Balé e Corações partidos

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Após uma aula chata de matemática, corri com o Renjun, meu melhor amigo, para o refeitório no horário de almoço. As aulas haviam começado fazia poucos dias e eu já estava preocupado com os trabalhos, o balé e tudo mais. Inclusive com a apresentação que teria naquela sexta-feira. Seria a minha primeira apresentação grande de balé no teatro da escola e meus nervos estavam à flor da pele. Passei o dia anterior ensaiando com o pessoal e esperava que tudo fosse perfeito.

Meus pais não gostaram nada quando comecei o balé, tinham um pouco de preconceito de ver um garoto praticando danças mais delicadas. Eles queriam que eu fizesse parte de um grupo de estudos aplicados na escola, e brigamos muito por causa disso, até que com o tempo se acostumaram que eu gostava mesmo era de dançar e não deixaria a dança por causa de seus caprichos.

Ter 17 anos não é nada fácil pessoal.

O refeitório era enorme e como sempre, parecia uma selva. Alunos brigando por comida, pessoas correndo, outras gritando e os "antissociais" no fundão, apenas observando. Uma fila enorme se formava ao lado, onde os alunos levavam as bandejas para serem servidos e depois corriam para suas mesas. Um dos alunos derrubou sem querer a bandeja e eu me segurei pra não rir. Minha relação com aquela escola era de amor e ódio.

— O Jeno tá ali Hyuck! — Renjun apontou para uma mesa enorme que ficava mais para o canto do refeitório. Fechei a cara, ele estava com o pessoal do time de futebol e eu não ia com a cara de alguns dos garotos do time.

— Vamos pegar nossas bandejas — falei, me dirigindo para a fila.

— Nós vamos sentar com o Jeno ou vamos para outro lugar?

— Vamos para outro lugar, acha que vou sentar perto daqueles amigos chatos dele e que se acham a última coca-cola do deserto?

Renjun deu de ombros e terminamos de colocar nosso almoço na fila. Seguimos para uma mesa mais próxima. Avistei Yeri de longe acenando para que sentássemos em sua mesa. Ela estava ao lado de Jisung um garoto alto, mas muito fofinho, que fazia parte do clube de dança urbana.

Eu, Lee Donghyuck, 17 anos, queria paz sabe, e evitar esbarrar em pessoas odiosas, mas ao cruzar perto da mesa do time de futebol, escutei o berro:

— EI HEACHAN! — Era assim que algumas pessoas me chamavam pela escola, um apelido que pegou quando eu tinha sete anos.

Parei no meio do refeitório, o sangue subia pela cabeça só de ouvir aquela voz que tanto odiava. Renjun parou comigo e me olhou com uma expressão de dúvida.

— O quê...? — Ele indagou, encucado.

Não respondi e voltei a andar.

— EI HAECHAN! VEM AQUI!

A voz ecoou por todo o refeitório. Me virei bufando e vi ele: Mark Lee, o canadense mais chato da face da terra. Me olhava com seu sorriso de pateta e aqueles dentes enormes, que eu adoraria arrebentar se pudesse, (sonhar não custa nada né?). Nós definitivamente não nos dávamos bem e era uma tortura ter que esbarrar com ele por aí.

Jeno estava na mesma mesa que aquele mequetrefe, já que ele era o zagueiro do time de futebol, enquanto Mark era o lateral direito. Jeno estava ao lado de Jaemin, os dois viviam juntos pra cima e pra baixo e eu adorava a amizade deles, gostava do Jaemin, ele sabia ser fofo e gentil com todos. Fui até a mesa batendo os pés e Renjun me seguiu. Se tinha uma coisa que eu odiava era que gritassem por mim em algum lugar, não gostava de ser o centro das atenções. E o Mark fazia isso só pra me irritar, eu tinha certeza.

A MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora