Desculpas

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A ideia absurda de desfazer o contrato era tão real que me dava nos nervos. Nem mesmo com horas, até mesmo dias, de conversa Oliver voltou atrás do que tinha enfiado na sua cabeça.

Na semana seguinte ele tinha chamado meu pai para uma reunião, e tinha se limitado a falar três palavras para mim por dia novamente. A frustração corria em minhas veias toda vez que eu o olhava, eu ainda tinha um único resquício de esperança que ele fosse sorrir para mim e dizer que aquilo era besteira, que um contrato não nos definia e que não precisávamos nos preocupar com isso.

Mas claramente, não foi o que aconteceu.

Meu celular vibrou em cima da minha mesa, me fazendo tirar os olhos da porta do escritório de Oliver. Eu estava me torturando ao tentar imaginar o que estava acontecendo lá, mas era inevitável.

O nome de Maddie estava no touch, e eu rapidamente passei o dedo no botão vermelho. Nós não estávamos nos falando bem desde tudo aquilo, a casa inteira tinha um clima tenso e a vontade de falar com ela não existia. Madson era culpada por Oliver ter colocado uma barreira entre mim e ele novamente, e isso era uma coisa difícil de perdoar.

- Senhora Wado, o Senhor Hawthorn pediu para você ir até a sala dele. - Lizzie falou formalmente e eu me encolhi na cadeira antes de me levantar.

A minha secretária era esperta, ela sabia que estava rolando alguma coisa.

Andei desajeitadamente até a porta e dei duas batidinhas educadas antes de entrar. Meu pai estava com uma expressão totalmente neutra, suas roupas casuais me fizeram tomar um choque inicial. Faziam anos que eu não via meu pai de camisa polo, era quase como se eu sentisse uma sensação familiar.

- Zoe, você pode se sentar? - Oliver perguntou olhando para mim pela primeira vez em dias.

Assenti rapidamente e arrastei uma cadeira para o seu lado. Ele não poderia se distanciar se mim para sempre, era mais do que ingênuo pensar assim.

- Brinn, eu e Oliver andamos conversando sobre esse casamento. - Blake falou esticando sua mão para alcançar a minha.

- Como assim? - Me virei para Oliver ignorando completamente a iniciação de conversa do meu pai.

Oliver suspirou enquanto eu o fitava. As linhas de expressão na sua testa se formaram assim que ele devolveu seu olhar para mim. Os olhos verdes fixos nos meus ficaram gelados, e no mesmo segundo senti meu coração disparar.

- Eu assinei os papéis do divórcio hoje.

Ele falou de uma vez, sem ao menos piscar. Meus olhos se arregalaram rapidamente antes de eu perder completamente a compostura. Todo o ar tinha sumido, a sala parecia ter diminuído em questão de segundos  e eu fiz uma força enorme para não chorar.

Oliver estava me dizendo que não queria mais ficar comigo?

- O que você disse? - Sussurrei em choque.

- Querida, é o melhor para você. - Meu pai retomou a conversa, mas meus olhos não estavam nele. Estavam em Oliver. - Errei muito com você, sei que nenhuma desculpa do mundo vai ser capaz de apagar o que aconteceu, mas, estou disposto a desfazer isso. Sei que você não queria se casar com Oliver, e o fato de eu ter te vendido por uma empresa foi ainda mais desumano. Eu só queria que você me perdoasse, nunca fui um pai muito exemplar mas você não tem nada a ver com os problemas que tenho com sua mãe. Nós erramos muito, e infelizmente esses erros refletiram em você.

Pela primeira vez, me recusei a chorar na frente do meu pai. Quando eu era menor, costumava imaginar todas as noites antes de dormir o momento em que essas palavras viriam. Imaginava minha mãe voltando com as malas enormes e pesadas batendo no piso bem polido, e meu pai e ela se reconciliando como um casal normal.

Contrato EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora