09.Useless Sun

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[Apesar da chuva dura que continua a cair, continue a subir mais alto, não importa o que aconteça
Até que o sol imperfeitamente nascido possa envolvê-lo completamente]

DEATHGAZE - Useless Sun 

~Matsumoto's POV~

― PÁRA, PÁRA! AHH!

A medida que eu gritava ele cravava os dentes ainda mais em meu pescoço, eu não podia acabar como o taxista! Reita não sairia de cima de mim tão facilmente, eu sabia que não.

Minha visão estava ficando embaçada, eu me sentia tonto e estava perdendo as forças. Larguei os braços ao lado do corpo e derramei mais lágrimas, suas asas se abriram dentro daquele carro pequeno.

A direita atravessou o párabrisa enquanto a esquerda atravessou o vidro traseiro e ele deitou-se ainda mais sobre mim, grunhindo de aprovação quando nossos baixo-ventres se roçaram.

Então tudo escureceu para voltar rapidamente.

Reita não estava mais com os dentes em meu pescoço, abri os olhos e o encarei, nossos rostos estavam bastante próximos e os olhos dele negros. Observei o carro, os vidros quebrados, sangue em todos os lados, inclusive em mim, restos do taxista em um canto... Ele recolheu as asas.

― Taka... ― Sussurrou contra meu rosto e eu apertei os olhos com força, me recusando a abrí-los enquanto aquele pesadelo não acabasse.

― Estou morto? ― Perguntei, confuso.

― Não. Vou levá-lo para casa.

Senti que ele saiu de cima de mim, então rolei para o lado, me encolhendo e chorando novamente. Eu quase morri! Aquilo devia acabar de uma vez, meu pescoço doia muito.

O carro foi estacionado, um aviso que eu estava finalmente em casa. Ignorei minha tontura e fraqueza e abri a porta do carro, correndo até o gramado para entrar o quanto antes.
Caí no chão, alguns passos depois e fiquei ali, me remoendo em lágrimas. Ainda chovia e a água parecia aliviar minha dor. Seus braços me ergueram e fui carregado até em casa.

― Pare de me ajudar, seu idiota. ― Choraminguei, mas ele nada disse.
A pior parte de toda essa história era que eu não poderia contar para ninguém. Se contasse, me chamariam de louco e eu seria internado em algum manicômio.

Fui deitado no sofá e abracei meu próprio corpo, estava frio... Reita trancou a porta e tirou a jaqueta, seguido da camisa ensanguentada, ficando com o tórax nu para mim.

Puta loiro gostoso...

Ele veio até mim e me carregou, entrando em um cômodo no qual reconheci ser meu quarto. Meu guarda roupa foi aberto e ele pegou uma calça de moletom e camiseta, deixando ao meu lado e sumiu no banheiro. Voltou alguns segundos depois e então me carregou novamente até o banheiro. 

Eu me sentia uma garotinha indefesa com Reita me tratando assim.

― Enchi a banheira, precisa de ajuda no banho ou já é demais?

― Não, não preciso. ― Murmurei.

Esperei que ele saísse e pude tomar meu banho sossegado, tentando não lembrar de nada que tenha acontecido no dia de hoje, mas era impossível. Toda vez que eu me lembrava, as lágrimas retornavam com força e eu começava uma crise no banheiro. Não era só o meu corpo que doía, mas a alma também.

Vesti a roupa que encontrei em cima da cama e me enrolei em um cobertor, descendo as escadas. Reita estava sentado em uma das poltronas, fitando o chão e eu suspirei. Fui para o sofá e me ajeitei ali, o encarando em silêncio enquanto tentava pensar nos motivos que ainda me mantinham vivos. Era uma loucura.

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