Our Story

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Karin

Após Kurenai sair, um dos empregados veio até nós e disse que estávamos dispensadas para explorar a casa. Temari correu para a biblioteca, e Hinata subiu para seu quarto para descansar. Acho que ela ainda estava se acostumando ao fuso horário daqui. Fique mais alguns minutos sentada a mesa, sozinha, enquanto terminava um copo de suco de laranja. Um dos empregados veio e pediu permissão para retirar a mesa, e enquanto ele o fazia, eu peguntei:

— Só você trabalha aqui? Qual seu nome?

— A Senhora Kurenai mantém outros empregados. Me chamo Juugo, Senhora.

— Senhora? Tenho idade pra ser quase sua filha. Pode me chamar de Karin.

Respondi, depois de rir da cara de confuso dele. Por incrível que pareça, eu só havia visto funcionários homens desde que chegara àquele casarão enorme. Era estranho que uma mulher que parecia idolatrar tanto a figura feminina não tivesse mulheres em seu ambiente de convívio, então voltei a dizer:

— Por que todos que trabalham aqui são homens?

— A Senhora Kurenai nos comprou. Éramos servos de uma família de Vampiros, e seríamos mortos em breve, mas ela nos comprou em troca de lealdade.

Me engasguei com o suco que estava bebendo, e enquanto tossia que nem uma doente, vi Juugo vir me acudir batendo em minhas costas. Quando finalmente me acalmei, virei pra ele perplexa

— Vampiros? Tá louco, mermão? Já num basta essa história doida de bruxaria, tu ainda me mete Vampiro no meio?

— Calma, Senhorita... Quando suas aulas começarem, você deve entender melhor sobre as criaturas místicas que vivem entre nós e irá aprender a identificá-las. Mas isso é um assunto que apenas a Senhora Kurenai pode te explicar.

Disse ele, levando meu copo e o restante dos itens da mesa para a cozinha. Me despedi e sai do local quase que correndo, subindo as escadas de dois em dois degraus e parando no corredor. Eu não lembrava nem qual era o meu quarto, pra tu ter noção do quão grande aquela casa era. Dei de ombros e abri a primeira porta que encontrei, vendo uma Hinata praticamente desmaiada na cama, abraçada com um travesseiro branco que estava levemente babado. Ela era bonita (Bem bonita, diga-se de passagem), mas meu gaydar não chegou nem perto de apitar. Mais uma crush hétero pra eu sofrer por uns meses. Cries in bissexual language.

Sai de fininho do quarto, fechando a porta com o maior cuidado e voltei a correr pelo corredor, abrindo pelo menos umas três portas até encontrar meu quarto. Entrei e fui direto na estante de livros que tinha ali. A primeira vez que eu vi aquilo, eu só consegui rir, já que leitura não era lá o meu passatempo preferido, mas finalmente eu via uma utilidade para aquilo. Fui lendo os títulos de um em um, até achar um que me interessasse: História da Magia e Bruxaria.

Me joguei de bruços na cama e abri na sexta página, pulando o Sumário e os Agradecimentos Iniciais e começando a ler o primeiro parágrafo.

"Desde a antiguidade, a humanidade sempre acreditou em Deuses e Deusas. Ao redor do mundo, surgiram diversos panteões com diversos deuses. Consideramos os mais importantes o Panteão Grego, Egípcio, Nórdico, Xintoísta, Tupi e Africano."

Parei para pensar naquilo. Minha avó tinha algumas estátuas pequenas de bronze dos Deuses Nórdicos, mas eu nunca tinha levado a sério. O mais próximo que eu já cheguei da Mitologia Nórdica foi quando me fantasiei de Thor, o Vingador, pra ir numa festa a fantasia. Voltei a leitura.

"Em todos estes panteões, mantém-se presente a soberania de uma trindade que se quer os Deuses mais poderoso são capazes de desafiar: As Moiras, segundo o panteão Grego. Elas receberam diversos nomes ao redor do mundo, mas em todos os panteões mantém-se um padrão: Três mulheres encarregadas de cuidar do passado, do presente e do futuro. As Senhoras do Destino. Nem Zeus, Odin ou qualquer Deus poderoso era capaz de desafiar as três mulheres que representavam o sagrado feminino e são o pilar principal da Bruxaria. Não importa qual o seu panteão, você deve reverenciar e enaltecer a Deusa Tríplice"

Fechei o livro rápido, assustada ao ouvir alguém entrando em meu quarto. Quase coloquei o café da manhã pra fora ao ver Kurenai parada na porta, com a sobrancelha erguida me encarando desconfiada. Sorri amarelo enquanto me levantava para guardar o livro de volta na estante e ouvia ela dizer:

— Primeiro Andar, terceira porta a direita. Sua primeira aula, não se atrase.

