Conto 1

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A garota desceu os degraus do ônibus que tinha chegado na cidade. Nenhum conhecido a esperava, mas ela sabia que não precisava necessariamente de alguém. Tinha trazido apenas uma mala de mão, e mais nada.

A rua não estava cheia de pessoas: passou despercebida entre eles muitas semelhanças entre si: todos tinham idade avançada, nenhuma criança, nenhum adulto. 

Ao entrar na rua principal da velha e pequena cidade viu seu rosto estampado em pequenos cartazes. Tentou arrancar da parede o primeiro que viu, mas quando tirou da parede, havia outro em seu lugar, maior do que o anterior.

Ainda tentou mais algumas vezes, mas acontecia a mesma coisa. Uma idosa coberta da cabeça aos pés se aproximou da garota para lhe dizer o que ninguém daquela pequena cidade diria:

- Minha menina. essa não é uma cidade normal. Coisas acontecem e não sabemos de onde vêm. Coincidências que não são meras coincidências, pessoas que são sorteadas para morrer.

A garota ficou um pouco assustada com os dizeres daquela idosa, mas logo se recuperou. Não esperava chegar na cidade e vê-la vazia, com cartazes que aparentemente eram dotados de algum tipo de misticismo.

A idosa logo se afastou, deixando a semente da dúvida na cabeça daquela garota. Logo, foi procurar o delegado da região para indagar sobre os cartazes colados nas ruas que falavam sobre ela. O delegado respondeu à sua indagação de que não sabia de nada. Um pouco confusa, esqueceu de procurar um lugar para se hospedar e foi procurar alguém que pudesse responder aquele enigma,  já que nem a autoridade respondeu.

Ela voltou para a rua principal da pequena cidade, uma rajada de vento subiu a poeira da calçada e alguns cartazes soltos que estavam pelo chão. Ela pegou um deles que havia alcançado-a, e resolveu queimar.

Como a idosa tinha falado, aquela cidade era mágica. O fogo se alastrou subitamente , atingindo os cartazes que estavam pregados na parede, como se tivesse jogado álcool para queimar mais rápido. As cinzas se espalharam pela rua, e poucos haviam presenciado aquele fenômeno que para ela era surreal. Se entreolharam e os idosos tinham consentido com a cabeça. Mas de repente seus ombros foram agarrados por duas mãos enérgicas.

- Você não tem ideia do que fez, menina!

- Eu não estou entendendo onde você quer chegar...

- Por que essa cidade tem apenas idosos como moradores?

- Eu realmente não faço a mínima ideia.

- Porque nossa morte é definida por um alguém sem coração, e enquanto isso vivemos além de todas as expectativas.  O seu cartaz era para mostrar a única que poderia encará-lo. Agora você está presa conosco e essa maldição continua.

A garota parou por uns instantes, e pensativa, e sem dizer a real verdade, respondeu com educação aquele homem.

- Eu vou voltar e ajudá-los. Vocês não podem ficar à mercê de um jogo de sorte.

O barulho do trem ao longe denunciava sua partida, e apressou sua ida para a estação. Comprou o bilhete e olhou para trás, vendo alguns idosos a observando. Sua reação foi imediata com um sorriso. Assim que ela subiu um dos degraus do trem, ela abriu os olhos e com o coração palpitando. Olhou ao redor e viu que estava no seu verdadeiro quarto. Olhou para o teto até conseguir dormir novamente.

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