Capítulo 15 - É Você. É Você.

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Era 13 de janeiro novamente e dessa vez comemorávamos meus 26 anos, 21 anos de Kyungsoo e um ano de casados. Não estávamos em uma comemoração com nossos amigos, porque aquele era nosso dia. Acordamos cedo, tomamos nosso café e arrumamos nossas coisas para fazer um piquinique no parque. Era clichê, mas desde o começo nós dois éramos clichês.

— Amanhã vamos na casa do Dae e do Min? Eu quero brincar com o Koji. — Kyungsoo pediu manhosamente enquanto entrávamos no meu carro.

— Claro! Aquele menino é um docinho. — concordei enquanto ligava o carro.

Jongdae e Minseok haviam adotado uma criança desde que tinham se mudado para a Coréia e começado a trabalhar juntos na empresa da minha família. A criança na verdade era japonesa e o casal tinha se encantado com ela logo assim que a viram no orfanato. Era um bebê de 1 aninho ainda, mas os dois pouco se importaram. Foi complicado adotar o pequeno, porque ambos eram homens, mas no fim nossos amigos conseguiram e agora o garotinho já se preparava para completar seus dois aninhos.

Kyungsoo e eu não tínhamos filho, mas tínhamos três cachorros. Monggu era o que mais dava trabalho e nós sempre riamos com ele. Nossa vida estava bastante feliz e não tínhamos do que reclamar. Havia ocasiões que brigávamos por besteiras, mas nada que fosse sério, apenas o motivo de ter deixado uma roupa suja jogada pela casa ou ter esquecido de fazer alguma coisa.

Dentro do carro nós dois cantarolávamos a música que tocava no rádio. Eu cantava bem baixinho, porque eu sempre iria preferir ouvir a voz de Kyungsoo. Eu amava a melodia que emanava dele, fosse cantando ou fosse chamando por meu nome quando fazíamos amor. Levávamos uma vida tão feliz com nossos sonhos realizados e podendo ficar ao lado um do outro, que eu me sentia nas notas suaves que um piano poderia ter. Desde o começo a minha vida imitava uma arte e não a arte imitava a vida.

— Filosofando sobre a vida, Nini? — Kyungsoo perguntou. Eu concordei com um leve balançar de cabeça. — Está começando a ficar realmente velho hein? Vive filosofando ultimamente. — ele debochou rindo.

— É que eu pareço sempre viver em um sonho quando estou com você. Nunca se pegou pensando em como tudo aconteceu pra ficarmos juntos? Era praticamente improvável que pessoas de classes tão diferentes como a nossa se conhecessem. E ainda nos conhecemos em um país estrangeiro! É surreal! — falei e ele riu. Eu amava sua risada.

— Nini, é o improvável que torna a vida feliz. É o improvável que causa prazer na gente. Tudo bem que eu não gostava de sofrer, afinal, não sou sadomasoquista, mas...

— Você precisa parar de ler Nietzsche, pequeno. Não queremos que você acabe louco né? — provoquei e ele riu.

— Ele acabou louco na nossa concepção de louco, Nini. Posso fazer nada também se eu preciso lê—lo pra faculdade. — ele resmungou e dessa vez quem gargalhou fui eu.

— Amo você se contradizendo. Falou tanto que não queria fazer faculdade e agora está lá, fazendo faculdade de artes cênicas. — zombei e o vi me dar língua. — Muito maturo da sua parte, marido.

— Vai te ferrar, Jongin. — ele retrucou irritado, mas tudo não passava de um charme.

Kyungsoo tinha resolvido fazer faculdade de artes cênicas quando se interessou ainda mais pela arte. Para ele era fácil, porque vivia no ramo artístico há dois anos, mas isso não o impedia de se maravilhar com cada matéria que presenciava. Estava em seu segundo período e vivia reclamando como Platão e Sócrates foram uns idiotas que desmereciam a arte, enquanto Aristóteles ficava em cima do muro e falava que a arte podia ser usada como um caminho para a razão. Na maioria das vezes eu era obrigado a ler tudo o que ele lia, porque só assim para conseguir entender o que ele dizia.

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