cozinha, por gentileza? – peço fuzilando Vitor.

João pega a pizza de minhas mãos e vai até a cozinha em silêncio.

- O que você quer?

- Olhe, eu sei que eu não a sua pessoa favorita no mundo, nesse momento mas- olha para baixo, constrangido- não tenho onde ficar.

Franzo o rosto. Pelo menos sente vergonha de pedir uma coisa dessas depois de ter terminado nosso namoro de 5 anos por uma maldita carta.

- E sua família?

- Eles não me querem lá

- O quê? Isso não...

- É por pouco tempo, Aninha. Por tudo que nós vivemos, por favor, me deixe ficar, minha outra opção é dormir no banco da praça.

Fecho os olhos e suspiro. Ele sabe tocar no meu ponto fraco. Não vou deixa-lo dormir na rua ou coisa do tipo. Abro os olhos.

- Você pode ficar mas com uma condição: se você testar minha paciência, você vai pra rua. Estamos entendidos? – minha voz soa muito zangada e então, lembro de João que deve estar escutando tudo.

- Sim, senhora.

Vitor entra e vai direto para o quarto de hóspedes. Eu vou até a cozinha atrás de João. Odiando ainda mais Vitor por ter interrompido nosso momento.

- Me desculpe por tudo isso- pego sua mão e ele me olha pra mim tristemente.

- Tudo bem, porém, eu acho melhor eu ir embora. Vocês dois tem muito o que resolver.

- O quê? Não, não temos mais nada.

Ele toca meu rosto e me dá um beijo no rosto.

- Vocês tem sim e sabe disso- diz suavemente.

E então ele vira e vai embora sem dizer mais nada. Fico na cozinha olhando para a pizza quente em cima do fogão. Vitor aparece na cozinha e pergunta:

- Posso comer um pedaço de pizza? Estou morto de fome.

Dou de ombros.

- Pode comer tudo, se quiser, perdi a fome- e me viro em direção de meu quarto.

Acordo com a luz do sol me cegando. Olho o relógio e vejo que já são dez da manhã. Percebo também que nem troquei de roupa para dormir, só cai na cama. Por isso, resolvo ir tomar um banho antes de qualquer coisa e reflito o que João me disse.

Eu e Vitor definitivamente temos muito o que resolver. Primeiro: eu preciso saber que problemas foram mais importantes que nosso relacionamento. Segundo: por que ele não pensou em me contar tudo, eu não compreendo. Terceiro: eu preciso entender tudo para encerrar esse capítulo da minha vida para iniciar outra com, quem sabe, João.

Saio do banho, coloco um shorts e uma blusinha, deixo meu cabelo secar naturalmente, olho para minha fotografia com Vitor na minha cômoda e então tenho a certeza que temos coisas inacabadas, porque senão, eu teria me livrado dessa foto há muito tempo. Respiro fundo e saio do quarto.

Vitor está sentado na mesa, lendo um livro e tomando café. Levanta os olhos ao me ver.

- Bom dia, Aninha.

- Precisamos conversar- ele concorda.

Com amor, AnaOnde histórias criam vida. Descubra agora