Capítulo Cinquenta e Sete

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Quanto mais somos machucados, oprimidos, queremos machucar e oprimir. Usamos de todas as artimanhas possíveis para humilhar, apedrejar, usar, enganar para que a dor do outro seja o alívio da que se passa em nossos corações.

As pessoas que são agentes de agressividade, são aquelas que mais se sentem agredidas, agem pensando que se fizerem primeiro as pessoas ao redor não terão tempo de machucá-las, por estarem sofrendo. Se sentem forte pelo simples fato de humilhar e pisar em cima daqueles que aparentam ser inferior. Mas a verdade é que o agressor sempre busca atingir aqueles que não tem nada de valor a olhos nus, contudo vivem com um sorriso no rosto e apesar dos dias maus o sorriso continua lá, aqueles que fazem o que o agressor não consegue, não viver segundo aquilo que lhes é imposto.

Todas as vezes que meu pai me maninpulava a fazer algo, sempre fazia, depois que verdadeiramente Cristo reinou em meu coração, a manipulação dele não passou mais a funcionar, por isso a revolta que sente. Através de Jesus conseguir fazer algo que ele não fez, conseguir dizer não as suas ofertas, ofertas essas que se tivesse aceitado, a culpa dos seus crimes teriam caído sobre mim. Conseguir dizer não para todas os tipos de imundícies que tentou introduzir na minha vida. Em todas as vezes que me viu confrontá-lo para não aceitar a maneira que queria que eu vivesse, lembrava que não tinha tido a mesma garra lá atrás para lutar contra as imposições que meu avô colocou sobre Ele. Por isso me odiou um pouco mais. Artur conseguiu fazer comigo algumas coisas que vovô fez com ele, ainda assim por outro lado tiveram outras coisas que não conseguiu, como me corromper, me fazer dormir com prostitutas e deixar Jesus de lado.

Na verdade por um segundo conseguiu, nos milésimos de segundo em que esmurrava seu rosto, esquecir do Senhor, todavia ao ser impedido de continuar por algo que sei que foi o Espírito Santo, cair em mim, percebendo que estava agindo da forma que ele queria.

Mas o discernimento veio apenas horas depois que ele saiu do porão e desatei a pensar sobre o que me relatou. Na hora que o sangue está em erupção dentro do corpo é impossível pensar com clareza, o instinto de defesa se torna mais forte que o bom senso, justamente pelo fato de nos deixarmos dominar por ela.

Perdoar uma pessoa se torna mais fácil quando você entende o porquê ela faz o que faz. Estava com raiva de Artur, a ponto de esquecer que ele é o meu pai, o agredindo daquela forma. Ao me colocar no lugar dele, meu coração se tornou o mais pequeno dos átomos, sei que suas atitudes não são justificáveis por seu passado traumático, no entanto me fazem perceber que seu sofrimento o tornou o homem que é hoje, e nem eu, nem minha mãe poderia ajudá-lo a sair desse buraco em que se meteu, que aos seus olhos aparenta não ter mais saída. Somente Jesus pode resgatá-lo.

A única coisa que posso fazer no momento é decidir perdoá-lo. Independente do que me fez e está me fazendo, mesmo continuando nesse lugar imundo, preciso perdoar. Não apenas por ele; Por mim também, porque o homem que meu pai é hoje é forjado na falta de perdão, se não perdoá-lo me tornarei igual, me tornaria mais um descendente aprisionado a essa maldição e não quero isso para a vida dos meus filhos, não quero levar essa obsessão por ser amado para meu relacionamento com minha esposa.

Jesus me ama e muita mais que o suficiente, é muito mais do que posso expressar em palavras.

— Deus, não quero perdoar o Artur pelo que ele está fazendo. Tu sabes o quanto foi difícil perdoá-lo pelas atitudes que teve comigo na adolescência, mesmo assim em ti, foi possível. Decido liberar perdão Deus, porque a que a dor que estou sentindo é por ama-lo, mas em toda minha vida, só recebi palavras de rejeição da única pessoa que restou ao meu lado... — A voz começa a ficar embargada, faço uma pausa respirando fundo. — Mesmo que ele me mantenha aqui Pai, sei que tem a tua permissão, se não jamais teria descoberto essa maldição que é preciso ser quebrada da minha vida, mesmo que continue aqui, decido perdoá-lo, tu conheces o meu interior e sabes a verdade da minha decisão. Me perdoe por agredi-lo Senhor, estou envergonhado por ter agido dessa forma, ele é meu pai, não devia ter feito aquilo, mas eu quis fazer senhor, peço perdão, me lava com o teu sangue, me purifica Aba... Perdão porque pensei que não estava aqui, perdão porque pensei que tinhas me abandonado, perdão porque acreditei que não se importava mais comigo...

Ainda Existe Vida (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora