Sofia,
— Bom dia minha querida Sofi! — Quando Guimarães beijou meu rosto aquela manhã, foi o primeiro alívio que tive, desde minha discussão com o Bernardo na sexta-feira.
— Bom dia! — Dava para ver que meu humor não era dos melhores. Estava até inclinada a marcar com minha obstetra uma consulta para garantir que estivesse tudo certo com o bebê.
— E Bernard? — Ele se servia do desjejum fingindo um falso interesse no amigo. Falso sim! Eu melhor que ninguém sabia que Guimarães estava contra nosso relacionamento. Não desde o início, mas desde algum ponto em que eu deixei passar despercebida.
— Não deu notícias. Acredito que não estava tão apaixonado como se apresentava. — Mordi o pedaço de pão que ele colocou à minha frente.
Bernardo era o homem do sonho de qualquer mulher. Elegante! Tão jovem e tão bem sucedido em sua profissão. Quando me propôs casamento, logo ao saber da gravidez, eu fiquei maravilhada.
Sem exigências! Ele sabia que apesar de todos os meus esforços e tentativas, meu coração ainda batia por uma única pessoa.
Estava tudo caminhando como planejado. Mas a equipe de marketing decidiu que adiantar o casamento, fazer o anúncio e alguns furos em jornais seria a propaganda do livro. E segundo eles, propaganda é a alma do negócio.
Propaganda! Ninguém melhor que o Mark para dizer isso. Eu não discordei. Minhas páginas na mídia, e-mails e visualizações triplicaram. As pessoas pareciam ter ânsia por informações a respeito da vida alheia, mas daí, ele colocar uma nota no jornal com data, hora e local, sem minha autorização foi à gota d'água.
Eu tinha escolhido traçar minhas metas. Trilhar meu caminho. Não seria o Liam, e nem o Mark, mas muito menos o Bernardo a ditar as regras de como minha vida seria de agora em diante. E se não tinha deixado bem claro, ainda, naquela sexta, me sentei com ele e disse tudo o que vinha adiando. Ele não havia aceitado bem! E isso, agora era o que mais me afligia. Porque se tudo não passava de um acordo, por que havia ficado tão furioso? Por que se irritara tanto com o término de nosso suposto "relacionamento"?
Vendo a angustia em meus olhos os Guimarães colocou sua mão sobre a minha.
— Sabe que desde que eu a conheci eu vi em você um grande potencial, e mais que isso. — Apertou minha mão. — Considerei você como a filha que nunca tive.
— Eu sei meu amigo. — Não duvidava. Ele era muito atencioso comigo.
— Quando soube de sua história. Quando me contou sobre ter deixando o grande amor de sua vida no Brasil. Eu não mais passei a apoiar seu relacionamento com o Bernard. E muito menos andando a passos tão rápidos. Não! Não! Quando um coração não está curado completamente, não se deve buscar por outro amor. Por outra paixão. Deve permanecer sozinho. E você nem tentou curar seu coração. Regou cada sentimento por esse homem. Manteve acesa essa chama todos os dias, olhando para dentro de si e alimentando as esperanças de constituírem uma vida juntos. Não! Você e o Bernardo nunca tiveram uma real chance juntos.
O Guimarães tinha toda razão. Mesmo que um dia eu quisesse esquecer o Mark, que não era o caso, o Bernardo não teria sido o homem certo. Primeiro, tínhamos discutido pela forma que ele fizera de propósito em anunciar minha gravidez, e o casamento, em evento público. E quando me disse então que sabia que minha tia e o Mark estavam na plateia e achou que seria uma forma de manter o Mark afastado? Eu simplesmente enlouqueci. Era como se tivesse feito de implicância. Em todo caso, deixei passar uma vez que ainda era cedo para ter duas pessoas surtadas ao meu redor por causa de uma gravidez. Que no caso seria minha tia e o pai da criança. Serviu para deixar o Mark distante por um tempo. Mas essa distância. Esse silêncio... Essa angústia. Essa dor.
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Todos os caminhos me levam até você!
RomanceNem sempre existe uma terceira pessoa ao fim de um relacionamento. Talvez o que exista sejam sonhos antigos. Deuses ultrapassados, aos quais nos apegamos. Príncipes que jamais existiram, mas que sempre nos impediram de ver nossas possibilidades em n...