9. 1957, dezembro

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1957, dezembro

Àquele ponto, ter um clima entre Jimin e Jeongguk durante os shows já havia virado rotina.

Park não conseguia mais. Ele queimava seu olhar em Jeongguk a cada canção que tocavam e esperava alguma reciprocidade dele todas as vezes, sem excessão.

Sentia falta de Jeongguk. Sentia muitas coisas quanto o assunto era ele.

Honestamente, ele estava sempre esperando que Jeon fizesse alguma coisa. Estava sempre tentando dizer algo sobre aquele dia estranho que tiveram, mas Jeon estava decidido a fingir que nada havia acontecido e, droga, ele era bom nisso. Além do mais, o tempo que tinham sozinhos não existia mais. Agora estavam sempre com os meninos, e quando ficavam sozinhos, Jeongguk ficava tenso e se afastava. Acendia um cigarro e se mantinha longe... Nunca perto o suficiente para Jimin saciar sua saudade.

Ele não estava muito feliz. E também, Park havia pensado muito desde aquele dia.

Como ele mesmo e todos já sabiam: era um rapaz sentimental. E era compreensivo com Jeon e consigo mesmo. Jeongguk parecia muito mais conformado em relação a tudo do que si. Dois garotos se beijando era apenas mais uma coisa para Jeongguk... E apesar de ficar curioso sobre como ele chegou naquelas conclusões, Jimin apenas conseguia pensar que queria ser igual. Porque sentia falta de Jeongguk. Sentia falta de ficar sozinho com ele, e... Gostou de beijá-lo...

Mas principalmente, estava tomado por lembranças. Todas as noites seu coração batia forte e ele apertava as mãos nos lençóis, constrangido com a forma a qual ficava com o rosto queimando somente por lembrar do olhar de Jeon. Do rosto dele tão perto do seu, e o intimidando. Mas não rudemente...

Honestamente: estava perdidinho. E sempre que olhava para Jeongguk, de longe, e também de perto, sentia-se levemente derretido por todo o sentimento que ele causou em seu interior.

Ah, por Deus. Eles precisavam conversar, porque Jimin sentia saudades. Por que deveriam se afastar se tudo era recíproco?

Não sabia se causava em Jeon tudo que ele causava em si. Mas sabia que se pelo menos metade do sentimento estivesse ali, estaria feliz. E muito satisfeito.

Ele ficou muito nervoso depois daquele acontecimento, não podia negar. Aquela insegurança e o medo, principalmente o medo, o cegavam verdadeiramente. Embora Jimin tivesse crescido em uma casa onde os preconceitos não eram implantados, ele convivia com uma sociedade que enxergava tudo aquilo como uma doença. Diziam que se você sente "tal coisa", é porque aconteceu "isso" com você. E que você está doente, e que não é natural, mas... Caramba, não parecia nada disso. Chegava a ser estranho, porque o sentimento de querer Jeongguk e gostar dele, era semelhante — e mais intenso — ao de gostar de uma garota. Por que tinha que ter tanta diferença?

Por que as coisas eram assim?

Foi o que se passou pela cabeça dele por dias e mais dias, mas depois de tanto tentar entender e estudar — sim, estudar — sobre isso, não conseguiu achar nada, absolutamente nada que o convencesse de que era absurdo. Honestamente, ninguém parecia ter argumentos bons na hora de dramatizar e abominar os sentimentos que pessoas como eles possuíam. Tinha certeza de que Jeongguk sabia disso, e talvez por esse motivo fosse tão calmo.

Afinal, ninguém podia definir o que seus sentimentos significavam além deles mesmos. Só eles se conheciam, e Jimin sabia disso.

Agora ele sabia. Naquela noite em especial ele sabia. E desejava ter descoberto antes.

A questão é que agora ele tinha algo para dizer para Jeongguk. Não queria chegar nele tendo apenas a vontade de estar junto. Queria ter coragem de estar com ele, coragem de aceitar todo o fuzuê de sentimentos e, bem, agora ele possuía. Depois daquele show, precisariam conversar.

Os Garotos de Liverpool {kookmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora