Sexta-feira - Madrugada
Sofia,
— Moça, não tem ninguém por aqui. A senhora tem certeza que foi aqui que marcaram com a senhora?
— Foi sim! Eles só devem estar atrasados. — O homem do taxi começava a desconfiar. Eu tinha pedido para que ele ficasse comigo ali parado, mas não havia movimento na rua. Nem na editora, nem em lugar algum.
— A senhora está vendo que o taxímetro está correndo?
— Sim! — Eu queria só dar uma olhada. Só ter certeza de que não havia nenhum movimento a noite. Então agora devia partir.
— É que têm uns vinte minutos que estamos aqui, parados. A senhora disse que alguém a viria encontrar e nada.
— O senhor está com mais medo que eu. — Disse sem pensar.
— Então a senhora admite que tenha algo errado? Moça a senhora vai ter que descer. Vamos lá, a senhora pode me dar só o dinheiro da corrida, nem precisa me pagar essa espera. Mas agora desce que eu preciso ir embora.
— O senhor vai ter coragem de me deixar aqui no escuro? Sozinha?
— Quando a senhora quiser voltar chama um taxi novamente. — O meu self um dizia que eu tinha que ir embora! Sair dali naquele momento com o taxista e esperar que a polícia entrasse em ação, ou o Bento entrasse em contato. Mas meu self dois, dizia que eu não podia sair dali, que eu seria capaz de encontrar nem que fosse uma pista, deixada passar despercebida pela polícia ou por homens. Homens são assim... Eles deixam passar detalhes que nós mulheres somos capazes de ver. Sentir. Pressentir. Tirei o dinheiro da bolsa e o paguei. E desci. Depois que ele se foi, me arrependi amargamente. Mas agora não tinha volta. A rua estava deserta. Eu caminhei até a porta da editora e olhei para dentro. Estava tudo escuro.
Dei a volta e olhei pelo portão pequeno. Empurrei e nada. Claro que não seria fácil! Então eu me lembrei de que a moça da recepção havia falado sobre a porta do banheiro dar na garagem e a garagem ficava na parte de baixo. Eu teria que dar a volta na rua de baixo.
E assim eu fiz!
Na esquina, haviam alguns motoqueiros sentados, mas nada disseram. Estávamos de frente a uma lanchonete. Ali era um pouco mais movimentado. Eu apenas abaixei a cabeça e segui. Quando parei diante da garagem, havia uma placa "sujeita a guincho". "Editoras Belas Palavras".
Eu passei direto, olhando para dentro, precisava ver ser havia alguém. Mas estava tudo escuro, mas para minha sorte ou azar, havia um portão grande, e ao lado um portão mal feito de latão. Coisa antiga. Gente... Isso nem usava mais. Empurrei para ver. E a lata cedeu.
— Meu Deus! — Levei a mão à barriga protegendo-a. — Que loucura Sofia! — Me lembrei de que na infância o Mark queria brincar de subir nas árvores e o Liam sempre cauteloso me impedia de fazer as loucuras. E para quê? Agora que eu precisava de todo os cuidados eu desobedecia todas as ordens e recomendações possíveis. Abaixei-me um pouco, e de repente eu estava dentro.
Sorri vitoriosa. Como se tivesse conseguido o maior feito de minha vida.
Do portão até a porta do galpão foi fácil. Havia um carro na garagem e bem certo que a pessoa não demoraria, porque a porta do passageiro do lado de traz estava mal fechada.
Assim que empurrei a porta, ouvi som de vozes e me assustei. Eu era medrosa demais para me arriscar em uma aventura de tal porte sozinha. Voltei até o carro e levei a mão à maçaneta, e parei. Poderia disparar o alarme.
— Pensa Sofia! — Tanto pensei que me deu vontade de fazer xixi. Eu voltei correndo, desci as escadas e me escondi atrás de algumas caixas. O bebê não sabe esperar momento certo.
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Todos os caminhos me levam até você!
RomansNem sempre existe uma terceira pessoa ao fim de um relacionamento. Talvez o que exista sejam sonhos antigos. Deuses ultrapassados, aos quais nos apegamos. Príncipes que jamais existiram, mas que sempre nos impediram de ver nossas possibilidades em n...