23
Mark,
Dois dias depois eu a inda tinha o cheiro dela em meu corpo. Era só fechar os olhos e reviver cada momento. Eu sabia que com o passar dos dias, as sensações, sumiriam, dando lugar ao tesão e ao desejo de tê-la novamente. Sem dizer, no desejo contido em meu coração de amanhecer todos os dias ao seu lado. Então precisava pensar.
Estava travando uma luta interna para não sair correndo atrás dela e trazê-la de volta, mesmo contra sua vontade. Obriga-la a ficar comigo como castigo por ter me feito apaixonar de tal forma, mas uma coisa que os D'Angelis começaram a jogar em minha cara depois de me contarem que eu não era filho de Catarina, e que deviam estar certos, é que em meu sangue não corria o sangue destemido deles. Que eu era fraco demais. Não lutava pelo que queria e nem era persistente. E agora eu agradecia a Deus por entender que nem sempre, no caso deles, destemido tinha um bom significado. Eu entendo, e espero que a Sofia entenda que nesse momento eu apenas esteja respeitando sua vontade.
Por aqueles dias, eu tive que admitir... Mesmo sem conhecer minha mãe, deveria ter muito do caráter dela, graças a Deus. E por isso entendia que a Sofia precisava tomar por si mesma, seu espaço na sociedade. Tanto profissional, quanto pessoal.
Quando descia naquela terça-feira para o trabalho, vi um homem de costas, ao bar do hotel, e nem precisava dizer que o reconheceria em meio a uma multidão.
— Liam! — Cumprimentei.
— Espero que possa adiar um pouco seu trabalho e se reunir à nós na mansão D'Angelis. Seu antigo lar até pouco tempo.
— Lar? — Fiz uma menção de rir, porém não prossegui. — Lógico. Eu não tenho horário para bater ponto.
Acompanhei-o até o lado de fora, percebendo que ele esperava que fôssemos com meu carro. O manobrista logo estacionou diante de nós, e para não perder o costume, o Liam foi reclamando.
— Qual o motivo de ainda manter esse carro popular? — Se arrumou no assento e colocou o cinto de segurança. Dei partida no carro, e sorri.
— Ele me leva onde preciso. É econômico. Não vejo o motivo de adquirir outro no momento.
— Segundo as revistas, você está na lista dos mais ricos do país, enquanto as empresas de sua família afundam. — Eu deixaria que o Liam caísse em sua própria armadilha. Agora eu era família. Que piada. Só faltava me abraçar e me beijar no rosto.
— Se não me engano, quando foi estudar no exterior, sua função única e exclusiva era voltar e administrar os bens da "família" para não chegarem a esse ponto.
— É o que tenho tentado desde então. Mas do jeito que me foram entregues, era quase impossível evitar chegar onde chegamos.
— Não penso assim. Talvez seja suas escolhas. Fazendo acordos mirabolantes? Tentando se dar bem às custas do dinheiro alheio? Eu pensava que ensinavam investimentos. Cortes de gastos. Economia... Essas coisas, nas grandes universidades de administração. — Pensei que com toda sua arrogância, iria me responder à altura, mas não, sabendo quem detinha o dinehrio, quis apelar para meu lado sentimental. Sem saber que eu estava imune às chantagens da família fazia algum tempo.
— Nunca irá entender sobre sacrifícios. E eu não te condeno Mark. Tiraram você do convívio de sua mãe. Se não o tivessem feito, entenderia metade de minhas ações pelo bem de minha mãe.
— Para Liam! Acho que amor de mãe para filho e de filho para mãe, ou deixa eu me corrigir. Amor, Liam, não precisa de sacrifícios. Não nesse do tipo que vocês fazem. De sempre prejudicar alguém. Tramar contra pessoas. Se tivessem me tratado como um filho, e você não tivesse aprontado tanto, acha mesmo que eu teria tanta resistência em ajudar? Quantos casos de famílias em que o bastardo, ou o filho adotivo, ajuda mais que os filhos biológicos em gratidão. E eu não teria feito diferente. Mas, você se revoltou quando soube que minha mãe tinha dinheiro. Ao invés de continuar nossa amizade. Lembra? Já fomos amigos um dia!
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Todos os caminhos me levam até você!
RomantikNem sempre existe uma terceira pessoa ao fim de um relacionamento. Talvez o que exista sejam sonhos antigos. Deuses ultrapassados, aos quais nos apegamos. Príncipes que jamais existiram, mas que sempre nos impediram de ver nossas possibilidades em n...