Aaron e Adam

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Ao longo da vida alguns medos irracionais me perseguiram. Medos que não faziam sentido se eu falasse em voz alta, coisas que eu achava que ninguém entenderia se eu dissesse. A principal razão dos meus problemas era esse, eu nunca tinha aprendido a me expressar, e sinceramente, não tinha muitas pessoas dispostas a me ouvirem. Tive medo de ter um filho desde a minha primeira vez, esse medo me corroía de uma forma alucinante. Usava camisinha toda vez, e me certificava de tomar a pílula todos os dias como se fosse café da manhã. Para mim maternidade estava ligado a mãe horrível que tive, e isso eu não queria de jeito nenhum.



Não queria ser como a minha mãe, por mais cruel que isso soasse. Eu a amo, amo tanto que dói, mas agradeço a Deus por ter a oportunidade de fazer tudo diferente. As vezes eu me convenço de que existe alguma razão que justifique tudo que aconteceu, a pessoa que ela é, e a decisão que tomou ao ir embora. Mas é inútil.


Você não pode parar sua vida e se lamentar por quem escolheu deixar você para trás, é perca de tempo.



- Mamãeeeeeeee. - Adam grita correndo em minha direção de forma incrivelmente desajeitada.


Um sorriso enorme se espalha no meu rosto. Ele tinha passado três meses com Charlie e Liam em Mônaco e eu não podia ter ficado mais triste.



- Ah, que bom saber que você sentiu minha falta. - Oliver fala revirando os olhos quando Adam se pendura em mim.


Seus bracinhos pequenos me dão o que eu acho ser o melhor abraço do mundo. Por anos achei que o amor verdadeiro era uma coisa única de homem e mulher, que filhos para mim estava fora de questão. Mas agora tudo que eu penso quando acordo de manhã é no quão sortuda sou por ter uma família. Por ter meus dois filhos que dão sentido a tudo que aconteceu.

- Prefiro ela. - Adam ri sapeca, fazendo Oliver o encarar boquiaberto.



Uma risada vibra em meu peito e eu olho para meu marido com a melhor cara de deboche que tenho enquanto ele arranca Adam dos meus braços, enchendo nosso filho de cosquinhas.



- Tem certeza? - Oliver fala enquanto Adam ri histericamente.

O choro de Aaron no colo de Valerie me tira a atenção da cena. Ele já tinha um ano, mas mesmo assim detestava ficar muito longe de mim e com certeza estava com saudades do irmão. A minha médica e amiga trouxe meu outro filho até mim, enquanto discutia com Madson sobre quantas calorias um ser humano podia ingerir por dia.




Pego o meu bebê nos braços, e diferente de Adam ele não me agarra como se eu fosse seu mundo. Ele simplesmente apoia a cabeça no meu ombro enquanto para de chorar aos poucos. E isso me leva ao pensamento de como filhos são diferentes.


Outro medo que me seguia por aí era esse. Riley e eu vivíamos competindo pela atenção de Blake e Helena quando estávamos na mesma casa, mal sabíamos que eles só se preocupavam com eles mesmos.


- Ronnie! - Adam abre os braços para o irmão, que fecha os olhos para não abraça-lo. - Eu sei que você está acordado!



- Neném não. - Aaron responde, espremendo ainda mais os olhos.




Eu e Oliver damos uma risada alta, vendo o quanto nossos filhos são espelhos daquilo que fazíamos todos os dias. Charlie se aproxima de mim depois de algum tempo, me dando um abraço de urso antes de estender uma sacola para mim. Era natal. Dia vinte e cinco de dezembro, e eu estava com a minha família. Abraço todos que acabaram de chegar antes de nos juntarmos na sala de jantar.



Contrato EscarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora