Capítulo 1

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  Caro leitor, se você quer uma história com começo, meio e fim felizes, eu imploro: procure outro livro na sua estante. De todos as histórias do mundo, essa é a mais triste (com exceção, talvez, das outras 13). Se não quer infortunar a sua vida, jogue esse livro pela, janela. Ou então, em algum momento, as desventuras em série o farão jogá-lo. Eu vou te dar uma chance. Está vendo o espaço em branco? É a sua chance de ir embora.













  Por obséquio, esse livro só deixará sua vida infortunada (isso se esse é o primeiro da série que você lê, se não, adicione um "ainda mais" antes de "infortunada"). Eu darei uma segunda chance!
















  Se está aqui até agora, é porque deseja. Então vamos lá. Lembre-se que é por sua própria conta e risco.
  Depois dos eventos do "Capítulo 14", eu fiquei sem ouvir as histórias dos irmãos Baudelaire por um longo tempo. Até que um dia, recebi uma surpresa. Com ela soube que eles estão vivos, e quem sabe poderia encontrá-los. Essa mesma "surpresa" me contou o que aconteceu com as crianças, e se quer estragar a sua vida, leia esse livro, onde escrevo o que ouvi.
  Mas antes de contar o que aconteceu depois deles chegarem pela terceira vez na Praia de Sal, onde tudo recomeçou, temo que devo lhes dizer como isso aconteceu.
  Um ano após serem infectados pelo Micelium Medusóide - palavra que aqui significa "fungo abominável que pode te matar em menos de uma hora"-, e terem sidos salvos por um fruto híbrido, os jovens Baudelaire junto com o bebê Beatrice, foram embora da Ilha. Agora que seu maior inimigo - Conde Olaf - e seus capangas haviam morrido ou desistido da vilania, pensavam que iriam viver felizes para sempre. Mas, infeliz e obviamente, conto a vocês que não foi assim.
  Todos estavam n'A Ilha se preparando para a viagem: Violet Baudelaire, que havia feito 16 anos há pouco, estava reparando o barco para terem segurança durante a viagem. Ela era uma garota linda, de olhos escuros, e tinha um cabelo comprido e preto. Seu maior passatempo era consertar, ou até mesmo inventar aparelhos. Sempre que alguma grande idéia invadia sua mente amarrava os seus pelos capilares para não atrapalhar a sua visão. Sua mente e engenhocas já havia salvado-a e aos irmãos tantas vezes que era até impossível de contar.
  Klaus Baudelaire, que havia feito 14 há pouco, estava revisando possíveis trajetos de volta para a cidade. Agora que a maré estava baixa, eles já poderiam sair de lá. O maior passatempo do garoto era a leitura. Mesmo com a idade que tinha, já havia lido muito mais do que você, e sua família inteira, caro leitor. As suas pesquisas já haviam ajudado os irmãos inúmeras vezes, e se não fossem elas, não teriam passado por tantos perigos vivos.
  Sunny Baudelaire - a mais nova - tinha quase 3 anos. Ela estava preparando a comida da viagem. Seus irmãos pensavam que seu único talento era morder. Claro que ela não acabou com o hábito, mais agora, ela gosta mesmo é de cozinhar. Sua afinidade para morder e seu dote culinário, tiraram os irmãos de várias enrascadas.
  E no barco, já que não poderia ajudar em nada, estava um bebê - palavra que aqui significa "toco de gente que consegue o que quer fazendo birra" - Seu nome era Beatrice, que tinha acabado de fazer 1 ano. O veleiro possuía o mesmo nome da garota, que tinha o mesmo nome da minha amada, que era a mesma mulher que deu a luz aos infortunados Baudelaire. Porém, Beatrice II não era minha filha, ou da I, e sim da minha saudosa irmã, que olha só: assim como meu irmão e metade das pessoas amigas das crianças, morreu drasticamente.
  Os Baudelaire já tinham acabado de arrumar tudo para a saída. "Klaus, Sunny", disse Violet num certo tom de animação, "estamos prontos!"
  "Eu não aguentava mais!", Klaus conta ofegante, "Essa ilha não tinha praticamente nada pra fazer."
  "Pensa lado bom!", Sunny chama a atenção, "Um ano sem Olaf, Esmé, capangas e vilões!"
  "Êêêêêêêêê!", comemora Beatrice.
  "Pelo menos tínhamos essa linda bebê para cuidar!", fala a mais velha animada.
  "Olha só como crescemos!", aponta o irmão do meio emocionado, "Sunny não é mais um bebê, já fiz 14 anos, e Violet já é uma moça. Uma moça linda."
  "Se eu fiquei linda, eu não sei como estão vocês. Eu nem acredito!"
  "Sei que sou linda!", debocha a mais nova, "mas tô com fome de comida de verdade. Quero ir logo!"
  "Sunny tem razão!", decide a inventora, "Vamos!"
  Os 4 jovens estavam no navio. Todos ansiosos, pois ninguém sabia aonde iam e o que os esperavam. E fico muito triste em dizer que mesmo tendo enfrentado um casamento horrível, venenos de répteis, sanguessugas, hipnoses, sessões de DOR, um elevador ersartz no prédio de uma traidora, corvos sinistros, craniectomia, leões ferozes, mosquitos da neve, o alto mar, um hotel com uma sub-sub-biblioteca, um fungo fatal, um conde vingativo, e muitos incêndios, nada, NADA se compara ao que vão enfrentar nos próximos tempos.

Depois Daquelas Desventuras em Série - O Terrível Recomeço - Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora