"Um!", gritou Violet para chamar a atenção dos seus irmãos de que era a hora de usar a última chance. Logo em seguida os três berraram os dois números seguintes, e antes do "já", um olhou para o outro mostrando preocupação.
Enfim, jogaram o pedaço de madeira. Tudo pareceu estar em câmera lenta e aquele desespero não acabava. Naquele momento, os Baudelaire sentiram uma tensão imensa. Não tinham noção do que ia acontecer - expressão que aqui significa "não faziam a mínima ideia se eles ainda iriam poder contar sobre esse dia pra alguém".
Depois de dois segundos que pareciam horas, os quatro órfãos tinham a provável resposta: o toco, após balançar muito no ar por contq do vento, caiu como uma jaca madura no barco. Mas não onde precisavam, e sim do outro lado. Eles perderam toda a fé no momento, pois haviam feito o que mais temiam: decepcionaram Bea. Eles pensavam que seria o fim! O fim após "O Fim". O fim de Beatrice e da alegria dos órfãos. O fim, quem sabe, de suas vidas.
Mas acontece que não foi bem assim. Como já disse, era uma tempestade de muitas ondas e ventania. Em um balanço tenebroso, a metade do barco onde a minha sobrinha estava se virou em praticamente 45° - expressão que aqui significa "um oitavo de uma curva completa". Com isso, a tábua desceu até o buraco, onde eles queriam alcançar desde o início.
"Conseguimos!", clamou Sunny.
"Ainda não.", anunciou a mais velha desanimando os irmãos, "Ainda temos que puxar. Sem vacilar, o que já aprenderam anteriormente que é o melhor a se fazer, os três irmão se juntaram para trazer o barco. Em três únicas puxadas eles finalmente conseguiram alcançar Beatrice. Era o momento mais feliz da vida deles desde que seus pais morreram. Eles sabiam que estavam cumprindo os papéis de tutores.
"Bea!", comemorou Violet carregando a garota, "Nos desculpe. Prometo que nunca mais vou deixar isso acontecer."
"Sua mãe confiou na gente", completou o Klaus, "Não vamos decepcioná-la!"
"Não quero cortar barato", diz Sunny fazendo exatamente o que não queria, "Mas ainda tem tempestade!"
Meu caro leitor, em respeito a você e seu tédio, vou pular a parte em que os Baudelaire se salvam da tempestade. Se quer saber, deu tudo certo da mesma forma de sempre: Violet inventou, Klaus utilizou as pesquisas ao seu favor e Sunny ajudou Beatrice. Agora que já sabe o que aconteceu, vamos para o momento interessante.
Depois de um dia inteiro em alto mar, os 4 órfãos estavam cada vez mais perto de sua cidade natal, mesmo sem saberem disso.
"Eu não lembrava que demorava tanto para chegar", comentou a inventora nervosa.
"É porque da última vez não ficamos acordados durante a tempestade", relembrou o leitor, "Mas nesta, tivemos que enfrentá-la durante pelo menos doze horas! Entretanto, pense pelo lado bom: durante as outras doze houve calmaria"
"Imagina se fosse vinte e quatro naquela loucura!", alertou a ex- bebê. Seus irmãos concordaram, mas antes mesmo de Violet abrir a boca para falar como estava cansada ela foi interrompida por alguém.
"Ei!", gritou minha sobrinha apontando para uma sombra no meio de tanta água. No início era impossível dizer exatamente o que era. Mas após um tempo, a imagem começou a se distinguir do céu. E nesse momento, os irmãos ficaram sem palavras. Era a cidade deles! Depois de 366 dias, 2 horas, 45 minutos e 57 segundos (não sei exatamente os milésimos), eles estavam de volta ao lugar onde suas vidas começaram.
Sem nem emitirem um som, os irmãos se olharam e se abraçaram. Era o dia que marcava o recomeço de suas vidas.
Quanto mais perto da costa, mais ansiosos ficavam. E então, quando sentiram o balançar da canoa ao encostar na areia, a vida deles passou por seus olhos. Isso não quer dizer que eles morreram, mas que lembraram de todas as desventuras que passaram naquela cidade. Lembraram do casamento preparado para Violet e o terrível Olaf, da terrível Avenida Sombria, de todos os incêndios que passaram e principalmente do que o vilão fez para os amados Tio Monty e Tia Josephine, os queridos Quagmire, os voluntários Jacqueline e Larry, os J.S. Jerome, Jacques e a Juíza Strauss, o otimista Phill, o alegre Hector, a nervosa Babs, e muitos outros. Foi um conflito de sentimentos: aquela cidade trouxe muitas coisas ruins, porém muitas pessoas boas.
"E aí", Sunny cortou os pensamentos novamente, "Vamos?"
Os três Baudelaire estavam hesitando, mas todos tinham a mesma certeza: tinham que recomeçar. Então, com um sorriso no rosto, os dois irmãos mais velhos responderam: "Sim!"
Após darem as mãos e segurarem Bea no colo, os três pisaram juntos naquela areia. Apesar de tudo, não era tão ruim estar de volta.
"Bom", Klaus se manifestou, "E agora? Para onde vamos?"
"Precisamos pensar", enunciou a irmã mais velha, "Afinal, a resposta não vai estar em cima dos nossos narizes, não é mesmo?"
E é aí, meu caro leitor, que a ironia e o cliffhanger dizem "oi" - expressão que aqui significa "chegam para te atormentar". Se você não conhece o segundo termo da expressão, é porque não sabe sobre as histórias dos Baudelaire nas Montanhas de Mão-Morta, onde eu explico o significado dela. Porém, se você foi inteligente e não leu o décimo livro das primeiras aventuras dos Baudelaire, cliffhanger é aquele recurso usado por nós, autores, para deixar os seus leitores querendo se matar, onde paramos a narrativa de um capítulo ou livro num momento de extrema importância e/ou tensão. E é isso que eu farei agora.
Depois de Violet fazer aquela pergunta, um som, ao mesmo tempo confortante e ansioso, foi ouvido de cima dos narizes dos 4 órfãos. Primeiramente, eles não entenderam o que ele era, mas depois de alguns segundos, eles se viraram para a direção de onde ele vinha e, novamente, não acreditaram que estavam vivendo tamanha felicidade.
O som era uma voz, na verdade, mais de uma: três. Três vozes parecidas entre si e conhecidas pelos Baudelaire, e que durante um tempo de terror e desconforto na vida das crianças, as confortou. As vozes gritavam algo como: "Baudelaires! Estamos aqui!", e apesar delas virem de uma mancha no céu, os irmãos já sabiam do que ela se tratava: era uma casa móvel auto-sustentável a ar quente que suportava suprimentos, um homem e três crianças.
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Depois Daquelas Desventuras em Série - O Terrível Recomeço - Livro 1
Fanfic• Capítulos já lançados: 5/13 • Em hiato Caro leitor, Se você está procurando por uma história com começo, meio e fim felizes, eu peço para procurar um outro livro na sua estante e que jogue este pela janela, antes que o medo e horror façam-no joga...