8. 1957, meados de novembro

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1957, meados de novembro

Era a primeira vez em muito tempo em que Jimin recebia alguém em sua casa.

— Meu pai não vai chegar antes das seis, então a gente precisa ouvir todas as músicas até lá.

Jimin saltava os degraus com euforia. Não podia negar que estava animado com a ideia de, enfim, ter Jeongguk na sua moradia.

Haviam marcado aquele encontro há um tempo, então não era como se Jimin não estivesse preparado. Arrastou a vitrola pesada para seu quarto, ajeitou tudo de forma despojada e escolheu um dia o qual seu pai e os outros que ali viviam chegassem tarde. Jeon havia trago sua bebida e agora eles estavam indo para seu quarto.

— Por que não podemos ouvir com ele em casa? — Jeongguk indagou.

— Porque ele vai me perguntar se você é rico... Ou, sei lá, aquele cara comentou sobre a constante falta de discos que tinha na loja. E se ele ligar as coisas? Meu pai é inteligente...

Meio paranóico também, ele disse mentalmente.

— Ah. Ok. — Jeongguk resolveu deixar o assunto de lado, com um sorriso. Não se importava mesmo.

Quando entraram no quarto de Jimin, Jeongguk se pôs a observar tudo, podendo notar a diferença e igualmente a semelhança que seu quarto tinha com o de Jimin. Já o Park, encarava Jeon, um pouco surpreso e curioso. Afinal... Jeongguk estava com o cabelo penteado, uma roupa decente, o óculos e, nossa, até havia se barbeado...

Chocante.

Jeongguk percebeu o olhar de Jimin e fez uma cara engraçada ao dizer:

— Minha tia me obrigou... Fui fazer uma coisa importante hoje.

— Relacionado à faculdade? — perguntou, porque era comum exigirem muito de sua aparência quando ligado a essas coisas.

— É...

— E foi tudo bem? — perguntou, olhando em seus olhos.

Jeongguk deu de ombros. No final, ele não dava a mínima.

— Foi uma merda, mas podia ser pior — disse ele. Jimin deu um riso baixo.

— E isso é bom ou ruim?

— Meio a meio. — Deu um sorriso sereno.

Jimin confirmou com a cabeça, mantendo um sorriso pequeno na boca. Viu Lennon tirar o óculos, jogando-se em sua cama, com as pernas completamente abertas. Folgado. Riu e deu de ombros. Apenas tirou seus sapatos e foi até a vitrola, a ajustando.

— Qual você quer ouvir primeiro? — Jimin perguntou. Jeon pensou por um momento, indo até sua bolsa para checar o nome dos discos que haviam roubado.

Ele fez várias caretas ao ver tanto jazz incluído naquele meio. Provavelmente ele mesmo havia pegado errado, mas, que seja. Ficou feliz ao ver um que era consideravelmente interessante. Pelo menos ao seu ver, sim.

— Coloca esse daqui. — Jogou para Jimin, que pegou o disco no ar. Leu-o. Gene Vicent.

— Tá bom. — Ele colocou o disco. — Fica aí, eu vou pegar um refrigerante. Você quer alguma coisa?

— Não, não... já estou bebendo — respondeu, erguendo sua garrafa de cerveja.

Jimin afirmou com a cabeça e saiu, bem rápido. Jeon aproveitou sua ausência para olhar em volta, atento aos detalhes.

Era um quarto simples e bem arrumado. Tinha alguns papéis e cadernos sobre sua cômoda, e uma estante cheia de livros. Jeon se levantou e foi até a escrivaninha encaixada perto da janela, mexendo, interessado, nas coisas que tinham ali. No fim, Jeongguk era bem curioso...

Os Garotos de Liverpool {kookmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora