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Sofia,

O olhar de perplexidade do tanto do Mark, quanto do rapaz que o olhava arrependido do ato que acabava de praticar dava a entender que aquilo era muito novo para os dois. Eu não era idiota.

─ O que eu fiz? ─ O pobre levou as mãos à cabeça e se abaixou chorando. ─ O que eu fiz meu Deus? ─ Mas era tarde! Eram muitos os fleshs e fotogragos e celulares em volta.

O Mark, olhava para o rapaz abaixado ao chão sem esboçar nenhuma reação. E eu nem percebi que alguém se aproximava e empurrava o Liam.

─ Eu sabia! Quando eu vi você aqui D'Angelis, esperava por alguma desgraça.

─ Deixa Bento! ─ Foi a primeira manifestação do Mark. As lágrimas corriam em seu rosto.

─ Mark, isso não pode ficar assim, tenho certeza que... ─ Ele bateu a mão no ombro do rapaz que chamara de Bento.

─ Pior que viver com a verdade é encarar a própria consciência Bento. Conviver com ela todos os dias. ─ Mark passou por nós, sem ao menos olhar em mim. Ele devia estar pensando que eu estava junto do irmão naquilo tudo e eu não estava. Precisava saber. Sai correndo atrás dele. Mas alguns dos homens ali, me impediram de sair. Eu tive quase certeza que fizeram uma barreira de propósito. E quando cheguei do lado de fora, ele já tinha partido. Com certeza ficaria sumido durante um tempo e depois... Depois voltaria.

Porém eu não queria correr o risco. Ao longe avistei o amigo dele. Corri até lá, não dava para esperar o Liam sair.

─ Bento! ─ Ele se virou e fingiu não me ouvir. ─ Bento, por favor, me leva para casa. Eu preciso ver o Mark.

─ Se for para massacrá-lo mais que já fizeram...

─ Por favor! ─ Ele entendeu minha aflição e me levou até lá.

Mal o carro havia parado eu desci e corri portão à dentro, sem me preocupar com o escuro, ou com o barulho que meus sapatos faziam quando entrei na casa. Subi as escadas, e entrei no quarto. Ele não estava no banheiro. Nem no quarto. Fui até o closet e lá estava. De costas estava, e assim permaneceu, dobrando as roupas e colocando na mala.

─ Vai embora de casa?

─ Casa Sofia? Casa não é um lugar onde vivem conspirando contra você. Casa é um lugar para onde você volta porque existem pessoas que te amam e te esperam. Pessoas que partilham suas alegrias e tristezas. Vitórias, derrotas. Não estava mais chorando, mas estava triste. Eu passei tantos anos com o Mark que ali, o vendo tão de perto, me dei conta que o conhecia mais que a mim mesmo. ─ E o que eu sou nesse lugar?

─ Você não é gay Mark. ─ Ele se virou e me olhou assustando. Deu um sorriso amargo, e fez de tudo para segurar as lágrimas.

─ Não ouviu meu irmão? Não viu o que ele te levou para ver ainda a pouco? ─ Eu vi! Eu ouvi. E vi o olhar dele de assustado. Aproximei-me. E toquei seu rosto.

─ É?

─ Porque acha que sou hétero? ─ Agora eu não achava, tinha certeza. Ele fechou os olhos e sentia o toque de meus dedos em seu rosto.

─ Porque o dia que te beijei sua reação foi totalmente contrária. Você retribuiu. Em nenhum instante me afastou de você.

─ Mas hoje mandei você de volta ao Liam.

─ Porque achava que eu pertencia à ele.

─ Ainda acho. ─ Me aproximei ainda mais, e ficando na ponta dos pés passei meu rosto no seu.

Todos os caminhos me levam até você!Onde histórias criam vida. Descubra agora