Acenei com a cabeça e fui calçar meus tênis para descer. Os quartos eram no segundo andar, então desci as escadas coçando a barriga e soltando um arroto perto da sala. Quando entrei, todos me encaravam. Ok, talvez tenha sido um puta arroto.

— Estávamos esperando apenas a Senhorita. Sente-se.

Disse uma mulher que estava parada próxima a mesa. Percebi que não se tratava de uma sala de aula, mas sim, de uma sala normal, com uma TV gigantesca e uma única mesa com vários lugares. Na verdade, essa parecia uma daquelas salas de reuniões daqueles escritórios chiques ao invés de uma sala de aula. Me sentei entre Hinata e Temari, que sorriam para mim, até a professora começar a falar.

— Sou Guren. Fui escalada pela Senhora Kurenai para ensinar-lhes sobre a história das bruxas. Ela disse que escalou cada uma de vocês acordo com um panteão específico. Sabem me informar qual o de vocês?

Olhei para as meninas para ver se alguma delas sabia do que se tratava, e Hinata parecia tão perdida quanto eu. Percebendo nossa confusão, Temari se adiantou e disse:

— Panteão significa conjunto de Deuses de uma determinada religião. Eu vim do Egito, então creio que eu seja seguidora do Panteão Egípcio, por mais que minha família seja Muçulmana. Karin veio da Dinamarca, e o panteão mais próximo é o Nórdico. Já Hinata veio de uma tradicional família japonesa, não deixando dúvidas sobre o panteão Xintoísta.

Respondeu prontamente. Ela falava bonito e parecia dominar bem o assunto. Senhora Guren acenou com a cabeça, visivelmente impressionada, e então voltou a falar:

— Vocês podem ter manifestado outra fé durante a vida de vocês, mas a verdade é que vocês foram escolhidas por Deusas importantes de seus respectivos panteões. Por isso Kurenai foi buscá-las. Na aula de Magia, minha irmã Anko irá ensiná-las a se conectarem com suas Deusas padroeiras para pedirem por proteção e força. Comigo, vocês apenas verão a parte histórica do processo.

Assim que Guren terminou de falar eu levantei a mão, para fazer uma pergunta. Ela me encarou com uma cara de "Cuidado com o que vai dizer" e me deu a permissão.

— O cara da cozinha falou que existem lobisomens e vampiros. Existem mesmo esse tanto de bicho doido que a gente vê nos filmes? E se existe, como ninguém normal reparou nisso ainda? Tipo, a porra de um lobisomem andando por aí.

— Sim, mas nós não costumamos chamá-los de Lobisomens, é um termo informal e um tanto ridículo. Eu prefiro o termo Lycan, inspira elegância. Não apenas Lycans, mas Vampiros, Fadas, Gigantes entre outras criaturas que parecem míticas a vocês. Depois que os humanos começaram a caçar as fadas, matar os gigantes e aprisionar os duendes, os Deuses criaram uma espécie de filtro que protege qualquer Magia. Além disso, temos leis rígidas sobre o uso de magia na presença de humanos, por isso vivemos numa casa tão afastada.

Dei de ombros, achando uma boa resposta. Hinata levantou a mão em seguida, e Guren lhe deu a palavra.

— Há tantos Deuses e panteões... Qual é o mais forte? Tipo, o Deus supremo?

Aquela pergunta fez Guren sorrir de canto a canto. Deu até um arrepio.

— Em todos os panteões, uma figura tríplice e feminina se faz presente. Ela é forte, temida e respeitada até mesmo pelos Deuses maiores de cada panteão. Nós as conhecemos apenas como Deusa Tríplice, mas vocês já devem ter escutado algo a respeito de Parcas ou Nornas. Ela representa o passado, o presente e o futuro, e nós Bruxas a tomamos como nossa padroeira, um símbolo do sagrado feminino em sua força e poder. Devem cultuar as Deusas de seus panteões mas acima de tudo, devem cultuar a Deusa Tríplice.

Hinata concordou com a cabeça, indicando que havia entendido. Guren esperou por novas perguntas, mas não vieram. Ela suspirou e disse.

— Muito bem, vamos começar com a aula de hoje falando sobre todas as raças de criaturas existentes em nosso planeta. A aula vai ser longa, espero que estejam confortáveis.

Witch House, BitchOnde histórias criam vida. Descubra agora