As luzes piscavam fracas, dando um ar sombrio e assustador ao local. O extenso corredor era sujo e escuro, sem portas ou janelas apenas com as lâmpadas fracas, e imerso em um completo silêncio, a não ser por um único som:
Passos.
Passos largos e fortes ecoavam pelo local, deixando marcas no piso molhado e empoeirado. Quem avistasse de longe, era possível identificar a figura de um homem, alto e forte, com um terno fino na cor preta. Sua face estava séria, com um leve misto de preocupação e medo.
Uma criança estava segurando sua mão, andando aos tropeços tentando acompanhar o homem. Em sua face, as lágrimas já secas deixavam marcas avermelhadas pela face pálida da criança. O cabelo bagunçado e o pijama amassado indicavam que a mesma havia acabado de acordar, o que não era uma surpresa, afinal, eram exatamente três horas da manhã.
— Papai... Para onde estamos indo? Onde está a mamãe?
A garota perguntava a cada passo dado por eles, mas o homem não respondia. Ele nunca respondia. Após a criança repetir a pergunta pela quarta vez, o homem parou bruscamente, assustando a pobre criança pendurada em seu braço. A garota olhou para frente assustada, vendo apenas uma enorme porta de ferro, com um crucifixo pendurado. Ela viu seu pai empurrar a porta e lhe empurrar com apenas um braço para dentro do quarto escuro.
— Papai!! Está escuro, estou com medo... O que está acontecendo?
E antes que pudesse se virar para ver o rosto do amado pai, a pequena garota ouve um baixo "click", seguido por um baque.
A criança se quer teve tempo de prever o que iria acontecer ali, apenas pode ver seu tão querido e amado pai engatilhando uma arma e apontando para sua cabeça, atirando em seguida. Antes de seus olhos se fecharem para sempre, ela ainda conseguiu ler os lábios de seu pai dizendo:"É para o seu próprio bem, querida..."
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A chuva fina molhava os pés de Kurenai, mas ela não se importava. O cemitério estava quase vazio, tendo no local apenas umas seis ou sete pessoas. Foi um fatídico acidente, afinal, nunca houve antes na história da pequena cidade um assassinato tão brutal. O pai matou a própria filha a sangue frio, por conta de uma superstição boba.
Bem, talvez nem tão boba assim.
Kurenai depositou as belas rosas brancas no túmulo da pobre criança e ficou ali, em pé ao lado do túmulo. Kurenai usava um vestido longo, que arrastava no chão, na cor vermelho sangue com detalhes e entornos na cor preta. Em sua cabeça, um chapéu vermelho de abas longas adornava seu fino e pálido rosto, com seus olhos cobertos por um óculos escuro e destacando seus longos cabelos escuros. Não foi atoa que recebeu o apelido de "Dama de Sangue", afinal, vermelho vinho é sua cor favorita.
Por ser uma cidade pequena e conservadora, a maioria dos moradores não compareceram ao enterro por acreditarem nos boatos da garota ser uma bruxa. Ora, aquilo não era uma total mentira, afinal, a garota descendia das grandes bruxas de Salem. Mas aquilo que fizeram com ela... Aquilo foi uma crueldade total...
Kurenai suspirou fundo e saiu caminhando pela pequena cidade, recebendo alguns olhares e comentários maldosos do povo recatado e preservado do lugar. Ao longe avistou o topo de uma Igreja e fez uma careta um tanto engraçada. Virou-se para o lado oposto a igreja, e um sorriso se fez presente em seu rosto.
A Floresta.
Kurenai saiu caminhando calmamente, enquanto as pessoas permaneciam olhando estupefatas. Afinal, qual seria o motivo da bela dama ao se dirigir a floresta já tão tarde assim?
Depois de alguns minutos de caminhada, Kurenai já se viu longe o suficiente da estranha cidade, então com um sorriso sedutor nos lábios disse:
— Quanto tempo, Kakashi...
— Ora minha Senhora... Se solicita a minha presença, eu venho de imediato para atendê-la.
— Mas agora, não será tão simples, meu querido. Como anda aquela Mansão na cidade de Kadykchan, na Rússia?
— Bem, Senhora... A cidade se tornou uma cidade fantasma, inabitada. Tivemos de fechar o Coven, e perdemos a maior parte de nossas bruxas para a fogueira, senhora.
Disse o homem intitulado Kakashi, finalmente saindo das sombras. Era um rapaz elegante, usando um terno Armani e sapatos negros muito bem engraxados. Era alto, possuía em torno de 1,85 de altura, com cabelos albinos e pele pálida. Seus olhos tinham um brilho negro, como se esperassem seu coração em uma bandeja.
— Ótimo, sem testemunhas será ainda melhor. Por favor, reforme o lugar. Pretendo instalar meu Coven por lá.
— Claro, Senhora. Mais algum pedido?
— Tem duas semanas para terminar a reforma. Eu irei buscar minhas garotas, e formar o novo Coven.
E após terminar a frase com um estranho sorriso, a mulher se virou e voltou caminhando pelo mesmo caminho de onde veio. A Era das Bruxas estava se iniciando.
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Witch House, Bitch
ParanormalApós anos nas sombras, Kurenai decide reunir as três herdeiras de três panteões diferentes ao redor do mundo para formar seu novo Coven em uma cidade fantasma na Rússia. Porém, o ressurgimento de um antigo grupo de caça as Bruxas, conhecidos apenas...