Uma semana se passou desde que aquele menino apareceu em minha vida e nunca mais o encontrei. Fiquei preocupado, queria saber se o mesmo tinha apanhado ou se conseguia fugir sempre que tentavam pegá—lo. Era estranho me preocupar com um ser humano que eu ao menos conhecia, mas sua aparência pequena despertava algo dentro de mim que não tinha comparações. Eu queria protegê—lo da forma que eu não fui protegido.
E mesmo pensando constantemente em como aquele ser deveria estar conseguindo viver, meu rendimento profissional não mudava. Meus pais tinham voltado — finalmente — para a Coréia e eu estava encarregado de levar a administração da nossa empresa de cosméticos no Japão. Tinha acabado de sair de uma reunião e já era bastante tarde. Caminhei até a saída do prédio, onde já tinham deixado meu carro, e entrei no veículo. Coloquei uma música para tocar e a vontade de dançar foi grande. Talvez quando eu chegasse em casa pudesse ceder ao meu desejo de dançar, mesmo que no dia seguinte fosse sexta—feira e dia de trabalho.
Tive que frear quando o sinal fechou, me fazendo olhar para fora e perceber como aquela noite estava fria. Continuei distraído com a música enquanto esperava o sinal abrir e as dezenas de carros que estavam à minha frente andarem, quando ouvi alguém bater no vidro da janela do lado do carona. Olhei em direção e meus olhos se arregalaram. Abaixei o vidro na mesma hora.
— Boa noite, o senhor não... — e o menino que eu tinha me preocupado durante a semana estava bem ali na minha frente. Ele me encarou surpreso, depois respirou fundo e voltou a falar. — O senhor não gostaria de comprar pães de feijão vermelho para aquecer sua noite? — ele perguntou me amostrando a caixa que ele carregava.
— O que está fazendo a essa hora na rua, Kyungsoo? — questionei ainda surpreso.
— Trabalhando. Vai querer, hyung? Se não, preciso ir ver os outros carros antes que o sinal abra. — ele respondeu e parecia inclinado a se afastar.
— Quanto custa? — perguntei e ele respondeu. — Me vê todos.
— O QUÊ?! — ele gritou surpreso. — Isso dá muito dinheiro!
— Não vai me fazer falta. — repeti o que tinha dito na primeira vez em que nos vimos. — Vamos, agora entre no carro e eu te levarei para casa.
— Não, não, hyung. Isso aqui é coisa séria e eu não posso ficar brincando. Foi bom revê—lo, até outro dia. — e então ele se afastou.
O sinal abriu na hora e eu só consegui vê—lo se afastar para a calçada. Eu não ia simplesmente embora, porque eu me sentia incomodado e precisava entender melhor a reação dele. Liguei o carro e o conduzi até uma vaga para estacionar, onde eu saí e fui em direção ao pequeno garoto que segurava uma caixa, aparentemente, metade cheia de pães de feijão vermelho.
— Kyungsoo, me explica exatamente a razão para estar trabalhando a essa hora e na rua. Você tem aula amanhã. — falei enquanto me aproximava e o vi sorrir.
— Por que se importa tanto? Te vi na televisão esses dias, sr. Kim. Pessoas ricas como você não se importam em nada com pessoas pobres como eu. — e eu senti uma facada ser enfiada em mim.
— Eu sou diferente. — murmurei e sabia que ele não tinha escutado. — Eu me preocupo sim e se não me preocupasse, não estaria aqui fora morrendo de frio. — insisti e ele fitou minha roupa.
Eu tinha saído com pressa do carro e não vestia o meu casaco térmico, então estava tremendo com a temperatura baixa da noite. Foi então que eu percebi que Kyungsoo também tremia. Seu corpo miúdo estava coberto com as mesmas roupas de quando nos vimos pela primeira vez. Tirei meu paletó e coloquei por cima de si, que não negou. Mesmo que tentasse conter sua tremedeira, seus lábios roxos lhe entregavam.
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My Answer
FanfictionKim Jongin é o herdeiro de toda a fortuna Kim. Frustrado por não conseguir ter voz para se impor contra os pais, vive sua vida apenas por viver. O que ele não esperava, era que em meio a uma de suas tentativas de se rebelar em pequenos gestos, ele a...