Veneno

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Senti meu corpo inteiro gelar dos pés a cabeça enquanto ficava estática olhando o rosto sério de Oliver. Esperei uns bons segundos ouvir a risada dele debochando de mim, mas nada veio. Suas mãos ainda estavam na minha cintura, e eu sabia que estava parada igual a uma imbecil agora.

- O que você disse? - Perguntei em um fio de voz.

- Você tem algum problema de audição?

A estupidez de Oliver me fez sair do meu transe. Era óbvio que ele estava tentando me enrolar, mas dessa vez eu não iria simplesmente ignorar a história que todos pareciam saber menos eu.

- Você é mesmo um babaca! Não acredito que você disse que me ama apenas para me fazer esquecer o que seu pai disse. - Me afastei dele abruptamente saindo do escritório.

Se Oliver não iria me contar, meu pai iria. A brincadeira tinha acabado, e eu sempre odiei esconde-esconde. Noire me olhou confusa quando passei direto por ela indo em direção às escadas, me senti mal por causa daquilo por um instante, mas ela provavelmente sabia que Oliver e eu tínhamos discutido.

Entrei no banheiro do meu quarto batendo a porta com força e me despi jogando o pijama em cantos aleatórios. A banheira grande me chamava para relaxar, mas tive que ignorar ela e ir diretamente para o chuveiro.

- Me amar. - Murmurei. - Quem o idiota acha que é?

Entrei no chuveiro de cabeça colocando a água no modo verão. A raiva ainda corria nas minhas veias como meu sangue, Oliver tinha dito que me ama. Sério sem piscar os olhos quando eu exigi a verdade! Porra, todo mundo estava de palhaçada com a minha cara ou o quê? Ele não podia me amar, nós nos conhecíamos a poucos meses e ele era um verdadeiro imbecil na maioria das vezes em que estávamos juntos. Oliver não tinha o direito de falar algo assim para mim, ele não tinha o direito de fazer meu coração disparar por nada, por uma mentira. Eu cresci ouvi mentiras demais, não aguentaria mais uma.

- Por quê diabos você acha que é mentira? - A voz de Oliver soou me fazendo dar um pulo de susto.

- Eu quero tomar banho em paz! - Gritei do box.

Oliver se calou, mas não saiu do banheiro. Pouco a pouco eu ouvi o barulho das suas roupas caindo no chão e da banheira sendo cheia, ótimo, nem sozinha mais eu poderia ficar.

- Eu falei a verdade, se você me der tempo para explicar... Eu posso te contar tudo. Sem mentiras e sem joguinhos. - Ele falou depois de um tempo parecendo sério.

A proposta era extremamente tentadora, mas não fazia sentido nenhum ficar aqui e não ir atrás dos meus pais. Oliver sempre dava um jeito de me distrair e me fazia perder totalmente o foco, eu precisava de respostas de pessoas de fora dessa casa, desse relacionamento. Terminei meu banho e apoiei a minha cabeça no vidro, Oliver e eu éramos a coisa mais cansativa que eu estava lidando em muito tempo. Uma hora ele estava dizendo que eu iria embora e na outra dizia que me amava, Oliver Wado amando alguém? Era tão irreal que me fazia rir. Oliver era frio, calculista e não se importava com nada. Ele não precisava dizer que me amava para eu escolher ficar, só bastava sorrir para mim como ele sorria na maioria das noites em que eu falava alguma besteira ou me abraçar até eu dormir enquanto fazia carinho nos meus cabelos. Ele só precisava ser ele, eu só precisava dele.

Era extremamente assustador ter esses pensamentos, mas eles eram verdade.

- Vou na casa do Blake, quando voltar nós dois conversamos, ok? - Pedi enquanto abria um pouco do box colocando apenas meu rosto para fora.

Oliver estava na banheira, os cabelos estavam molhados e seus  braços estavam na borda. A pele tatuada também estava molhada e os anéis estavam presente nas suas mãos como sempre, o seu olhar intensamente verde estava preso em mim. Era uma visão e tanto, Oliver era o cara mais lindo que eu conhecia e estava comigo. Eu não conseguia simplesmente entender como ele dizia me amar, parecia ser irreal ele apenas estar comigo.

Contrato EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora