5. 1957, outubro

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1957, outubro

— Não, Yoon, você não leva pra cá... puxa pra cá, e depois repete. De novo... e de novo...

Àquele ponto: Park observava Jeongguk sem pudor.

O mais novo ajudava, com calma, Yoongi com alguns acordes para a apresentação que eles teriam em cerca de trinta minutos. Como de costume, a mente de Park levava-o de volta para o conflito que tiveram no primeiro ensaio em grupo. Ele... se sentia estranho.

Sim. Repentinamente estranho. Porque muita coisa havia... mudado? Sim. Mudado.

As coisas foram se encaixando de maneira.... natural. Jeon já não o desrespeitava, nem humilhava mais. Na verdade, ele até chegou a elogiar sua técnica e pedir, com cuidado, para ele mudar algumas coisas na música que compuseram juntos. Vez ou outra, até mesmo se desculpava e conversava civilizadamente com Jimin. Sinceramente, nem parecia mais o Jeon Lennon roqueiro problemático que antes era. E é. Longe disso ser um problema...

Jeongguk estava mais gentil. Menos babaca. E a cada apresentação agendada, ensaio, e encontro em grupo: se tornando um músico melhor. Estava cumprindo suas promessas, sendo mais calmo, tratando todos com mais cuidado. E isso era bom... Jimin gostava disso, porque mostrava como Jeongguk seguia o que dizia e prometia. E que valorizava mesmo sua presença no grupo, uma vez que estava fazendo aquilo porque Park pediu (caso não, sairia da banda).

Mas Jimin estava pensando, e pensando... e se sentindo estranho.

Principalmente por causa de certos acontecimentos.

— Caras, o lugar acabou de abrir. Nós precisamos nos preparar — Namjoon disse, surgindo em meio aos rapazes. Jimin prestou atenção, distraindo-se momentaneamente. — Ah. Droga, Jeon! Que merda é essa?

Jeongguk deixou de encarar Yoongi para olhar Namjoon. Só foi o notar agora.

— O que foi? — questionou.

— Que diabos é essa roupa? — Franziu o cenho. Os meninos riram. — Ao menos vista algo decente!

— Qual é o problema com as minhas roupas agora, Nam? — indagou, erguendo uma das sobrancelhas.

— Essa blusa tá suja de graxa. Tá desleixado demais.

Ele bufou.

— Foda-se.

Yoongi riu.

— Jeon... — Namjoon aproximou-se, suspirando.

— Estou brincando, estou brincando! Vou cobrir com uma jaqueta — diz ele, fazendo graça ao passar por Namjoon, que balançou a cabeça em concordância. — Hey, Yoongi, continue praticando.

Yoongi assentiu, deu de ombros e voltou a tocar.

E então Jeongguk foi parar atrás das cortinas.

— Vou ao toalete — Jimin disse, se levantando e descendo os degraus. Os meninos afirmaram com a cabeça, mas a maioria sequer notou.

Jimin soltou um breve muxoxo. Mordeu o dedinho e sorriu para algumas das pessoas presentes, se sentindo um pouco nervoso.

Park era um garoto muito bom. Muito duro, profissional e inteligente. Mas ainda sim, ele era tremendamente sentimental. Talvez, até demais...

E por isso, ele não se cansava de pensar que, ao dizer todas aquelas coisas para Jeongguk, ele havia sido insensível.

Sabia que tinha sim o direito de rebater toda aquela cena e ficar bravo com Jeongguk — ele não era nenhum burro!. Mas... talvez tivesse ido longe demais criticando tão abertamente o jeito alheio de ser.

Os Garotos de Liverpool {kookmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora