Oliver

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A escuridão imensa do quarto me acalmava, eu curiosamente nunca tive problemas com escuro, diferente das outras garotas que eu conhecia.

O som da respiração calma de Oliver me causava inveja, eu queria muito estar dormindo agora. Mas eu sabia que eu não iria conseguir, sabia que eu não conseguiria dormir nem tão cedo depois do que ouvi hoje. Eu precisava conversar com alguém sobre isso, mas me obriguei a ficar na cama invés de ligar para a minha mãe. Ela com certeza viria para Los Angeles e faria um escândalo, e eu não queria mais brigas, nem queria ouvir a voz do meu pai por um bom tempo.

Por um momento me permiti pensar em como as coisas eram antes, de como eu lembrava dos nossos momentos a sós. Da vez em que eu acordei assustada no meio da noite por causa de um pesadelo patético com uma boneca francesa que eu tinha ganhado no meu aniversário de dez anos, de como meu pai deu risada daquilo antes de dizer que nada era mais intimidante que ele quando se tratava de mim, e que por isso, eu poderia dormir tranquila. Por quê não importava o que fosse, ou onde eu estivesse, ele sempre iria voltar para mim.

Eu era muito burra por sentir falta dos velhos tempos? Dos tempos em que eu realmente tinha um pai bom?

Um suspiro saiu dos meus lábios quando me mexi, ficando de barriga para cima enquanto encarava o teto escuro.

Eu tinha ciência de que Blake não era mais o meu pai perfeito que sempre imaginei que tivesse a minha vida toda, mas eu só não entendia. Não entendia como as pessoas mudavam de uma hora para outra, nem como de repente, as prioridades delas mudavam com tanta facilidade.

Era terrível e detestável estar crescendo.

- Eu não consigo dormir com você se mexendo desse jeito. - Oliver falou, com uma voz rouca de sono.

- Desculpe, eu não quis te acordar. - Falei sendo falsa. Eu não queria que ele dormisse tão bem enquanto eu estava aqui, sem conseguir pregar o olho.

Um suspiro saiu dos seus lábios antes dele se mexer na cama, ficando de barriga para cima.

- Desembucha. - Falou.

- Como? - Perguntei confusa.

- Mandei você falar o que está pensando.

- Não estou pensando em nada. - Falei indiferente me mexendo mais na cama.

- Sim, está, e dá para ficar quieta? Você se mexe de mais. - Resmungou me fazendo revirar os olhos.

De todas as pessoas que poderiam entender e demonstrar empatia pela minha insônia, me restava apenas Oliver Wado. O cara mais chato e incompreensível que eu conhecia.

- Não consigo dormir. - Admiti, soltando um suspiro.

- É mesmo? - Perguntou sarcástico. - Não percebi, obrigado por me contar.

- Você é um idiota. - Bufei enquanto me mexia novamente, me virando para ele.

- Por que não consegue dormir?

- Por causa do meu pai, não consigo parar de pensar nele. Nem na forma que ele me tratou.

Falei com sinceridade agradecendo a Deus por estar escuro o suficiente para ele não notar as lágrimas que se formaram nos meus olhos.

- Você não teve culpa de nada, Blake que é um imbecil. Não merece você como filha. - Oliver falou sucinto. O tom da sua voz era carregado de raiva me fazendo ficar confusa.

Ele não deveria ter esse tipo de sentimento em relação ao cara que deu o que ele queria.

- As pessoas erram às vezes.  - Defendi.

Contrato EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora