21

1.4K 360 51
                                    


Mark,

A primeira mudança da Sofia, além do cabelo; das roupas; do olhar; e eu poderia ficar ali, listando uma infinidade delas, era também o advogado. Mas provavelmente ela também estava surpresa com a mudança do meu advogado. E a julgar pelo jeito que me olhava, minha parecia também a tinha surpreendido muito.

— Então vamos dar prosseguimento a essa audiência. Senhor Mark! Bom dia!

— Bom dia! — Eu não tinha coragem de encarar os olhos da Sofia sobre mim. Era piedade o que eu vi de relance? Aquilo estava acabando comigo, mas eu não desistiria. Permaneceria ali firme. Agora eu sabia o que ela tinha em mente. Ela assinaria o divórcio para viver seu grande e novo amor.

─ Bom... Cheguei a pensar que se tratasse de um trote essa audiência. Por isso, fui até a antessala ver se o cônjuge estava mesmo presente. — O Juiz brincou com nossas ausências. Ela faltou à primeira, embora eu não estivesse presente, havia assinado a procuração. Nem isso ela havia feito. Eu não compareci à segunda, mas devido ao nervosismo dela e suas inseguranças ele suspendeu a audiência. — Vou me dirigir um pouco mais dessa vez ao senhor e repetir algumas palavras que disse à sua esposa da outra vez. Este é o tipo de audiência em que a gente sempre tenta conciliar o casal, para manter a sagrada instituição do casamento. E como não temos uma ação de divórcio litigioso, é isso que eu tento fazer de bom coração, uma última tentativa de reconciliação. Eu tenho aqui em minhas mãos o processo, vejo que ambos, mudaram de advogado, senhora Sofia agora representada pelo senhor Antônio Araújo e o Senhor Mark representado pelo senhor Caio Solto. Mas não ainda essa mudança tem algo a ver com alguma mudança no andamento do processo. Senhor Antônio Araújo tem algo a dizer?

— Não senhor meritíssimo! Minha cliente, inclusive trouxe um novo documento abrindo mão da parte que seria por direito dela na partilha dos bens. — Eu fechei os olhos para não questionar aquela atitude da Sofia como uma quebra de qualquer laço comigo. — O juiz deu um pequeno sorriso.

— A senhora tem noção do que está fazendo?

— Sim senhor!

— Está com tanto ódio assim de seu marido? — Ela me olhou assustada, e eu a encarei dessa vez. Eu também tinha interesse nessa resposta. — Porque coagida eu não acredito que esteja sendo. A senhora é uma mulher muito inteligente e esperta. O trouxe diante de mim. Só pode estar agindo por amor, ou por ódio.

— Nem um nem outro eu lhe garanto senhor. Eu apenas não quero ficar com o que não me pertence.

— Mas esse dinheiro lhe pertence por direito, ou o senhor Mark teria feito um contrato com a senhora com separação total de bens. Ou teria feito qualquer outro tipo de contrato. Mas no dia em que se casaram, ele decidiu que se algum dia vocês viessem a se separar, você teria metade do que fosse dele.

— Não senhor, ele não fez. A família dele o fez! Na verdade, aplicaram o golpe no Mark, coitado. O obrigaram a se casar comigo, e logo depois a gente se separaria, e eu me casaria com o irmão dele e daria todo o dinheiro para o irmão.

— A metade a senhora quer dizer. — O Juiz retificou.

— O senhor acredita que do jeito que eu era idiota na época eu daria o que ele pedisse.

— Como a senhora disse idiota, está dizendo que não é mais. Então agora tem consciência, que esse dinheiro lhe pertence, e não precisa deixa-lo com o Mark, e muito menos dar ao irmão do senhor Mark.

— Isso Sofia! — Falei pela primeira vez. — É seu para gastar como quiser. Para ajudar no seu recomeço.

— Veja! São palavras conscientes de seu próprio marido. Aceite! Sabe quantas mulheres entram nesta sala querendo dobrar o valor estipulado pelos maridos?

Todos os caminhos me levam até você!Onde histórias criam vida. Descubra agora