13.Gethsemane

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[Quando esse mundo desaparecer e eu renascer
Eu procurarei pela luz junto com você
Se eu puder estender minhas asas eu não precisarei de mais nada
E eu nunca vou deixar suas mãos]

― DEATHGAZE - Gethsemane

~Suzuki’s POV~

Eu realmente devia ter escutado Takanori e nem ter aparecido naquele maldito hospital, agora estávamos presos e eu não sabia se seria possível sair. Admito que me tocou um pouco ver a cena em que o baixinho corria até os guardas e tentava me salvar enquanto eu estava impossibilitado no chão. Pobre Taka…

Eu também não conseguia me lembrar de muita coisa, só sei que os ataquei e fiz um verdadeiro banho de sangue, não consegui matar todos, mas cuidei de boa parte. Taka apagou antes de mim e aquilo fez meu sangue ferver, só que não fui capaz de matar mais deles e apaguei em seguida.

Eu não deixaria aquilo barato, eles pagariam assim que eu conseguisse arranjar uma forma de escapar dali.

Como esperado, o branco tomava aquelas paredes e a única cor diferente naquele local era o prata dos metais e outros aparelhos do laboratório, na sala em que eu estava haviam várias fileiras de balcões com microscópios, bisturis entre outros equipamentos. Uma parede de vidro daquelas em salas de interrogatório nos separava de uma outra sala e havia uma porta na lateral da outra parede.

No fundo da sala, eu vi uma mesa de necrópsia e um pouco mais distante estava a maca onde Takanori descansava. Corri imediatamente até lá e tirei alguns fios que teimavam cair sobre seu rosto.

― Taka, acorda… ― O chamei em tom baixo e seus olhos se abriram lentamente e focaram-se em mim logo depois, ele se sentou e deu uma olhada ao redor. Eu sabia o que viria logo depois, por isso, adiantei-me e tapei a sua boca, recebendo um olhar interrogativo.

― Não grite ou eles poderão nos ouvir. Me desculpa te arrastar pra esse inferno, eu vou dar um jeito de nos tirar daqui, ok?

Takanori assentiu e eu beijei sua testa antes de me afastar. Não estávamos amarrados com cordas ou algo parecido, pelo contrário, poderíamos andar livremente por aquela parte do laboratório.

Aproveitei para mexer em alguns objetos com desinteresse e arrisquei abrir a porta lateral, para a minha surpresa, ela se abriu e revelou uma espécie de galpão. Takanori me encarou apreensivo e assenti de leve, tentando passar um pouco de confiança a ele, que também assentiu, mas nada disse. Era só um galpão, tudo bem que em um lugar totalmente desconhecido por mim, mas era só isso. Um galpão.

Assim que adentrei o cômodo, as luzes se acenderam e eu fiquei alerta caso algo acontecesse. No entanto, algumas coisas chamaram a minha atenção, aquele lugar estava repleto de jaulas e caixas de vidros com as mais variadas espécies do reino animal. Felinos, insetos, roedores, répteis… Todos estavam aprisionados dentro daquele galpão e prestes a se tornarem vítimas das bizarrices de Amano.

Não pensei duas vezes antes de recuar e fechar aquela porta novamente, Takanori já estava sentado na ponta da máquina e suspirou aliviado assim que eu apareci.

― Tem vários animais presos depois daquela porta. Eu não sei o que vai rolar aqui, mas a gente tem que ir embora o quanto antes. ― Me aproximei de uma das enormes geladeiras e levantei a tampa, o ar gelado bateu em meu rosto e juntamente com ele o cheiro preencheu as minhas narinas e o monstro dentro de mim acordou.

Carne humana... 

Provavelmente a peça era de algum paciente do hospital que morreu recentemente porque estava fresca. Grunhi em aprovação e salivei, puxando o pedaço de carne que parecia ser um busto feminino e o atirei no chão, que logo era manchado de vermelho. Meus olhos foram direto para o baixinho que me encarava da mesma forma assustada de sempre, esse trauma dele nunca iria passar, isso eu tinha certeza.

Kuro DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora