Aniversário?

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- Querida, pode me passar o sal? - Helena perguntou com sua voz doce.

- Você é incapaz de pegar uma coisa sozinha? - Minha mãe a alfinetou me fazendo reprimir uma risada.

Desde que eu tinha me mudado para cá, há um mês atrás, era esse tipo de diálogo que as duas tinham. Helena se sentia intimidada pela minha mãe grande parte do tempo, e Daisy Smell não deixava barato, sempre fazia questão de mostrar que ela tinha mais direito naquela casa de que a própria esposa do meu pai.

- Não tem problema. - Tentei aliviar pegando o sal do outro lado da mesa, entregando-a com um sorriso amarelo.

Meu pai tossiu sem jeito antes de tocar a mão de Helena em um gesto quase meigo. Seu olhar pousou no meu segundos depois e ele sorriu para mim, nunca pensei em como as coisas seriam se ele estivesse realmente pronto para se retratar, mas para a minha total surpresa, isso estava sendo natural.

Meu pai e eu saimos com uma certa frequência no último mês que estou vivendo novamente em sua casa. Ele estava tentando mesmo ser uma pessoa melhor, e eu queria ver até onde isso iria dar.

- Mamãe, você viu a... - Riley entrou na sala de jantar como um furacão, parando de falar assim que me viu. - Não sabia que ela estava aqui.

Ela resmungou em um tom de desdém antes de continuar vasculhando a sua bolsa vermelha atrás de alguma coisa. Nós nos ignoravamos na maior parte do tempo, mas em vezes como essas, ela tentava me inferiorizar com seus olhares baixos e frases cruéis.

- Por quê ela não estaria, querida? - Minha mãe perguntou levando a xícara de café elegantemente até a boca. - Zoe é a dona desta casa.

A boca de Riley se abriu em choque por um segundo antes de o som da minha gargalhada ecoar pelo local. Eu sei que também estava tentando ser uma pessoa melhor, mas, cenas como essas eram raras. Eu finha que aproveitar.

- Sente-se e coma, Riley. Blake disse que você vai resolver alguma coisa na Hawthorn hoje. - Helena mandou, acenando para Alejandro, um dos funcionários que ajudavam na cozinha. - Pode fazer um prato para ela, por favor?

Seu pedido foi atendido rapidamente e em um piscar de olhos, A loira estava sentada do meu lado.

- Por quê a gola alta, Z? Oliver marcou seu pescoço com chupão? - Riley sussurrou me fazendo engasgar com o pedaço de kiwi.

As insinuações de sexo era algo que eu deveria ter me acostumado, Riley parecia saber de todas as vezes que isso acontecia e me infernizava o tempo todo sobre isso.

- Preocupe-se com a sua vida sexual. - Sussurrei de volta, bebendo um pouco de água.

Riley deu uma risadinha malvada, engolindo sua primeira garfada de sei lá o quê que estivesse comendo. Satisfeita com meu embaraço sobre o assunto.

- E então querida, como está Oliver? - Meu pai abriu a boca pela primeira vez.

Agradeci mentalmente por não conseguir corar assim que ouvi o nome dele. Oliver e eu estavamos em uma lua de mel completamente fora de época desde que tínhamos feito aquilo pela primeira vez.

Sempre me preocupei em ter um momento certo, ou em ser especial, mas acho que no fundo eu sabia que aquilo era bobagem. Ele era especial, e isso bastava.

Na última noite tínhamos ido ao seu apartamento no centro de Los Angeles, e como tudo em Oliver, o sexo era intenso. Todas as vezes que tinhamos feito, eu me sentia ainda mais apaixonada e entregue a tudo que estavamos vivendo e sentindo. Ele ria cada vez que eu dizia que o amava e tivemos duas brigas feias por causa da minha quase inexistente convivência com Brian, mas ainda sim éramos perfeitos um para o outro.

Contrato EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora