Inesperado

2.7K 239 173
                                    

O relógio marcava exatamente 5:30 da manhã quando Caitlyn despertou com o soar do alarme. Ela contemplou a janela por alguns instantes e viu que seria outro dia cinzento com o sol escondido por algumas nuvens, não pôde deixar de sentir a atmosfera melancólica que aquele tipo de clima trazia consigo.

Caitlyn se arrastou preguiçosamente até o banheiro, e após terminar sua higiene ela se dirigiu a cozinha, onde preparou suas duas torradas e uma pequena dose de café. Leu uma notícia qualquer no jornal local que dizia algo sobre um perigoso grupo de homens a solta, procurados por capturar crianças na cidade vizinha, Caitlyn ficava furiosa por notícias desta tipografia. Achava um absurdo que um grupo policial que se dizia competente deixasse criminosos andarem por ai foragidos por tanto tempo.

A morena vivia sozinha em um grande apartamento no centro da cidade, era consideravelmente perto da escola, a vizinhança era calma e raramente algo violento acontecia por ali ou pelas redondezas. Era de certa forma até mesmo, como poderia dizer? Entediante. Sim, essa era palavra que definia o cotidiano de Caitlyn, simplista e entendiante, mas ela nunca pareceu se importar.

Cailtyn checou seu relógio de pulso mais uma vez e então decidiu se apressar em sua arrumação. Colocou seu uniforme, já perfeitamente passado e limpo em cima de sua cama, prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo e saiu as pressas de seu apartamento. 

No caminho para a escola ela se deparava com todo o tipo de gente: Os ricos, que eram senhores muito bens vestidos que se reuniam em seus apartamentos caros para tratar de negócios, as senhoras de idade simpáticas que sempre cumprimentavam a morena quando a viam passar, os mendigos, os beberrões, as cortesãs, e todas essas pessoas que vagavam pelas ruas de Piltover, mas nenhuma delas tinha intenção alguma de perturbar a paz.

Quando chegou aos portões de League of Academy respirou fundo e se preparou para mais um dia da rotina de presidente do conselho estudantil. Entrou na sala do conselho e cumprimentou alegremente seus dois melhores amigos, Jayce e Ezreal, além dos outros que também faziam parte do conselho (figurantes, vocês sabem, não preciso nomear). Logo cedo ela já preparava suas papeladas para que mais tarde pudesse as olhar com mais atenção, ao ver que as aulas logo teriam inicio ela se dirigia tranquilamente para sua turma, mas algo estava estranho. Caitlyn não costumava ter uma manhã tão tranquila desde...

— Aonde está Vi? — perguntou ao um rapaz moreno que sempre estava na companhia da delinquente. Ela estava curiosa com a paz repentina, o que não era comum desde a chegada da garota de cabelo rosado. 

— Por que alguém do conselho perguntaria por ela? — ele arqueou a sobrancelha em um claro sinal de desconfiança, mas se intimidou com o olhar intimidador que Caitlyn o lançou — Eu não sei, ela disse que estava a caminho, ia fazer algo em Zaun, não me lembro o motivo.

A morena se assustou ao ouvir a cidade vizinha ser citada e se perguntou o que a delinquente estaria fazendo em um lugar tão perigoso. — Eu só espero que ela não manche a reputação de nossa escola. — disse, na falha esperança de soar despreocupada.

[...]

Horas e mais horas se passaram e não havia sinal algum de Vi. Os alunos deram falta da gritaria no corredor quando Caitlyn e a delinquente se esbarravam e até mesmo Fiora saiu de sua sala perguntando pelo paradeiro de Vi, mas ninguém sabia onde ela pudesse estar. Ekko parecia realmente abalado pela falta de sua amiga e decidiu não fazer nenhuma baderna naquele dia, enquanto Jinx, escolhendo fazer o completo oposto, infernizou o dobro para cobrir a falta de sua líder. E mesmo com a agitação repentina causada por Jinx, Caitlyn não parava de sentir a sensação incômoda que uma parte importante de seu dia estava faltando.

— Cait. — chamou a Diretora, de uma forma estranhamente carinhosa — Posso lhe pedir um favor?

— Claro, senhora. — concordou prontamente. Ela nutria um enorme respeito pela diretora, assim como todos os demais alunos e funcionários da escola.

— Vá nesse endereço e tente descobrir onde foi que Vi se meteu dessa vez. — ela entregou um pedaço de papel para a morena — É um bairro perigoso, então por favor tenha bastante cuidado — Alertou.

Fiora repensou sua decisão de mandar uma aluna de confiança, mas realmente não havia mais ninguém que pudesse encontrá-la sem que Vi  atacasse a pessoa, entretanto a delinquente jamais tocaria na presidente do conselho ou deixaria algo a acontecer. A não ser que algo já tenha acontecido a ela mesma. Aquela pensamento a causou arrepios. — Tome muito cuidado.

— Não se preocupe, irei comunicar a senhora assim que a encontrar. — a diretora sempre se espantava com o quão prestativa Caitlyn era, mas dessa vez ela se perguntou se o motivo para tudo isto não seria porquê se tratava de Vi.

Assim que as aulas tiveram fim, Caitlyn foi até a sala do conselho apenas para avisar que se ausentaria a mando da diretora. Jayce e Ezreal se ofereceram para a acompanhar, mas ela recusou sobre o pretexto que Vi correria se visse os três juntos atrás dela, e após ter a concordância de todos ela se retirou e foi o mais rápido que pôde.

[...]

— Onde foi que aquela idiota se meteu? — resmungava enquanto tentava se apressar pelas ruas, uma chuva terrível caíra de repente no caminho e Cailtyn se surpreendeu ao ver que não havia levado sua sombrinha. 

A morena não conseguiu deixar de estranhar o fato de Vi frequentar aquela cidade, havia lixo por toda parte, bêbados encrenqueiros, pedintes deploráveis, crianças sem pais, lojas ilegais e todo tipo de escória rejeitada pela sociedade vagava por aquelas ruas.

Caitlyn continuou a correr em direção a um abrigo para a chuva, mas parou ao contemplar uma imagem que nunca viu igual: O corpo de uma jovem estirada no chão, completamente ensanguentada e uma criança apoiada sobre ela chorando toda a água que havia em seu corpo. Até que ela finalmente percebeu quem era a jovem.

— Vi?! — exclamou surpresa. Ela rapidamente se ajoelhou ao lado da delinquente e jogou uma mecha de seu cabelo para trás para poder ver melhor o seu rosto. Quando viu que ela apenas sorriu em resposta deduziu que estava ferida demais para falar. 

— Ela me protegeu. — contou a garotinha entre soluços. — Ela lutou contra os caras maus e me salvou. — Caitlyn não pode conter a cara de espanto ao ouvir aquilo. Vi protegendo uma criança? A maior delinquente de sua escola que arrumava briga com qualquer pessoa que a olhasse de cara feia?

— Céus, eu preciso cuidar das suas feridas, tenho que te levar para minha casa, os seus pais! Temos que avisar para eles — a morena começou a tagarelar sem parar quando sentiu a ansiedade crescente dentro de si, mas se calou ao sentir o toque da mão fria de Vi em sua bochecha. Ela olhou espantada para a garota de cabelos rosas e contemplou um belo sorriso em seu rosto.

— Se acalme docinho, eu estou bem. — disse com suas ultimas forças. O pequeno sorriso de Cait fora a ultima coisa que ela vira antes de desmaiar.

[...]

Caitlyn levara Vi para sua casa na intenção de tratar seus ferimentos, o caminho fora bem difícil já que a rosada era incrivelmente mais alta e pesada apesar da pouca idade, mas com muito esforço ela finalmente chegou ao seu apartamento. 

A colocou deitada sobre o sofá e pegou um quite de primeiros-socorros que tinha guardado na prateleira de cima da estante da sala. Caitlyn se surpreendeu ao ver o quão grave alguns ferimentos pareciam, apesar de todos os cortes terem sido superficiais, havia hematomas roxos que realmente pareciam doloridos, embora alguns fossem mais recentes do que outros.

— Cait... — a morena se virou bruscamente ao ouvir seu nome ser pronunciando por Vi, mas para sua surpresa ela ainda estava inconsciente. — Não me deixe. — ronronou. Caitlyn deduziu que seria alguma especie de sonho que estivesse tendo e se virou para voltar a cozinha, mas se assustou ao sentir duas mãos exageradamente frias contornarem sua cintura e a puxarem para o sofá. Ela deixou escapar um sonoro gemido ao sentir a respiração pesada de Vi em seu pescoço e se arrepiou ao escutar a maior dizer. — Não vá.

My Bad GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora