Capítulo três

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 O celular de Youngjae despertava pela terceira vez aquela manhã, anunciando que era o horário do menino se levantar para ir trabalhar, entretanto, não era exatamente aquilo que Choi queria. Coco latia em uma tentativa de acordar seu pai, porém, o jovem apenas cobriu sua cabeça com o cobertor após desligar seu despertador, tentando voltar a dormir.

"Seu idiota, levanta e vai trabalhar para me comprar ração. Deixa de moleza, rapaz." Ele imaginou que essa seria a tradução para os latidos de sua cadelinha, soltando uma risadinha fraca que se misturou com um resmungo e o início de um choro.

Choi era forte, aguentava muitas coisas, mas aquela forte mudança de rotina estava acabando consigo. Ele até então apenas estudava, não precisava se preocupar com despesas. A vida de Youngjae estava virando de cabeça para baixo e o menino demoraria a se acostumar com aquilo.

Fazia apenas uma semana que começara a trabalhar como garçom, ele ainda não havia tido a oportunidade de ganhar seu salário e muito menos conseguira conquistar Jaebum que a cada dia mais se afastava de si, provavelmente estranhando suas forçadas interações amorosas.

Mais uma vez o celular começara a tocar, fazendo-o refletir quantos alarmes colocara nos dias anteriores para não se esquecer de ir, de fato, trabalhar. O menino agarrou o eletrônico e desligou aquele novo despertador, indo começar seu dia lendo o seu horóscopo e o de Coco.

De tarde enviaria uma mensagem para Jaebum avisando que havia desistido do emprego e correria de volta para os braços dos pais, não que ele fosse fazer aquilo, só pensou porque lhe parecia a melhor opção naquele momento em que a vontade de desistir de viver se tornou maior.

_Coco-yah, sorte sua ser um animalzinho sem responsabilidades nenhuma. – Falou para a cachorrinha que se ajeitava na cama para voltar ao seu sono, desistindo de acordar o pai. – Papai irá te sustentar pelo resto de nossas vidas sem jogar nada na sua cara, não se preocupe.

A cadelinha apenas bocejou, encarando o dono e não fazendo nenhum ruído em resposta. Choi pesquisou no celular sobre seu horóscopo, porém, não teve tempo o suficiente para ler o que os astros tinham a lhe dizer pelo fato de que ouviu barulhos vindos da entrada do apartamento.

As orelhinhas de Coco se levantaram e seguiram a direção do som, ela ergueu sua cabeça e farejou. Youngjae ficou atento aos movimentos de sua "filha", notando que pela reação dela – não latira e não correra para morder – deveria ser alguém conhecido. Deixando o celular de lado e chutando o cobertor, logo Choi se levantou para verificar de quem se tratava.

Confiava em Coco ao ponto de não temer quem poderia ser o intruso em sua casa, porém, seu lado medroso lhe fez pegar o primeiro item ao seu lado – o controle do ar-condicionado – para utilizar como uma arma.

_Quem está ai? – Indagou, saindo do quarto com passos lentos e seguindo para a sala, deparando-se com sua mãe ali. Suspirou com a presença da mulher, abaixando o controle e o colocando no painel que tinha em sua sala. – Bom dia...

_Você não deveria estar trabalhando? – Ela inquiriu, fazendo Choi arquear uma sobrancelha.

_Sabendo que eu deveria estar trabalhando, pensou que não teria ninguém em casa... Por que está aqui? O que veio fazer? – Quis saber o menino um pouco desconfiado. – E sim, eu deveria, mas...

_Eu sabia. – Senhora Choi riu. – Sabia que você não aguentaria trabalhar por muito tempo, meu filho. – Ela disse, evitando responder ao mais novo. – Você sempre foi o mais fraquinho e sem força de vontade entre seus irmãos. Olha que você só precisa apenas servir alguém... Mas tudo bem, continuarei te amando. – Comentou – Tudo bem você ser um fracassado, okay? Você não aguentou nem uma semana e já está desistindo, isso é deprimente, mas logo você esquece se aceitar que é incapaz de viver sem ser as minhas custas e se tornar um filho obediente.

SignumWhere stories live. Discover now