Conto 9

3 0 0
                                    

Eu poderia descrever tudo que realmente poderia existir de melhor, as melhores qualidades, mas... nunca será o bastante para que preencha todas as lacunas exigidas. Quanto mais se adquire, mais se exige, mais se esforça, e ser um esforçado é sinônimo de nada, perdoe-me a franqueza.

Sabe? Não se perdoa, porque você não perdoa também. Esse monólogo é para lembrar que ninguém perdoa, no fundo. Uma guerra eterna, invisível aos olhos, esperando a próxima atitude a ser tomada, com viés extremamente agressivo. Isso sim, soa à primeira materialidade. Quando foi que surgiu, em que momento, quem definiu essas regras? Alguém que perdoa me conte que eu conto de volta. Ou alguém que não perdoa e sai munido de suposta defesa até a alma para atacar e aterrorizar, blindando-se do querer é poder? 

Tantas perguntas assim podem ser motivos para uma emolduração negativa, uma espécie de passaporte para o que é contrário às crenças atuais, vulgo "ignorância", oposto aos interesses ideais até de quem não se importava comigo há uns anos atrás. Mas agora não, a situação é outra e estão precisando de um bode para expurgar todo o mal que andam consumindo. É uma guerra espiritual.

E essa guerra agora não tem fim. O estímulo à aniquilação, à dizimação, exaltado por causa de capítulos violentos de leituras ensimesmadas, expandidas para a prática cruel da eliminação do ser, são comemoradas como se dividissem um bolo entre si.  A subversão das palavras e de pensamentos são submetidas ao jugo da tirania e da violência. 

Percebe-se a grande depressão espiritual quando são acometidos por todos os tipos de violência que pode existir, justificada por uma guerra pela sobrevivência, desperdiçando o "boa" estar com o que não tem condições, ou com o que pode ter condições permanentes ou momentâneas por oportunidade ou poder. Posso não ser o mais inteligente do mundo, o mais erudito, o mais informado, porém a violência é muito tangível, afeta a muitos e andam praticando à vontade o estímulo da prática, sendo retórico mais uma vez.

E volto a perguntar: nessa guerra, o que sobra de bom? Acredito que nada. Gatilhos preparados, descartes prontos. O lixo é o melhor destino final para quem porta violência, o espírito vem bem depois. Primeiro a sensação de que está se livrando de algo pesado, como um objeto. Então, ainda acha que há algo de bom nesse cenário? A resposta fica com você.  As coisas boas dos descartes ficam com quem os honram. Não é assim?

Ainda insisto nas coisas boas porque não é somente as más que emolduram e formam alguém, apesar dos insistentes da atualidade apontarem somente o mal, e por vontade própria eu querer apontar aquilo que é mal sabendo do ato suicida que estou cometendo. Um dedo contra armas é bem discrepante, é pedir para morrer. Na atual conjuntura, onde querem ansiosamente gastar cartuchos de bala, é o momento para solucionar a ânsia mundana de violência.

Contos Desimportantes Mas Que Tem Importância Onde histórias criam vida. Descubra agora